Florianópolis é a capital brasileira que concentra o maior número de empresas de tecnologia per capita: são 7,4 negócios tech a cada 1000 habitantes na Ilha, à frente de São Paulo (7) e de Curitiba (6,1).
Além disso, mais de 5,4 mil empresas (um terço do total em Santa Catarina) estão concentradas na região metropolitana de Florianópolis. Dados que colocam a capital catarinense como um dos mais relevantes polos de novos negócios e desenvolvimento de tecnologias.
Mas de que forma a “Ilha do Silício” pode colaborar com a inovação das próximas décadas? “O que é forte em Florianópolis é o empreendedorismo de base tecnológica, que pega o conhecimento das universidades e coloca em contato com laboratórios de pesquisa e startups.

Isso cria um ambiente propício para a inovação, pois as ideias empreendedoras são colocadas em prática”, explica Laércio Aniceto Silva, superintendente de Negócios da Fundação Certi.
Um exemplo de tecnologia do futuro que está sendo testada na Capital é o protótipo de um ônibus movido 100% a energia solar, desenvolvido por pesquisadores do laboratório de Fotovoltaica da UFSC.
O “eBus” faz, desde 2017, um serviço regular de transporte entre a Universidade Federal, na Trindade, e a sede do Laboratório, no Sapiens Parque – no Norte da Ilha.
Ao todo, já foram mais de 100 mil quilômetros rodados, o equivalente a duas voltas ao mundo, a partir de energia renovável. O “eBus” é uma das apostas de pesquisadores e estudantes para o futuro da mobilidade sustentável no país.
Segundo a IEA (Agência Internacional de Energia), os paineis solares serão capazes de gerar 27% de toda a energia do planeta até 2050, se tornando a principal fonte de utilização.
Com isso, 6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano deixarão de ser enviados à atmosfera. “As tecnologias disruptivas irão criar ambientes inteligentes, indústrias mais competitivas e serviços de maior valor agregado, alavancando a produtividade e melhorando a qualidade de vida dos cidadãos. Isto traz oportunidades para evolução de todo um ecossistema de inovação e negócios”, explica Silva.
A vez das cidades inteligentes 4p565c
Até 2050, cerca de 66% da população global – algo em torno de 6bilhões de pessoas – estará concentrada em áreas urbanas, aponta o relatório World Urbanization Prospects, da ONU. Em Florianópolis, um dos gargalos que a tecnologia do futuro e a hiperconectividade pode resolver é a mobilidade.
Semáforos com câmeras interligadas podem analisar o tráfego e sugerir, por meio de aplicativos, sugerir as melhores rotas para os deslocamentos. Da mesma forma, o avanço dos testes com veículos autônomos aéreos (como drones) pode reduzir significativamente o volume de carros e motocicletas usados para entregas na cidade.
O desafio, comenta o presidente da Câmara de Smart Cities da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Jean Vogel, é fazer com que as cidades sejam eficientes a seus cidadãos. O futuro urbano, diz, “depende do planejamento de longo prazo, seja na construção de prédios eficientes, na oferta de serviços públicos de saúde e segurança com tecnologia, assim como uma estrutura de mobilidade que dê vazão ao ir e vir que grandes e médias cidades possuem”.
“Santa Catarina tem o ecossistema de tecnologia mais conectado do país, unindo universidades e indústrias líderes mundiais em seus setores. O que falta para transformar as cidades e sermos um estado inteligente? Trata o tema como o projeto ‘homem na Lua’, unindo esforços, alinhamentos e investimentos”, resume o presidente da Câmara da FIESC.
Proteínas alternativas à mesa 5i215v
Florianópolis deverá estar, nos próximos anos, na vanguarda da indústria da alimentação global. Em maio ado, foi anunciado o projeto de um Centro de Inovação em Biotecnologia, investimento de quase R$ 400 milhões da JBS – maior companhia global de proteínas e líder em produção de alimentos – no Sapiens Parque.
Alguns pesquisadores já atuam neste projeto, que deve ter a infraestrutura completa a partir de 2024. Isso representará, nos próximos anos, um grupo de 150 pós-doutores atuando em Florianópolis no desenvolvimento das chamadas “proteínas alternativas” (à base de plantas e não de carne) para o mercado global.
De acordo com projeções da JBS, o setor de proteína vai crescer dos atuais US$ 850 bilhões para US$ 1 trilhão nos próximos anos- além disso, a demanda por alimentos deve crescer 70% até2050, quando a população será de 10 bilhões de habitantes.
Como conclui Laercio Aniceto, da Certi, “acreditamos que cidades como Florianópolis – onde existe uma grande densidade de startups, com programas de apoio à geração de novos empreendimentos como incubadoras, aceleradoras e empresas de venture capital – vão se beneficiar muito da oportunidade trazida pelo avanço da tecnologia nas próximas décadas”.
Crescimento acelerado na TI 2x144j
A dinâmica da sociedade tem mudado cada vez mais. A internet afetou a maneira como nos comunicamos, pedimos comida e nos locomovemos. Essa nova forma de viver, gerou uma demanda cada vez mais crescente na comunidade e, naturalmente, impactou as empresas de tecnologia.
Uma pesquisa realizada pela Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) estima que as empresas da área demandem 797 mil talentos de 2021 a 2025.
Os números refletem o crescimento acelerado do setor. No entanto, a formação profissional não está acompanhando o cenário. O estudo aponta um déficit anual de 106 mil profissionais – 530 mil em cinco anos.
Segundo a associação, o desafio é despertar o interesse dos jovens pela formação em tecnologia, para que assim, a disposição qualificada seja ampliada no mesmo ritmo do mercado. (Fernanda Lanzarin)