Os incêndios em São Paulo na última semana colocaram 48 cidades em alerta máximo para novos focos de calor. No domingo (25), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, confirmou que a PF (Polícia Federal) já foi acionada para investigar a suspeita de atuação criminosa, o que comparou ao episódio do “Dia do Fogo” em 2019.

As imagens do desastre em Ribeirão Preto chamaram a atenção do país inteiro pela proporção que o fogo tomou. Contudo, nesta segunda-feira (26), o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas anunciou que o estado não tem mais focos ativos de incêndio.
De acordo com dados do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), que reúne secretarias e órgãos do governo estadual, um total de 810 pessoas tiveram que deixar suas casas.
O governador ainda informou que três pessoas foram presas por suspeita de provocar os incêndios em São Paulo. As autoridades investigam uma possível ação coordenada que seria responsável pelas queimadas em diferentes regiões.

Segundo a ministra Marina Silva, a PF abriu dois inquéritos para apurar as causas dos incêndios em São Paulo, que se somam a outras 29 investigações na Amazônia e no Pantanal.
“É uma verdadeira guerra contra o fogo e criminalidade”, argumentou. “Tem uma situação atípica. Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa curva de experiência nesses anos de trabalho com fogo”, declarou a ministra.
Marina se encontrou com o presidente Lula e com funcionários do Ibama no domingo, em Brasília, para anunciar medidas de combate aos incêndios em São Paulo, em especial à suspeita de crime nas regiões de Rio Preto e Ribeirão Preto.
“A gente acaba de apagar o fogo, você vira as costas ele volta maior ainda. Aí, você apaga outra vez e ele volta outra vez”, afirmou Lula na sede do Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais).
Ministra Marina Silva compara incêndios em São Paulo ao “Dia do Fogo”; relembre o caso 4e3050

“Do mesmo jeito que nós tivemos o ‘Dia do Fogo’, há uma forte suspeita de que agora esteja acontecendo de novo”, comparou Marina Silva, referindo-se a um episódio ocorrido durante o governo Bolsonaro.
O “Dia do Fogo” aconteceu em 10 de agosto de 2019, quando produtores rurais do interior do Pará se organizaram em uma ação criminosa para atear fogo em locais da Floresta Amazônica. O incêndio foi planejado por meio de grupos de WhatsApp e atingiu 478 propriedades rurais.
Após cinco anos, nenhum dos fazendeiros envolvidos no crime foi punido. O Greenpeace Brasil revisitou os focos do fogo e constatou que as propriedades seguem com altos índices de desmatamento e queimadas recorrentes.

“Em São Paulo, não é natural, em hipótese alguma, que em dois dias tenha diversas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios”, ressaltou Marina Silva sobre os incêndios em São Paulo.
“É preciso parar de atear fogo”, apelou a ministra do Meio Ambiente. “O fogo não é estadual nem municipal, é um fogo que prejudica o Brasil”, finalizou.