Observar o mundo ao redor e o funcionamento da natureza pode parecer uma tarefa simples. Entretanto, ainda há muito o que aprender com os animais. Responsáveis por manter o equilíbrio no planeta, seja pela cadeia alimentar ou nas atividades que desenvolvem ao longo da vida, cada abelha é reconhecida por uma característica, incluindo inteligência, velocidade e até mesmo proteção.

Entretanto, você já parou para pensar na ligação entre as abelhas e a matemática? Mesmo que a polinização e a produção de mel sejam os feitos mais conhecidos, na Escola Municipal Bernardo Tank a relação com os insetos vai além — aqui elas são protagonistas nas aulas de matemática.
A ideia da professora Andreza Faria Malewschik surgiu durante uma conversa com o marido. O o seguinte foi conhecer o trabalho da Apiville (Associação dos Apicultores e Meliponicultores de ville). Em seguida, o Projeto Abelha na Escola ou a fazer parte dos encontros, levando para a sala a contribuição das colmeias.
Mas como é essa aproximação entre os números e as abelhas? Na turma do sexto ano, a relação está sendo trabalhada por meio de problemas matemáticos que são criados pelos alunos. É durante a resolução que os estudantes aprendem sobre as abelhas, o tipo de cada espécie, formas de reprodução, hierarquia e importância para a sobrevivência do ser humano.
Além de resolver as contas, a professora também inclui na rotina uma caixa didática, objeto que facilita o entendimento das formas geométricas.
”Comecei algum tempo atrás trabalhando a questão das curiosidades para eles pesquisarem sobre as abelhas. Para muitos deles é novidade, eles não sabiam que existem abelhas sem ferrão, alguns têm receio, têm medo”, conta a professora. Mesmo que o projeto tenha ganhado os números neste ano, a participação das abelhas na unidade já existia em 2022.
O segredo é trabalhar a criatividade e as interações. “Eles ainda estão no processo de elaborar problemas (matemáticos) com as curiosidades que eles mesmos pesquisaram. Dentro do projeto também estudamos as formas geométricas”, conta a educadora.
Para quem está na outra ponta, a nova forma de apresentar o conteúdo foi uma maneira de compreender os cálculos e bases da matemática. “É que inova, faz uma coisa diferente. Porque é sempre só número”, explica Caio Stuhler Budal Arins, 12, aluno do sexto ano na unidade.
Meliponários nas escolas 1uu31

Para incluir os insetos no cotidiano das turmas e explicar o funcionamento de cada espécie, existe um processo que deve ser seguido. Com o objetivo de promover a criação racional, cultivando a importância, o respeito e a preservação, o Projeto Abelha na Escola é uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação de ville, o Núcleo de Educação Ambiental e a Apiville.
O núcleo é o responsável por acompanhar o que está sendo desenvolvido em cada escola, verificando os trabalhos, necessidades e demandas, além de contribuir com a participação do estudante e a formação do professor. Entretanto, antes de colocar a mão na massa, os envolvidos am por uma formação técnica com os apicultores Antônio Carlos Xavier e Adeniso Dalla Costa, que fazem parte da associação.
Durante 12 meses, os envolvidos têm o acompanhamento dos especialistas, levando em consideração a forma correta de realizar o manejo e a convivência com as abelhas.
É após o teórico que os professores ficam responsáveis por pensar em projetos pedagógicos capazes de abordar a vida dos bichos, unindo a realidade em sala de aula. Na Educação Infantil, por exemplo, o desafio é pensar em abordagens compatíveis com todos os anos. Para fazer parte do projeto, basta entrar em contato com o Núcleo de Educação Ambiental.
Curiosidades sobre as abelhas sem ferrão 2r265k

