Há 20 anos a televisão brasileira parava para noticiar que um dos maiores apresentadores do país estava sendo mantido em cárcere privado por um sequestrador. Um dia após Patrícia Abravanel ser libertada, Fernando Dutra Pinto invadiu a mansão onde vivia a família Abravanel e fez o próprio Silvio Santos de refém. Relembre o caso!

Começo da história 5r2w1p
Tudo começou em 21 de agosto de 2001, quando a filha número quatro de Sílvio Santos, Patrícia Abravanel, se arrumava para ir à faculdade. Na época, aos 24 anos, a apresentadora ainda não era famosa.
Patrícia foi abordada por volta das 8h no Morumbi, zona oeste de São Paulo, por dois irmãos, Fernando Dutra Pinto e Esdras. “Lembro que eu estava me arrumando para ir à faculdade, ei no quarto da minha irmã para ‘roubar’ uma peça de roupa e dei de cara com um [dos criminosos]”, contou a apresentadora em entrevista a Marília Gabriela, em 2012.
“Nisso, ele já me levou para a garagem, perguntou qual era o meu carro e, ao sentar no banco de trás, notei que tinha outro rapaz. E eles anunciaram: ‘Isso é um sequestro e nós somos Tubarão 1 e 2”, explicou.
Após intensas negociações, sete dias depois, em 28 de agosto, a apresentadora foi liberada após o pagamento do resgate. Em entrevista ao portal UOL, o sobrinho de Silvio Santos Guilherme Stoliar revelou que intermediou as negociações com os criminosos. Ele relatou que foi ao encontro dos sequestradores com uma quantia em dinheiro próxima a
meio milhão.
“Não me lembro quanto eles pediram, mas pagamos a eles algo como
R$ 500 mil ou coisa que o valha”, afirmou.
Sequestro de Silvio Santos 736n6v
Na manhã do dia 30 de agosto, Fernando Dutra cortou o fio que alimentava a segurança elétrica e entrou na propriedade dos Abravanel, fazendo toda a família refém.
O sequestrador permitiu que as mulheres saíssem da casa, mantendo apenas o apresentador em cárcere privado. Segundo noticiado na época, Silvio Santos foi pego tão de surpresa, que estava de cueca e camiseta.
Fernando foi avistado e denunciado à polícia pela invasão à casa de Silvio. Junto do apresentador, Fernando disse que só sairia dali vivo e com um helicóptero particular.
O então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, chegou a ir pessoalmente à casa de Silvio para negociar a rendição. “Me lembrei de um professor na faculdade de Medicina que dizia: ‘Em casos graves, sejam eles quais forem, não se omitam’. Transportei isso para a política e fui. Entrei com um colete à prova de balas por baixo do terno, acompanhado de um policial. Ninguém me viu entrando”, contou Alckmin.
“Cheguei até a porta e disse que estava ali para garantir a vida do Fernando. Também não o ouvi. Só o Silvio falava, e ele dizia: ‘Olha, Geraldo, o Fernando aqui é um rapaz inteligente, ele vai fazer faculdade, e eu prometi dar a ele uma roupa para sair'”, continuou.
“O Silvio parecia meio estocolmizado [estado psicológico em que vítimas desenvolvem um relacionamento com seu raptor]. Com isso, o De Lucca [Capitão da Polícia Militar] pediu a arma (ao sequestrador). Veio a primeira. Depois a segunda, e nessa já não o deixaram fechar a porta da cozinha, onde estavam”, relatou o ex-governador de São Paulo.
Sete horas depois, Silvio Santos foi liberado e saiu ileso, ele ainda ou um recado do sequestrador aos policiais: “Ele queria garantia de vida, tomar um banho e trocar de roupa antes de se entregar”. A negociação se deu entre Fernando Dutra Pinto e o então capitão da PM, Diógenes de Lucca, fundador do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais).
Fernando Dutra morreu na cadeia 2w2tm
Ao todo, seis pessoas estavam envolvidas no sequestro da filha de Silvio Santos: Marcelo Batista dos Santos, Esdras Dutra Pinto, Luciana dos Santos Souza, Tatiana Pereira da Silva, Marcos Batista dos Santos e Fernando Dutra Pinto, que era o organizador e líder do grupo.

Fernando Dutra Pinto morreu na cadeia, em 2002. De acordo com a polícia, o sequestrador teve um infecção generalizada. Luciana, namorada de Fernando, Tatiana e Marcelo tiveram condenações de 15 anos de prisão.
A morte de Fernando e suas circunstâncias foram consideradas “misteriosas” para a família do sequestrador. Segundo o laudo do IML (Instituto Médico Legal), o homem teria morrido por causa de uma infecção generalizada causada por carne de porco.
Segundo a revista IstoÉ da época, 880 presos, entre funcionários, teriam ingerido a mesma carne e não teriam sentido qualquer sintoma de infecção. O sequestrador estava tomando remédios para broncopneumonia que supostamente bloqueava a possibilidade de uma identificação da morte por envenenamento no exame toxicológico.
Em matéria de 2021, o jornal Extra trouxe que o sequestrador Esdras Dutra Pinto, irmão de Fernando, cumpre o restante da pena em regime aberto. Em fotos postadas nas redes sociais, Esdras vem se mostrando atuante em uma igreja e levando a vida junto aos familiares.
*Com informações do portal RD1.