O reitor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) que estava afastado, Luiz Carlos Cancellier, foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira (2) em um shopping no Centro de Florianópolis. Inicialmente a polícia trabalha com a hipótese de suicídio. Ele teria se jogado do último andar de shopping e deixado um bilhete que já está em mãos do delegado Ênio de Mattos, da Delegacia de Homicídios, que ainda não revelou o conteúdo. 

A polícia encontrou a CNH de Cancellier junto ao corpo, por volta das 10h30. O IML(Instituto Médico Legal) esteve no local para os procedimentos legais. O irmão dele e outros familiares também estiveram no local logo após o incidente. O corpo já ou pelos exames de identificação e necrópsia e foi liberado. O velório será realizado na reitoria e está previsto para começar no fim da tarde. O sepultamento está marcado para esta terça (3), às 16h, no cemitério Jardim da Paz.

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A UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) emitiu uma nota informando que  as pró-reitorias e secretarias da istração Central paralisaram as atividades a partir das 11h. As aulas estão suspensas até quinta-feira.

O Beiramar Shopping enviou uma nota à imprensa confirmando a ocorrência. “É com pesar que o Beiramar Shopping confirma a ocorrência de um suicídio na manhã desta segunda-feira. Segundo boletim divulgado pela Polícia Militar, confirma-se a identidade da vítima, sendo o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier”, diz a nota.

Nas últimas semanas seu nome esteve envolvido em uma série de investigações da Polícia Federal sobre supostos desvios no programa de ensino à distância da universidade. Ele chegou a ser preso, junto com outras seis pessoas, na operação Ouvidos Moucos.

Ele estava afastado e impedido de entrar na UFSC, mas uma decisão judicial havia autorizado a entrada dele no campus nesta quinta-feira (5) para avaliar orientandos em cursos de mestrado e doutorado.

Na última quinta-feira, ele publicou um artigo no jornal “O Globo”, do Rio, em que fala sobre “a humilhação e o vexame” a que foi submetido e afirmou que a situação “não tem precedentes na história da instituição”. Reclamou ainda de ter a vida “devassada” e a “honra associada a uma ‘quadrilha’”.

A Polícia Federal informou que não vai se manifestar sobre o ocorrido. Sobre o inquérito da Operação Ouvidos Moucos, afirmou que as investigações continuam por envolver outras pessoas.

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Natural de Tubarão, Luis Carlos Cancellier de Olivo foi empossado reitor da UFSC em maio de 2016 para a gestão de 2016 a 2020. Ele também foi membro do Conselho Editorial da EdUFSC de 2009 a 2013, chefiou o departamento de Direito da UFSC de 2009 a 2011 e presidiu a Fundação José Arthur Boiteux entre 2009 e 2010.

A prefeitura de Tubarão decretou luto oficial de três dias no município em pesar pela morte do reitor. O decreto, assinado pelo prefeito Joares Carlos Ponticelli  destaca a “expressão dele na sociedade tubaronense em virtude dos serviços prestados na área educacional”. 

O governo do Estado lamentou o ocorrido e publicou nota oficial: “O Governo do Estado lamenta o falecimento do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, ocorrida na manhã desta segunda-feira, 2, em Florianópolis, e manifesta solidariedade à família e aos amigos do reitor e à toda a comunidade profissional da universidade catarinense.”

Em Florianópolis, o prefeito Gean Loureiro também decretou luto oficial por três dias. Gean lamentou a perda do reitor e se solidariza com a família e amigos.O decreto ressalta “os inestimáveis serviços prestados ao município” e o trabalho do reitor que contribuiu para o desenvolvimento da cidade.

O departamento de Jornalismo da UFSC emitiu nota de pesar afirmando que “os acontecimentos das últimas semanas desafiam a UFSC a reencontrar seus caminhos e sua condição original de reconhecimento social”. “Que o trágico amento do reitor seja tratado e noticiado com justiça e respeito, valores que merece todo aquele que ajuda a construir um bem comum como a universidade”, encerra a publicação.