Se você já assistiu ao filme “Bee Movie” deve ter conhecido como é a rotina dentro de uma colmeia. Apesar de ser uma animação infantil, o longa-metragem representa a realidade dentro deste mundo animal: uma sociedade complexa formada apenas por abelhas.
Assim como no filme, cada abelhinha possui uma função para manter a sua comunidade em funcionamento. Dentro de uma colmeia há abelhas de três classes: rainha, operária e zangão. Apenas um inseto assume o reinado de seu grupo. Esta líder é responsável por manter a ordem social e pela postura de ovos fertilizados.
Já no trabalho diário, o número é muito maior, contando com centenas – ou até milhares – de abelhas. São elas que fazem a limpeza, coletam o néctar, produzem geléia real e defendem a sua colônia. Apesar das diversas funções das operárias, o papel de seu colega de colmeia é reduzido a somente um: os zangões são responsáveis apenas pela reprodução.
Embora os pequenos insetos possam causar medo em muitas pessoas, as abelhas nativas do Brasil são todas de espécies sem ferrão. Com uma média de mil a cinco mil indivíduos por colmeia, além da produção de mel, estes animais desempenham atividades que mantêm todo um ecossistema funcionando.
A polinização entre as flores permite a fecundação das espécies e a produção de sementes. Assim, os biomas permanecem vivos, e alimentos do nosso cotidiano, como frutas e grãos, continuam sendo produzidos.
“A polinização é o bem maior que a abelha traz pra humanidade. Sem abelha, sem humanidade no futuro. Então elas são muito importantes, como excelentes polinizadores, e precisam ser protegidas e cuidadas”, comenta o apicultor Antônio. No nosso país, existem cerca de 250 tipos de abelhas sem ferrão.
Conheça as peculiaridades sobre as três espécies que vivem na Bernardo Tank:
1. Jataí 3x6m1n
Uma das abelhas sem ferrões mais conhecidas, as jataís estão presentes em todo o país e se destacam por sua capacidade de adaptação. Seja em regiões de floresta ou em cidades grandes, o animalzinho pode criar seu ninho em qualquer lugar.
Com tamanho médio de 4 a 5 mm, os insetos são considerados os mais limpos dentre todas as espécies sem ferrão e trabalham apenas quando a temperatura está acima de 22º.
O mel produzido por elas possui diversos benefícios, sendo considerado um antibiótico natural. Por conter enzimas, o alimento pode amenizar sintomas de gripe e sinusite e até mesmo auxiliar na prevenção de cataratas.
2. Mirim Droryana 5f94f
Conhecidas por sua mansidão, as abelhas mirins medem 3 mm de comprimento e possuem um corpo escuro com algumas manchinhas amarelas. Diferente das jataís, essa classe prefere lugares específicos para construir seus ninhos: ocos de árvores ou buracos em ambientes rochosos – até mesmo em muros.
Uma característica que difere as droryanas é o fato da rainha fazer uma pausa na postura durante os períodos mais frios do ano. A tática é uma maneira de garantir que haja alimento suficiente ao longo do inverno. Estas abelhas não são conhecidas por seu mel, já que produzem apenas o suficiente para alimentar a sua colônia.
3. Mandaçaia 2c4r3g
Com uma característica única, as mandaçaias podem medir entre 10 e 11 mm e são cobertas por uma coloração preta em grande parte de sua estrutura, com algumas faixas amarelas no abdômen que dão um toque especial no corpinho das abelhas.
Já que são insetos maiores comparado às outras duas espécies, os ninhos – construídos em árvores ocas – também possuem um tamanho superior e são capazes de armazenar uma quantidade significativa de mel, que pode ser utilizado em remédios caseiros.
Outro diferencial é que as operárias e os zangões podem ter maiores atribuições que em outras classes. As operárias são capazes de realizar a postura antes ou após a rainha. Já os machos podem exercer funções além da reprodução, como a desidratação do néctar.
Os insetinhos, apesar de mansos, são capazes de proteger a colônia fortemente, já que podem repelir os intrusos fazendo movimentos intensos ao seu redor e até mesmo mordiscando os seus adversários.
Perigo de extinção das abelhas 1u673n

Nos últimos anos, devido às atividades humanas, as milhares de espécies da ordem Hymenoptera estão correndo o risco de entrar em extinção. Diversos motivos levaram a essa situação, desde poluição e alterações climáticas até agrotóxicos agressivos ao ambiente. A falta desses bichinhos no mundo causaria consequências catastróficas, podendo levar ao colapso dos ecossistemas.
É pensando nessa conscientização que o projeto atua ofertando essa experiência às crianças. “E assim, elas tendo conhecimento, podem até criar no futuro essas abelhas, ou ajudar na conservação […] Alguém tem que fazer alguma coisa, e ninguém preserva o que não conhece. Esse é o nosso objetivo”, afirma Antônio.
Além deste entendimento, as unidades que acolhem as abelhas estarão contribuindo com a comunidade escolar. “Toda a região da escola que recebe ela é beneficiada com a polinização de frutos; essas colmeias no futuro vão liberar outras colmeias, novas famílias para a natureza, isso vai enriquecer o meio ambiente.”