O barulho das máquinas, tratores e caminhões predomina no cenário de destruição dos municípios atingidos pelas fortes chuvas no RS. Chapecó, Oeste de SC, adotou a cidade gaúcha de Arroio do Meio e a equipe da NDTV percorreu parte do município para acompanhar o trabalho dos voluntários catarinenses e dos moradores locais na reconstrução do espaço.
O repórter da NDTV, Geovan Petry, relata que a população realiza o trabalho de limpeza das ruas, estabelecimentos e casas que não foram arrastadas pela água. Ainda, a cidade gaúcha é tomada por barro e pela poeira após a água baixar.
“O que construímos em 40 anos foi levado em 24h” 3q6q5o
Aílton Vier é morador de Arroio do Meio e conta que foi a pior enchente que viu em mais de 40 anos no local. “Foi surpreendente”, relatou.
Em setembro do ano ado, a água subiu cerca de 80 centímetros no segundo piso da residência. Em novembro, a enchente ficou apenas no primeiro piso e, em maio deste ano, o sótão também foi atingido.
Construção de um elevador 5o205s
Para tentar proteger os bens, o morador construiu um elevador com o objetivo de guardar os móveis e objetos no sótão. “Aprontei e coloquei tudo lá em cima, mas a água também invadiu o local, cerca de 1m30”.
O que restou foi a estrutura da casa e duas geladeiras que Aílton levou para outro local, pois não havia mais espaço na parte alta da casa. “Essa enchente aqui foi um ‘dilúvio’, nunca vimos isso”.
A família precisará começar do zero, pois tudo foi perdido. “São 40 anos que estou casado. Tudo o que juntamos nessas quatro décadas, perdemos em 24h”, completa o morador.

“Investimos em algo que não temos certeza” 4p6v2e
A casa da mãe da analista de laboratório e meio ambiente, Carine Hoffmeister, ficou dois dias submersa em Arroio do Meio. A enchente chegou pela primeira vez no local em setembro de 2023, porém, desta vez foi bem pior.
Na enchente do ano ado, a mãe de Carine perdeu tudo. “Ela mora aqui há 50 anos, mas, depois de setembro, pensamos que não iria mais atingir, porém desta vez foi bem diferente na questão da lama e dos estragos”, pontua.
Aos poucos a família vai recontruir a casa na cidade gaúcha, pois abandonar não é uma opção. “Investimos em algo que não temos certeza. Vamos reformar a casa, mas minha mãe vai morar comigo”.
A casa será alugada para outras famílias que perderam o lar após as fortes chuvas que atingiram mais de 400 municípios do Rio Grande do Sul.
Reconstrução da cidade gaúcha 1t4a4t
Desde às 7h da manhã de quarta-feira (22) cerca de 200 voluntários de Chapecó auxiliam na reconstrução da cidade gaúcha e estão divididos em várias frentes de trabalho.
Entre as tarefas estão o bota fora de móveis, a limpeza de três avenidas e a retirada dos entulhos que foram arrastados pela enchente.
De acordo com o engenheiro da Secretaria de Serviços Urbanos de Chapecó, Eduardo Olivo, todas as ruas do centro e os lotes estão prejudicados, com muito lodo e lixo acumulados.
Outras equipes atuam na abertura de os no interior do município e na preparação da alimentação para os voluntários que atuam no local. A previsão é que a equipe catarinense retorne para a Capital do Oeste na segunda-feira (27).
Arroio do Meio foi a cidade gaúcha que Chapecó adotou para auxiliar na reconstrução. Local foi destruído pela enchente – Vídeo: Prefeitura de Chapecó/Divulgação/ND
Sobre Arroio do Meio 3c20q
Conforme a Prefeitura de Arroio do Meio, 90% da cidade foi atingida pelas cheias do Rio Taquari. Ao todo, 11.400 pessoas ficaram desalojadas e 350 estão desabrigadas e foram acolhidas em abrigos municipais.
O município conta com cerca de 22 mil habitantes conforme o IBGE e mil casas foram destruídas pela água.
Chuvas no RS 3p2d44
As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul neste mês afetaram 467 municípios e deixaram 68.345 pessoas em abrigos. Até a manhã desta quarta-feira (22), o Governo do RS confirmou 161 mortes e 82 pessoas continuam desaparecidas.