O pastor e dirigente de entidades sem fins lucrativos Marcos André Pena Ramos foi preso preventivamente na operação “Pecados Capitais”, da Polícia Civil de Santa Catarina, na terça-feira (3), pelo suposto desvio de verbas públicas destinadas a projetos sociais em Florianópolis.

Marcos Ramos é suspeito de arquitetar o esquema ao lado do ex-secretário adjunto da Assistência Social, Jeferson Amaral da Silva Melo, que também foi preso na operação.
O desvio das verbas teria acontecido entre 2020 e 2022, quando o pastor era diretor do Nurrevi (Núcleo de Recuperação e Reabilitação de Vidas), responsável pela gestão da arela da Cidadania, e vice-presidente do Instituto Aminc (Amor Incondicional), terceirizada que gerencia o Restaurante Popular de Florianópolis.

De acordo com o inquérito policial, Jeferson Melo era responsável pela abertura de editais para entidades interessadas na gestão, mas apenas as organizações ligadas a Ramos demonstraram interesse nos dois projetos sociais.
Melo teria alguns privilégios em troca de escolher as entidades, como a seleção de quem trabalharia nos projetos, reuniões para tomadas de decisão nas ONGs e parte do dinheiro que era desviado. As verbas, portanto, seriam desviadas pela secretaria e apossadas pelas empresas do pastor.
Apesar da vida simples mostrada nas redes sociais, pastor de Florianópolis teve enriquecimento ‘meteórico’, segundo inquérito 3x1w6d

As duas instituições de Marcos Ramos receberam, juntas, o equivalente a R$ 40 milhões da Prefeitura de Florianópolis entre 2020 e 2022. A investigação expôs que os valores estavam acima dos serviços que eram realmente prestados.
O dinheiro oriundo do desvio de verbas públicas era lavado através do superfaturamento na contratação de diversos serviços para os projetos, como lavanderias, transportes, manutenção e compras de equipamentos.
O pastor de Florianópolis é apontado como principal beneficiado com os superfaturamentos. O inquérito ainda aponta que a evolução patrimonial dele foi “meteórica e sem justificativa” desde que começou a trabalhar no Nurrevi.

Marcos Ramos não ostenta uma vida de luxo nas redes sociais. Ele publica fotos ao lado da família, com roupas simples, frases motivacionais e agens da Bíblia. Em uma postagem, ele descreve seus projetos sociais como ” um Oásis no deserto para aqueles que precisam”.
A polícia verificou que a fortuna do pastor de Florianópolis é incompatível com os valores percebidos a título de remuneração. Apesar de tentar esconder o patrimônio, Ramos possui bens que, somados, ultraam o valor de R$ 5 milhões.
Ele é dono de uma cobertura no bairro Estreito e de um sítio na cidade de Canelinha. Ainda, está construindo uma casa em um condomínio fechado na cidade de Biguaçu. Ramos dirige uma BMW ano 2023 e adquiriu um bistrô de alto padrão na praça principal do centro de São José.
Além disso, o pastor possui um café em sociedade com seu tio, que é o atual presidente da Aminc, também investigado pela polícia. A suspeita é de que o estabelecimento comercial seja usado para lavar o dinheiro advindo dos projetos sociais, em especial do Restaurante Popular.
Os investigadores acreditam ainda que os antigos donos do café tenham sido utilizados como “laranjas”. Eles venderam o estabelecimento ao pastor de Florianópolis por um valor abaixo do mercado, possivelmente para ocultar o enriquecimento ilícito.
Marcos Ramos foi afastado de entidade pelo próprio tio, que também é investigado 3k4f3z

Diante da conduta irregular, o Ramos chegou a ser afastado das funções do Nurrevi pelo presidente, que é seu tio. Pouco tempo depois, o pastor se tornou vice-presidente da Aminc.
Na ocasião, um acordo foi firmado entre a Prefeitura de Florianópolis e o Nurrevi para a devolução de quase R$ 1 milhão, assinado pelo presidente e pela gerente financeira da organização.
Segundo o inquérito, o presidente do instituto, tio do pastor, declarou durante uma conversa informal que os desvios ocorreram na gestão do sobrinho. A polícia especula, porém, que ele também tinha conhecimento da corrupção, visto que assinou as prestações de conta.
Já a gerente financeira afirmou em interrogação na delegacia que havia sido coagida por Marcos Ramos a o documento e que nunca desviou dinheiro da instituição, destacando que ele ordenava o depósito de quantias em seu favor.
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Em nota, a Prefeitura de Florianópolis informou que “até o momento, as informações que chegaram à prefeitura são de que a operação se trata de fatos ocorridos entre 2020 e 2022, antes da istração atual”. O atual prefeito, Topazio Neto (PSD), assumiu o cargo em abril de 2022, quando Gean Loureiro (União Brasil) renunciou para concorrer ao governo do Estado.
A istração destaca ainda que “a atual gestão já havia aberto uma auditoria interna em relação à entidade que istra o Restaurante Popular, punindo-a, inclusive, determinando devolução de recursos”, diz a nota.
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O Nurrevi informou, em nota, que “confia integralmente nas autoridades policiais e judiciais, acreditando que os fatos serão esclarecidos de maneira completa e transparente”.
Disse também que “já disponibilizou toda a documentação sob sua guarda” e “permanece à disposição das autoridades competentes em fornecer quaisquer informações adicionais que possam contribuir para o devido esclarecimento”.
O Aminc enviou o seguinte comunicado:

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Marcelo Gonzaga, advogado de Melo, enviou o seguinte comunicado à reportagem:
“Acompanharei Jeferson Melo em depoimento no início da semana e nessa oportunidade elementos e provas serão apresentados para descortinar o caso investigado e para demonstrar a sua inocência. Me abstenho nesse momento de indicá-los, por sigilo, contudo a primeira pessoa a conhecê-los será a autoridade policial e consequentemente o Juízo responsável. Acredito que será determinante para futuras decisões judiciais”.
Já os advogados de Marcos André, Marcus Scher e Mattheus Urbanek, enviaram a nota abaixo: