Cancellier voltaria à UFSC para orientações na quinta-feira; reitor desabafou para jornal 1k235l

Uma decisão judicial tinha autorizado o reitor da UFSC, Luis Carlos Cancellier, a entrar no campus nesta quinta-feira. Seria das 15h às 17h30, para avaliar orientandos em cursos de mestrado e doutorado. Cancellier chegou a ser preso – junto com outras seis pessoas – na operação que investiga supostos desvios no programa de ensino à distância. O reitor estava afastado do cargo e impedido de entrar na UFSC. Na manhã desta segunda-feira (2), Cancellier foi encontrado morto em um shopping de Florianópolis.

Um artigo do reitor foi publicado na última quinta-feira, pelo jornal “O Globo”, do Rio. Nele, Cancellier expressou que “a humilhação e o vexame” a que foram submetidos “não tem precedentes na história da instituição”. Reclamou de ter a vida “devassada” e a “honra associada a uma ‘quadrilha’”. Em pelo menos dois momentos, destacou a qualidade da UFSC.

Cancellier resgatou sua trajetória acadêmica e defendeu como característica o “princípio da mediação”. Assim, diz que “ser conduzido nas condições em que ocorreu” deixou-o “perplexo e amedrontado”. O reitor alerta para a “fragilidade das acusações” contra ele e é taxativo: “não adotamos qualquer atitude para abafar ou obstruir a apuração da denúncia”.

Encerra citando a UFSC como responsável por “quase 100% do aprimoramento e do desenvolvimento” catarinense, classificando a instituição como “muito mais forte do que qualquer outro acontecimento”.

Luís Carlos Cancellier de Olivo, reitor da UFSC, foi preso pela PF nesta quinta - Flávio Tin/ND
Luís Carlos Cancellier de Olivo, reitor da UFSC – Flávio Tin/ND

Leia o artigo na íntegra

“Reitor exilado

Não adotamos qualquer atitude para obstruir apuração da denúncia

A humilhação e o vexame a que fomos submetidos — eu e outros colegas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) — há uma semana não tem precedentes na história da instituição. No mesmo período em que fomos presos, levados ao complexo penitenciário, despidos de nossas vestes e encarcerados, paradoxalmente a universidade que comando desde maio de 2016 foi reconhecida como a sexta melhor instituição federal de ensino superior brasileira; avaliada com vários cursos de excelência em pós-graduação pela Capes e homenageada pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Nos últimos dias tivemos nossas vidas devassadas e nossa honra associada a uma “quadrilha”, acusada de desviar R$ 80 milhões. E impedidos, mesmo após libertados, de entrar na universidade. 

Quando assumimos, em maio de 2016, para mandato de quatro anos, uma de nossas mensagens mais marcantes sempre foi a da harmonia, do diálogo, do reconhecimento das diferenças. Dizíamos a quem quisesse ouvir que, “na UFSC, tem diversidade!”. A primeira reação, portanto, ao ser conduzido de minha casa para a Polícia Federal, acusado de obstrução de uma investigação, foi de surpresa. 

Ao longo de minha trajetória como estudante de Direito (graduação, mestrado e doutorado), depois docente, chefe do departamento, diretor do Centro de Ciências Jurídicas e, afortunadamente, reitor, sempre exerci minhas atividades tendo como princípio a mediação e a resolução de conflitos com respeito ao outro, levando a empatia ao limite extremo da compreensão e da tolerância. Portanto, ser conduzido nas condições em que ocorreu a prisão deixou-me ainda perplexo e amedrontado. 

Para além das incontáveis manifestações de apoio, de amigos e de desconhecidos, e da união indissolúvel de uma equipe absolutamente solidária, conforta-me saber que a fragilidade das acusações que sobre mim pesam não subsiste à mínima capacidade de enxergar o que está por trás do equivocado processo que nos levou ao cárcere. Uma investigação interna que não nos ouviu; um processo baseado em depoimentos que não permitiram o contraditório e a ampla defesa; informações seletivas readas à PF; sonegação de informações fundamentais ao pleno entendimento do que se ava; e a atribuição, a uma gestão que recém completou um ano, de denúncias relativas a período anterior. 

Não adotamos qualquer atitude para abafar ou obstruir a apuração da denúncia. Agimos, isso sim, como gestores responsáveis, sempre acompanhados pela Procuradoria da UFSC. Mantivemos, com frequência, contatos com representantes da Controladoria-Geral da União e do Tribunal de Contas da União. Estávamos no caminho certo, com orientação jurídica e istrativa. O reitor não toma nenhuma decisão de maneira isolada. Tudo é colegiado, ou seja, tem a participação de outros organismos. E reitero: a universidade sempre teve e vai continuar tendo todo interesse em esclarecer a questão. 

De todo este episódio que ganhou repercussão nacional, a principal lição é que devemos ter mais orgulho ainda da UFSC. Ela é responsável por quase 100% do aprimoramento da indústria, dos serviços e do desenvolvimento do estado, em todas as regiões. Faz pesquisa de ponta, ensino de qualidade e extensão comprometida com a sociedade. É, tenho certeza, muito mais forte do qualquer outro acontecimento. 

Luiz Carlos Cancellier de Olivo é reitor da UFSC, afastado por decisão judicial”

Atualizado às 12h de segunda-feira.

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Jornalista Paulo Alceu 4ru24

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