As marcas da agressão ainda estão pelo corpo e o motivo, ainda dói na alma. O músico Raphael Guilherme, de 23 anos, mostra o braço e a perna ainda marcados pelos golpes que recebeu enquanto esperava o ônibus para voltar para casa nesta terça-feira (19). O motivo: ser negro.

O jovem rapper conta que havia ido até a casa de um amigo, também músico, para trabalhar em uma canção. Quando esperava o ônibus na rua João Pessoa, bairro Velha, para voltar pra casa, foi surpreendido pelos ataques.
“Dois rapazes com barra de ferro me mandaram embora, só porque eu estava no ponto de ônibus dançando, ouvindo um som, cantando um pouquinho mais alto. Falaram ‘Pô, preto, vai embora! Vai embora daqui, seu preto vagabundo!'”.
Raphael conta que depois das agressões verbais, começaram as físicas. Ele foi atingido na perna e no braço, quando tentou se defender de um golpe que lhe acertaria a cabeça. Assustado, fugiu e buscou abrigo em uma agência bancária. Mesmo assim, as agressões seguiram:
“Eu saí correndo, tive medo de morrer. Eles vieram atrás de mim, iam me atropelar. Quando eu já estava dentro da Caixa o cara ainda apontou uma arma pra mim”.
Em busca de justiça 3788
Ao voltar para casa, Raphael acionou a Polícia Militar, que foi até lá e registrou o boletim de ocorrência por injúria qualificada pelo preconceito, lesão corporal dolosa e ameaça.

Por orientação do advogado, ele também está em busca de imagens que mostrem a agressão para serem entregues à Polícia Civil, que vai investigar o caso.
Apesar do medo, Raphael, que também trabalha como vendedor, é casado e será pai em breve afirma que decidiu denunciar e expor a agressão por entender que o fato é um problema da sociedade em que vivemos.
“Eu fui agredido pela minha cor, eu apanhei pela minha cor, eu ‘tô’ aqui botando a cara à tapa por todos os pretos de Blumenau, por todos os pretos do Brasil que sofrem racismo, eu senti isso na pele e eu acho que gente não merece ar por isso”, lamenta.