Uma investigação liderada pela Draco (Divisão de Repressão ao Crime Organizado) mostra que mesmo presos lideranças do PGC (Primeiro Grupo Catarinense) controlavam o tráfico de drogas e o comércio de armas em diversas regiões de Santa Catarina. Foram 10 meses de monitoramento das principais lideranças que resultou na prisão de 12 pessoas, em dezembro, sendo quatro mandados cumpridos dentro de unidades prisionais.

Na última quarta-feira (16), a juíza substituta Cleni Serly Rauen Vieira, da Vara Criminal da Região Metropolitana de Florianópolis, aceitou denúncia contra 14 pessoas ligadas à cúpula da facção criminosa. Sendo que 12 já estão presos e dois foragidos. A investigação revela a ligação dos réus a diversos crimes e mostra como os líderes da facção têm liberdade para dar ordens e até mesmo monitorar a movimentação do tráfico do lado de fora das prisões.
Na decisão, a magistrada também determina a conversão das prisões temporárias realizadas em dezembro em preventiva. Se condenados, os envolvidos podem pegar de três a oito anos de prisão.
:. Preso que voltava de saída temporária é flagrado com 10 celulares no estômago 1w4y6q
Um dos líderes denunciados, que já cumpria pena na Penitenciária Industrial de Chapecó, realizou 908 conversas por chamadas. Entre as chamadas realizadas, foram interceptadas conversas inclusive com presos de outras regiões. A investigação interceptou chamadas feitas a um preso no Mato Grosso do Sul e outra com detento na Penitenciária Industrial de São Cristóvão do Sul, na Serra catarinense.
Outro telefone monitorado, utilizado de forma coletiva por várias lideranças detidas em São Pedro de Alcântara, realizou 5.169 chamadas no período de um mês. A maioria das destacadas pela investigação tratam de ordens emitidas de dentro da prisão tanto para apoio ao tráfico de drogas como ordens para organização da facção criminosa.
Segundo o delegado Antônio Seixas Joca, da Deic, a entrada de celulares nas prisões tem agravado a situação do crime organizado, pois mesmo presos, líderes continuam orquestrando ações nas ruas e controlando o tráfico de drogas. “Por isso a importância dos bloqueadores nos presídios. Mesmo assim, o que temos visto é que eles [os presos] sempre dão um jeito de burlar a fiscalização. Essa semana uma pessoa foi presa com 10 celulares no corpo”, lembrou o delegado.
O delegado aponta ainda que o objetivo da investigação foi o de desarticular a estrutura organizacional da facção. “A ideia foi identificar as lideranças e fazer cessar os crimes cometidos por eles. Com as prisões e identificações dos líderes conseguimos desarticular, principalmente, o pessoal que trabalha nas ruas para essas lideranças que estão presas”, afirmou Joca.
MP identifica “grupo de extermínio” 4947q
O inquérito policial relata que devido disputa entre facções rivais um grande número de armas ou a ter Santa Catarina como destino. A investigação destaca que armamento de grosso calibre, até então incomum no Estado, ou a ser objeto comum entre membros das facções.
Nas interceptações telefônicas os policiais identificaram diversos diálogos que tratam de assassinatos de desafetos da facção. Um dos casos identificados foi um triplo homicídio praticado na favela do Siri, no Norte da Ilha. Nas conversas, a justificativa para o crime seria a de que os mortos pertenciam a uma facção rival.
Segundo a investigação, a facção possui um verdadeiro “grupo de extermínio” que reiteradamente vem praticando atos de violência na Capital do Estado de Santa Catarina.
Mais de mil celulares apreendidos em 2018 6uu61
O Deap (Departamento de istração Prisional) informou que das 50 unidades prisionais, 18 possuem bloqueadores de celular. Mesmo assim, entre janeiro de dezembro de 2018 foram apreendidos 1,3 mil aparelhos celulares nas unidades prisionais de Santa Catarina. Nos primeiros 15 dias de janeiro foram interceptados pelo menos 20 equipamentos (10 estavam dentro de duas TVs de LCD em ville e outros 10 retirados do estômago de um detento da Colônia Penal Agrícola).