Referência mundial no vôlei como atleta, dirigente e, agora, como técnico da seleção brasileira masculina, Renan Dal Zotto, tem a missão de manter o país na liderança do ranking mundial. Assim, o objetivo do ex-diretor de seleções da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) é melhorar sempre. Após o vice-campeonato da Liga Mundial para a França, a seleção está com a agenda cheia até o mês de setembro. O próximo compromisso é o Sul-Americano, de 7 a 11 de agosto, no Chile, que garante classificação para o Mundial 2018. Na sequência, a seleção faz quatro amistosos com os Estados Unidos e, em setembro, disputa a Copa dos Campeões no Japão.
Renan foi atleta dos 11 aos 33 anos de idade, e vestiu a camisa da seleção durante 13 anos. Ele recebeu o título de melhor jogador de voleibol do século 20 e criou o conhecido “saque viagem”. Neste novo desafio, ele revelou ao ND a sua expectativa à frente do time nacional, sobre a renovação do elenco, a convivência com os atletas e a relação com Florianópolis. O gaúcho, de São Leopoldo, completa 57 anos no próximo dia 19 ao lado da esposa Annalisa Blando e dos filhos Gianluca e Enzo.

ND – Qual o seu objetivo como técnico da seleção brasileira?
Renan Dal Zotto – “Meu objetivo como treinador é fazer que o Brasil continue vencendo. Esse é o nosso maior propósito. O Brasil é líder do ranking mundial há 13 anos e esse é o maior legado que a geração do Bernardo deixou. O que quer dizer isso? O Brasil continua sem vencer a Liga Mundial desde 2010, mas ele está sempre no pódio, entre os melhores. As outras seleções oscilam muito e, por isso, queremos ganhar o maior número de competições possíveis”.
Como foi a primeira experiência à frente da seleção?
“Chegamos muito perto. Acho que o saldo foi positivo. A França foi a primeira na fase classificatória e o Brasil foi o segundo e, apesar de sediarmos a fase final e termos a vaga assegurada, os atletas conquistaram a vaga pelo mérito e nada mais justo. A Liga Mundial é uma competição muito equilibrada e lamento não ter vencido, porque foi uma diferença tão pequena”.
Qual foi aprendizado com o vice-campeonato?
“No vôlei tem um ditado que mesmo na derrota você ganha, desde que tire um aprendizado. E é o que esta sendo feito. Estamos fazendo os relatórios e pensando aonde foi que deixamos escapar alguma coisa para melhorar sempre. Esse é o conceito do voleibol, melhorar sempre. Muita gente treina para ganhar, a gente treina para melhorar e, depois, é uma consequência do trabalho, do dia a dia”.
Como está o processo de renovação da seleção?
“Depois que a acaba um período olímpico é natural você pensar em um novo ciclo de quatro ou oito anos. Nesta Liga Mundial já começamos a dar oportunidade a alguns jogadores, que foram convocados pela primeira vez, mas a base ainda foi da Olimpíada de 2016. Mas a partir de agora começamos a pensar a médio e a longo prazo.”
Como será o processo de transição?
“É um grupo bom, legal, mas infelizmente alguns atletas estão deixando a seleção. O Serginho é um deles, por decisão dele. Ele vai deixar um buraco grande, pela pessoa e pelo caráter. E alguns jogadores mais velhos, a gente vai dar um tempo para eles para dar espaço aos mais novos. Temos duas competições importantes neste ciclo que é o Mundial de 2018 e a Olimpíada em 2020. Nosso trabalho é formar para lá e abrir espaço para a garotada. Este também é o ano de mundial da base e está acontecendo uma renovação interessante”.
Como é o técnico Renan ao lado da quadra?
“Gosto de estar participando o tempo todo, porque é a forma que tenho de me manter calmo e concentrado. É justamente extravasando, vibrando. Todo mundo tem uma maneira de se concentrar e a minha é estar ali vibrando e vivenciando cada ponto”.
Como controlar o ego de atletas da seleção brasileira?
“Toda a experiência que tive como atleta, treinador, na área da gestão e depois como diretor de seleções deu uma base para a gestão de pessoas, que é o diferencial. Tive o convívio com esses atletas no dia a dia. A experiência é importante quando se fala em seleção, que reúne atletas jovens e consagrados. É primeiro pré-requisito é o conhecimento da modalidade, mas tão importante quando é a gestão de pessoas”.
Na seleção, o técnico tem tempo para trabalhar com os atletas?
“Sete meses são dos clubes e o resto é com a seleção brasileira. Agora tivemos um tempo curto, onde treinamos apenas duas semanas para a Liga Mundial. Mas voltaremos a nos reapresentar nesta segunda-feira (17), porque teremos agora o Campeonato Sul-Americano, que assegura vaga no Mundial de 2018, quatro amistosos com os Estados Unidos e a Copa dos Campeões. A partir de agora teremos um tempo bacana de convivência”.
E a sua relação com Florianópolis?
“Tenho residência aqui há 28 anos, desde quando casei. E decidimos morar aqui e a minha relação é maravilhosa com Santa Catarina. Participei de dois projetos bacanas em Florianópolis, com a Unisul e a Cimed. Tive a oportunidade de trabalhar como treinador em Chapecó (Frigorífico Chapecó). É aqui que a gente quer ficar para sempre, se tudo der certo. E sempre tentando fomentar o voleibol na região, com o desenvolvimento de equipes, mas a situação não está fácil.”