A OAB SC também decretou luto oficial por três dias e lamentou a morte trágica do reitor. “É chegada a hora da sociedade brasileira e da comunidade jurídica debaterem seriamente a forma espetacular e midiática como são realizadas as prisões provisórias no Brasil, antes sequer da ouvida dos envolvidos, que dirá sua defesa. Reputações construídas duramente ao longo de anos de trabalho e sacrifícios podem ser completamente destruídas numa unica manchete de jornal. Para pessoas inocentes, o prejuízo é irreparável. Cabe-lhes a vergonha, a dor, o sentimento de injustiça. O peso destes sentimentos pode ser inável. Aos familiares e amigos do Prof. Cancelier, nossas sinceras condolências.”, afirma a nota enviada à imprensa. 

A Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) também emitiu nota lamentando o ocorrido e afirmando que acompanha com “absoluta indignação e inconformismo o modo como foi tratado por autoridades públicas o Reitor Cancellier, ante um processo de apuração de atos istrativos, ainda em andamento e sem juízo formado”. Confira a nota na íntegra:

“A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), profundamente consternada, comunica o trágico falecimento do Prof. Dr. Luiz Carlos Cancellier, Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, ocorrido na manhã desta segunda-feira. O sentimento de pesar compartilhado por todos/as os/as reitores/as das universidades públicas federais, neste momento, é acompanhado de absoluta indignação e inconformismo com o modo como foi tratado por autoridades públicas o Reitor Cancellier, ante um processo de apuração de atos istrativos, ainda em andamento e sem juízo formado. É inaceitável que pessoas de bem, investidas de responsabilidades públicas de enorme repercussão social tenham a sua honra destroçada em razão da atuação desmedida do aparato estatal. É inissível que o país continue tolerando práticas de um Estado policial, em que os direitos mais fundamentais dos cidadãos são postos de lado em nome de um moralismo espetacular. É igualmente intolerável a campanha que os adversários das universidades públicas brasileiras hoje travam, desqualificando suas realizações e seus gestores, como justificativa para suprimir o direito dos cidadãos à educação pública e gratuita. Infelizmente, todos esses fatos se juntam na tragédia que hoje temos que enfrentar com a perda de um dirigente que por muitos anos serviu à causa pública. A ANDIFES manifesta a sua solidariedade aos familiares e amigos do Reitor Cancellier e continuará lutando pelo respeito devido às universidades públicas federais, patrimônio de toda a sociedade brasileira.

Brasília, 02 de outubro de 2017.”

A Procuradoria Geral do Estado também se manifestou quanto à morte do ex-reitor. Em nota, o Procurador Geral João dos os Martins Neto afirmou que a “morte de Cancellier enluta Santa Catarina pela perda de um de seus filhos mais ilustres, um homem digno, de poucas posses, que devotou os últimos anos de sua rica trajetória profissional à nobre causa do ensino, da pesquisa e da extensão universitárias”. “As informações disponíveis indicam que Cancellier padeceu sob o abuso de autoridade, seja em relação ao decreto de prisão temporária contra si expedido, seja em relação à imposição de afastamento do exercício do mandato, causas eficientes do dano psicológico que o levaram a tirar a própria vida”, escreveu Martins Neto.

A ACI (Associação Catarinense de Imprensa) se pronunciou sobre o ocorrido nesta terça, lamentando a tragédia e relatando que o “acontecimento entristece a todos e deixa enlutados os colegas do homem que ao longo da vida deu inúmeras provas de companheirismo e apoio às causas da liberdade de expressão, do bom jornalismo e da educação”.

A Udesc também divulgou uma nota sobre a morte de Cancellier, se solidarizando com a família e com a comunidade acadêmica da universidade federal. “Que esse momento de dor também seja de reflexão frente aos acontecimentos”, divulgou a instituição.

O CRUB (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras) emitiu uma nota de pesar e informou que os “Reitores deste Colegiado lamentam o ocorrido e oferecem aos familiares as suas mais sinceras condolências, bem como os mais estimados préstimos por tão grande perda”. Já a ABRUC (Associação Brasileira das Universidades Comunitárias) lamentou o ocorrido e enviou “sentimentos de solidariedade e profundo respeito” aos familiares e à comunidade acadêmica da UFSC. O FORPROEX (Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras) manifestou o pesar pela morte do ex-reitor.

O CREA/SC (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina), a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis) também se manifestaram e emitiram condolências e pesares.