Ao longo do Carnaval de Florianópolis, circularam nas redes sociais denúncias de violência policial na dispersão dos foliões, sobretudo na região central da cidade. Um vídeo causou revolta ao mostrar guardas municipais esguichando spray de pimenta no rosto de dois rapazes na madrugada de terça-feira (4).

A cena foi registrada na Avenida Hercílio Luz, na região conhecida como Centro-Leste. Os homens andavam de mãos dadas quando foram atingidos por um jato de spray de pimenta lançado por agentes da GMF (Guarda Municipal de Florianópolis).
O relógio no momento da gravação marcava 2h43 da manhã. Uma portaria publicada em 24 de fevereiro estabeleceu o horário limite de 2h da madrugada para blocos, arenas e festas em espaço público durante o Carnaval.
Outras imagens mostram agentes da GMF e da Polícia Militar disparando balas de borracha, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os foliões. A atuação das forças de segurança causou pânico e correria.
Na terça-feira, o vereador Leonel Camasão (PSOL) protocolou um pedido na Câmara Municipal de Florianópolis para convocar o comandante da GMF, Andrey de Souza Vieira, a apresentar esclarecimentos sobre eventual abuso de autoridade e uso desproporcional da força contra foliões do Carnaval 2025.
Vídeo mostra momento em que guardas lançam spray de pimenta no rosto de dois homens no Carnaval de Florianópolis 1r2m22
Guardas municipais lançaram um jato de spray de pimenta no rosto de dois foliões por volta das 2h40 da manhã em Florianópolis – Vídeo: Divulgação/Floripa LGBT/ND
Vice-prefeita justifica uso do spray de pimenta conta foliões: ‘Falta de respeito’ 3d4n6m
Em entrevista ao Balanço Geral Florianópolis nesta quarta-feira (5), a vice-prefeita de Florianópolis e secretária Municipal de Segurança Pública, Maryanne Mattos, comentou o vídeo do spray de pimenta.
“No Carnaval no Centro-Leste, existe um histórico das pessoas se negarem a liberar a via, a desligar o som, para que a gente possa entrar com a Comcap e fazer toda a liberação e a limpeza da cidade, para no outro dia a cidade continuar fluindo”, considera.

“O casal que ali estava se negava a cumprir essa ordem. Na hora que a gente faz uso do espargidor de pimenta e pede para que eles saiam, é porque a ordem estava sendo negada”, argumenta.
A vice-prefeita entende, inclusive, que a atuação das forças de segurança no Carnaval de Florianópolis foi tolerante com os foliões: “Se as pessoas tivessem respeito com as regras, respeito inclusive com a verbalização do agente de segurança. Se fosse talvez em outro país, a pessoa iria presa. A gente tem essa tolerância”.
“Claro, quando se coloca uma imagem de apenas um casal caminhando, as pessoas não entendem o que aconteceu desde o início. As pessoas se chocam achando que a segurança pública extrapolou na sua ação, na reação àquela condição. E não foi”, opina.

A GMF dispersou o público somente na região do Centro Leste, com o apoio da Polícia Militar, que ficou responsável por fazer cumprir o horário limite nas demais regiões da cidade.
Maryanne Mattos atribui a necessidade do uso de spray de pimenta e emprego da força ao “histórico” do Centro Leste. “Quando a gente pensa em Carnaval, essas ocorrências sempre acontecem nessa região da cidade onde as pessoas teimam em desrespeitar as regras”, avalia.
“Cada ano a gente tenta criar novos mecanismos para trazer um Carnaval seguro pro pessoal, só que ele sempre esbarra nisso. Na falta de respeito das pessoas, mesmo estando combinado, delas acatarem e atenderem a questão da regulamentação que é dada na festa”, lamenta a vice-prefeita.
Guarda Municipal de Florianópolis diz que ‘não houve uso de força física’ 4y2q6z

Em nota ao ND Mais, a GMF reforçou que todos os blocos e festas de Carnaval de Florianópolis foram previamente informados sobre as normas e os horários limites.
“No entanto, há registros de desrespeito e resistência, incluindo agressões e arremesso de objetos cortantes contra os profissionais responsáveis pela segurança”, afirma o órgão.
Na ocorrência do uso de spray de pimenta contra dois foliões na madrugada de terça-feira, as guarnições estavam direcionando o público para a mesma rota. Embora alguns questionassem as orientações, os agentes informaram que a maioria acatou as ordens.
A GMF ainda esclareceu que “não houve uso de força física, apenas comandos verbais e equipamentos de dispersão, como spray de pimenta”.