“Os moradores estão assustados”, revela Germaine Bernhardt, geóloga de Santa Catarina enviada ao município de Santa Tereza/RS, na serra gaúcha, a pedido da prefeitura local. Ela é uma das profissionais voluntárias que atuam junto ao Comitê de Crise do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea-SC).
O município, localizado nas margens do rio Taquari, é um dos que mais sofrem as consequências das fortes chuvas que atingem o Estado gaúcho. Com pouco menos de 1800 habitantes, Santa Tereza já teve quatro episódios de cheia desde o mês de setembro.

Como atua o Comitê de Crise do Crea-SC 5y1p4o
O Crea-SC possui um Comitê de Crise, que atua na gestão de ocorrências catastróficas em todo o Brasil. Engenheiros, geólogos, agrônomos, meteorologistas e outros profissionais licenciados pelo Conselho podem se voluntariar para serem enviados aos locais necessitados.
Jackson Jarzynski, atual coordenador do Comitê de Crise, revela como é feito o trabalho durante as catástrofes: “Somos um grupo técnico preparado para atuar em dois momentos: no pré-evento, realizando ações preventivas, e no pós-evento, fazendo a avaliação dos danos”.
Para Jackson, a atuação de profissionais na gestão de crises é fundamental para se chegar a uma resolução: “O conhecimento técnico de áreas específicas faz diferença e é utilizado para melhorar a vida das pessoas”.
Profissionais catarinenses se voluntariam para ajudar no RS 1i301c
Germaine é uma das profissionais que se disponibilizou para auxiliar os municípios afetados pelas chuvas. “Quando cheguei aqui, não sabia nem qual era a demanda. Mas a prefeitura local nos enviou um ofício solicitando ajuda, então eu vim”.
Ao chegar em Santa Tereza, a geóloga encontrou um lugar devastado: “A maior parte dos atendimentos é o de verificar áreas de risco, nós avaliamos se eles podem continuar nas suas casas ou se precisam desocupar”.
Por estar em região de serra, o pequeno município gaúcho vem sofrendo com muitos deslizamentos. Germaine relata que há muitas erosões de solos marginais ao rio Taquari, bem como vias públicas destruídas, áreas com corrida de lamas e rochas que se deslocaram com a água.

Agora, o trabalho dela está sendo o de analisar áreas de risco e mapeá-las, fazendo relatórios e sugerindo intervenções e contenções que maximizem o custo-benefício das reparações e resguardem a segurança dos moradores.
Municípios podem solicitar apoio técnico de outros estados 1j393z
Qualquer município que esteja ando por uma situação de desastre pode pedir ajuda técnica de conselhos de profissionais de qualquer Estado brasileiro. Para isso, é preciso que a prefeitura local envie um ofício para o conselho solicitando esse apoio, como fez Santa Tereza.
“Tem muitos municípios que nem sabem disso, especialmente os menores. É preciso divulgar mais essa iniciativa, que pode salvar muitas vidas”, insiste Germaine.
Devido a sua importância, Kita Xavier, presidente do Crea-SC, acredita que os conselhos regionais devem participar das tomadas de decisões na esfera dos três poderes: “A participação dos conselhos em decisões do judiciário, executivo e legislativo é fundamental para que a solução de problemas seja embasada em conteúdo técnico”, analisa.
Comitê de Crise tem atuação em Santa Catarina 216g1r
Em 2023, o Comitê de Crise do Crea-SC atuou na elaboração do laudo técnico da barragem de Ituporanga, na região do Alto Vale do Itajaí. Neste ano, realizou vistorias na cratera aberta na BR-470 em Rio do Sul e nos deslizamentos em Garopaba.
O que Santa Catarina pode aprender com o Rio Grande do Sul 5j216a
Grande parte da população brasileira se solidarizou e se mobilizou para ajudar as vítimas das enchentes no RS. Jackson acredita que o principal legado é o de humanidade: “A maior lição é essa mobilização nacional voltada a ajuda mútua do ser humano, é ver o povo se unindo”.
Para a geóloga, Santa Catarina fica com a lição de fazer o estudo correto de construções em áreas de encostas e de rios: “Tem que haver estabilidade para construções nessas áreas. Não podemos fazer esse estudo só porque a licitação manda, nem depois o projeto já está pronto”, afirma.