Te convido hoje a entrar no seu mundo imaginário, lá onde moram as suas fantasias, inclusive as sexuais. Já que informação, conhecimento e prazer caminham juntos, vamos entender conceitualmente algumas diferenças entre fantasia, fetiche e abuso sexual.
Fantasia é a capacidade de imaginar cenas e situações, que podem ou não ser sexuais. Por exemplo: você fantasiar ear de mãos dadas com a sua parceria na praia, apreciando o por do sol. Isso é uma fantasia romântica. Agora, se assim começa a sua cena sexual, uma narrativa que vai te levar ao desejo e à excitação, estamos falando de fantasia sexual. Já o fetiche é um dos tipos de parafilia.

A parafilia é o interesse sexual intenso e persistente em práticas sexuais não usuais. É o desejo nada comum em atividades sexuais que são prazerosas para aquela pessoa. Vira um problema quando se torna a única forma de prazer, provocando sofrimento e prejuízos diversos. E sexo não é para gerar angústia nem sofrimento, e sim, prazer e satisfação.
Lembrando que se a fantasia sexual vai acontecer ou não é outra história… Nem toda fantasia é para ser realizada. Muitas, inclusive, funcionam apenas no imaginário. A fantasia sexual é importante para as vivências da sexualidade. Quando falamos em fantasias falamos em desejos, na forma de expressar seus desejos.
Você conhece os seus desejos? Se você está em algum tipo de relacionamento, lembre-se de que você é um ser sexual antes de estar com esta pessoa. Se não está se relacionando, você pode manter suas fantasias sexuais e seus desejos mesmo assim.
Ou seja, somos todas desejantes. Mas você sabe o que te excita? Sabe pedir o que gostaria na cama? Isso é sobre autoconhecimento e assertividade sexual. Porém, isso é uma outra conversa para outro momento. Mas guarda estas ideias no seu mundo imaginário porque vão te ajudar na construção do seu script sexual.
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Tão importante quanto falar sobre suas fantasias é saber ouvir o desejo do seu parceiro ou parceira. É importante estar aberta a escutar o fetiche. Agora, realizar ou não é uma decisão sua. E não há nenhum problema em mudar de ideia. Se o fetiche proposto te pareceu estranho em um primeiro momento, tudo bem se você amadurecer a ideia e ar a achar interessante.
O essencial é que você tope realizar apenas se estiver completamente a fim e à vontade. Não se sinta coagida ou obrigada a realizar um fetiche que você não quer.

E caso você tope fazer para presentear sua parceria, também não há problema, desde que não esteja condicionada e que seja uma via de mão dupla, ou seja, seus desejos também sejam realizados.
Agora, se você transa ou realiza qualquer fetiche proposto pelo outro por se sentir ameaçada isso tem nome: violência sexual.
Veja, se você se sente coagida a transar porque tem medo de ser trocada, medo de ser abandonada, medo de não ser boa o suficiente porque seu companheiro ou companheira te ameaça, isso é abuso sexual. Não é apenas sobre apanhar.
Dar-se conta deste abuso sexual dentro da sua própria relação não é fácil. As mulheres, de uma forma geral, lidam com clichês de abusos quase que diariamente. Os mais comuns são: “se você não transar ele vai arrumar outra”, “só um tapinha não dói”, “eu achei que você me amasse”, “como vamos nos casar se você não vai realizar as minhas fantasias sexuais”, “a mulher tem de satisfazer ao homem”, “você é insegura”, “você não é aberta a novos prazeres”, “você é travada” e por aí vai.
A máxima de que na cama vale tudo é verdadeira desde que todas as pessoas envolvidas estejam de acordo e confortáveis. Consentimento é a palavra-chave para diferenciarmos o fetiche do abuso sexual.
Como eu trouxe a definição de parafilia, vou aproveitar e trazer um conceito do BDSM (Bondage, Dominação, Submissão e Masoquismo), que é uma prática não usual na qual a atividade sexual é baseada no prazer da dor.
Para você entender o limiar entre fetiche e abuso sexual, distinguir e se posicionar é preciso o SSC – estar sã, segura e ser consensual. Você precisa estar bem (sã), segura (fisicamente e emocionalmente) e ser consensual (ser bom para todas as pessoas envolvidas).
Consentir é sobre dizer sim de forma livre e esclarecida. Ou seja, a pessoa tem de estar plenamente consciente da sua escolha, sem estar alcoolizada, sem estar sob efeito de substâncias que comprometam a consciência. Crianças e adolescentes (de até 14 anos, pela lei) não são considerados(as) legalmente capazes para consentir. Quem está iniciando sua vida sexual tem pouco repertório ou tem pouca experiência sexual deve primeiro compreender o que está sendo proposto para realmente consentir.
Importante você saber que você pode mudar sua decisão a qualquer tempo. Logo, consentimento pode ser dado e revogado. Se já está nb meio do ato sexual e não quer dar continuidade, não está mais consentido, é não e pronto.
E se você consentiu para uma prática não quer dizer que outra está automaticamente permitida. O consentimento é específico.
Quando falamos em fetiches é importante aprender qual é o limite de experimentar pelo outro sem ar dos seus limites. Saber qual é a ética do casal. Saber se te excita ou se você faz para ele ou ela não ir embora, não te bater…
A comunicação é um ótimo recurso para estabelecer a ética e os limites do relacionamento.
O que fazer se você se sentir violentada? 6z664t
Ratifico que pode virar violência sexual quando há coação, chantagem emocional, condicionamento à manutenção do relacionamento ou questionamento sobre o sentimento alheio.
Se você se identificou com alguns destes itens nesta conversa, busque apoio psicológico especializado e os seus direitos legais.
Saiba que a Lei Maria da Penha criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. e o link e conheça seus direitos. Disque 180 – serviço de atendimento às mulheres – em caso de violência sexual.
Você não está sozinha!