O que aconteceu no acidente aéreo que matou ex-diretor da Odebrecht em SC? Caso completa um ano 46695a

Após decolar de Governador Valadares (MG), o destino final da aeronave Beechcraft Baron 55 era Florianópolis. Porém, condições climáticas adversas fizeram o piloto mudar os planos e tentar pousar no Aeroporto de ville, um pouso que nunca aconteceu. O voo terminou na morte de duas pessoas em 3 de junho de 2024.

As vítimas foram o ex-diretor da Odebrecht, Antônio Augusto de Castro Santos, 52 anos, e o piloto Geraldo Claudio de Assis Lima, 66. O avião de pequeno porte chegou a ficar por aproximadamente 12 horas desaparecido até os destroços serem encontrados em Itapoá. O caso completa um ano nesta terça-feira (3).

O que contribuiu para que o acidente aéreo em SC acontecesse? 3l2z3t

Para o perito criminal Dionatan Machado, da Polícia Científica de Santa Catarina, o acidente aéreo foi uma “fatalidade”, mas provocado por uma sequência de fatos que se somaram de forma trágica a três elementos: região montanhosa, a condição meteorológica e possível desorientação espacial do piloto.

Relembre 3a3d1d

Às 17h29 do dia 3 de junho, um alerta foi emitido informando sobre a piora nas condições meteorológicas, com nuvens a 1.400 pés (cerca de 426 metros).

Segundo Machado, o piloto optou por continuar o voo sob regras visuais, e não por instrumentos. Ao se aproximar de ville, foi alertado pelo controle aéreo sobre a deterioração do tempo.

“Essa declaração não permitiria o voo visual, mas aria para uma condição de voo visual especial. E o piloto, consciente disso, solicita voo nesta condição”, explicou o perito.

Nesse caso, significa pilotar usando apenas os instrumentos internos. Isso é necessário quando a visibilidade externa está comprometida por mau tempo ou neblina.

Aeronave sumiu do radar antes da queda 1l4u

Às 17h33, o piloto é avisado pela torre de que os controladores não visualizavam mais a aeronave pelo radar, pois a atitude em que estava era muito baixa. Pouco tempo depois, o comandante avisa o rádio que está a três minutos de pouso da cabeceira 15.

“Contudo, o piloto percebe que não visualiza a pista e decide pela arremetida”, explica o perito criminal. Arremetida é uma manobra em que o piloto interrompe o pouso e volta a subir com a aeronave para tentar uma nova aproximação com mais segurança.

Porém, a alguns metros, havia uma região montanhosa. “Quando ele tenta realizar essa arremetida, ele já está de frente para essa região”, detalha.

“A razão de subida dele não é suficiente para desviar do obstáculo que se encontrava à frente dele”, diz Dionatan Machado. Ainda segundo o perito, o topo do morro estava justamente na altura das nuvens: 1.400 pés.

Como o avião foi encontrado 51416v

Os elementos identificados pela investigação apontam que a aeronave estava em voo contínuo, sem intenção ou presunção de pouso.

Conforme o perito, o flap e o trem de pouso direitos estavam recolhidos e a hélice bateu no chão ainda rotacionando. Além disso, mesmo com o impacto de uma das asas em uma árvore, o avião seguiu em linha reta e parou 17 metros a frente, indicando que a aeronave estava em velocidade alta e não tentava um pouso naquele momento.

Investigação do Cenipa x2361

Uma segunda investigação, conduzida pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Força Aérea Brasileira, ainda está em andamento para entender todos os fatores que contribuíram com a queda.

Ao contrário da apuração da polícia, que busca apontar responsabilidades, a investigação do Cenipa tem caráter educativo e preventivo.

Quem eram as vítimas 4x693d

Antônio Augusto de Castro Santos era o ageiro do voo. Ele era morador de Governador Valadares, em Minas Gerais. Tinha 52 anos e era engenheiro civil formado pela Univale (Universidade do Vale do Rio Doce).

Guto, como era conhecido por amigos e familiares, trabalhou por 25 anos na Odebrecht, onde chegou ao cargo de diretor de Energia na regional de Minas Gerais.

Geraldo Claudio de Assis Lima era o piloto do avião. Geraldo 66 anos e era profissional da aviação há 28 anos. Ele também fazia parte da Associação Mineira de Aeromodelismo (AMA) e foi lembrado por amigos e familiares como um grande profissional.