Alerta de choque de realidade: essa quinta-feira (11) marca os 20 anos do bicampeonato do ídolo mundial, o catarinense Gustavo Kuerten, o Guga, em Roland Garros. Foi em junho de 2000 que o manezinho mais famoso do planeta bateu o sueco Magnus Norman e levantou seu segundo troféu em Paris (FRA). Há quem defenda que, apesar de ser menos “lembrado” que as outras conquistas no saibro francês, a segunda taça do Grand Slam chancelou a carreira de Guga que ascendeu ainda mais rumo ao topo do mundo.

Afora essa ideia de que estamos ficando mais velhos – e de fato estamos – lá se vão duas décadas de uma das principais conquistas da carreira de Guga. E quem definiu dessa maneira foi o próprio ex-tenista que, em entrevista coletiva concedida de maneira virtual no início da semana, elegeu o bicampeonato como o mais “difícil” dos três.
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“Foi o mais difícil [Roland Garros] dos três. O primeiro teve a casualidade a própria espontaneidade, depois bater na trave em 99 onde eu era favoritíssimo e, voltar e sentir na pele o tamanho do torneio. Os adversários também, todos os mais duros que poderíamos ter na ocasião”, relembrou o ídolo.
Kuerten, ao justificar, até lembrou que o segundo título ganhou um caráter mais “oculto” em relação aos outros dois já que, em 1997 o catarinense surpreendeu o planeta e, em 2001, fez história por chegar ao tricampeonato e comemorar dentro de um coração desenhado no saibro.
“Quando vem o segundo título eu me estabeleço em um outro padrão como jogador”, acrescentou.
Dificuldade em russo 653b40
Ainda que não tenha sido questionado, Guga resumiu toda a dificuldade no torneio ao relembrar o duelo contra o russo Yeveny Kafelnikov como o mais “duro”. O duelo marcou as quartas de final do torneio e, para Guga, em dado momento o jogo chegou a estar perdido. O brasileiro teve que reverter uma desvantagem de 2 a 1 para vencer e encarar o espanhol Juan Carlos Ferrero, na semi.
“Eu vi o replay esses dias e o jogo estava perdido, aí uma bolinha que ele errou, outra que eu acertei e, daqui a pouco, eu achei um espaço para vencer ele. Mas foi o jogo mais difícil de todos, seguramente”, pontuou.
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O primeiro desafio naquele ano 2000 foi contra o sueco Andreas Vinciguerra. Guga chegou a vencer os dois primeiros sets por 6/0 até que o sueco conseguiu fazer alguns games e o placar terminou 6/0 6/0 6/3. Na segunda rodada, Guga venceu o argentino Marcelo Charpentier, na quadra 2 de Roland Garros, com o argentino jogando de cabelos pintados de rosa. A vitória foi por 7/5 6/2 6/2.
Na terceira rodada o adversário foi o já quase veterano na época e hoje técnico de Kei Nishikori, Michael Chang, que havia vencido Roland Garros em 1989. Guga derrotou o americano por 6/3 6/7 6/1 6/4.
Nas oitavas-de-final, já na segunda semana do torneio, Guga teve que ar pelo amigo, o equatoriano Nicolas Lapentti, por 6/3 6/4 7/6.
Vieram as quartas-de-final e o adversário, assim como em 1997, era o russo Yevgeny Kafelnikov. Campeão em 1996, Kafelnikov, quarto do mundo, chegou a liderar a partida por 2 sets a 1, mas Guga virou o jogo e ou à semi, ganhando por 6/3 3/6 4/6 6/4 6/2.
O adversário da semi era o jovem espanhol Juan Carlos Ferrero, que assim como Kafelnikov chegou a ter 2 sets a 1, mas o brasileiro mais uma vez virou o jogo. Venceu por 7/5 4/6 2/6 6/4 6/3 e estava na final de Roland Garros pela segunda vez na carreira.
A final contra Magnus Norman, um dos principais adversários da temporada, começou completamente favorável a Guga. Ele vencia por 6/2 6/3 2/6 e Norman sacava em 4/5 30/40 – Match Point. Guga já comemorava a vitória quando o juiz deu uma bola de Norman dentro e o jogo se estendeu por mais 43 minutos, até o 7/6 (6), com Guga fechando a vitória e conquistando o segundo título em Roland Garros no match point número 11. Resultado: Gustavo Kuerten (BRA) v. Magnus Norman (SWE) 6/2, 6/3, 2/6 e 7/6(6)
Problema com as raquetes 2d4r1b
Ainda em fevereiro, no ano 2000, Gustavo Kuerten conquistou o primeiro título da temporada ao vencer o ATP de Santiago, no Chile, sem perder um set sequer. Porém, tinha algo que o incomodava antes mesmo daquela vitória: as novas raquetes da Head, sua patrocinadora. Com uma haste a mais na cabeça da raquete, Guga sentia dificuldades em dar mais spin (efeito) na bola, como gostava de jogar no saibro, empurrando ela para o fundo da quadra.
Segundo o manezinho, a nova raquete fazia com que os golpes saíssem mais ‘chapados’. Nesse meio tempo, fizeram um pedido à patrocinadora para que produzissem novas raquetes, no mesmo molde das antigas. Porém, a Head precisava de mais tempo. A decisão de Guga foi inusitada: levar suas duas únicas raquetes mais velhas para a temporada de saibro na Europa. Mas, chegando para treinar para o Roland Garros, Guga foi surpreendido com a entrega de novas raquetes, no estilo que ele gostava. Então, o tenista brasileiro escolheu duas das seis disponíveis e com elas foi até à final.