Tríplice viral: o que se sabe sobre o possível imunizante contra a Covid-19 em SC 2z4k3g

Vacina que está disponível no calendário de imunização pode reduzir número de internações pelo coronavírus, de acordo com estudo da UFSC j6x26

Os resultados animadores da pesquisa da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) sobre a eficácia da vacina tríplice viral contra os sintomas da Covid-19 provocaram repercussão no Estado.

No entanto, a esperança de uma imunização em massa deve ser aliada à cautela enquanto os estudos estão em fases preliminares. O governo do Estado, a Prefeitura de Florianópolis e os próprios pesquisadores emitiram notas que alertam a população a não promover nenhum tipo de movimentação até os postos de saúde em busca da vacina.

Para esclarecer melhor as dúvidas sobre a tríplice viral, o ND+ consultou um especialista e atualiza as informações sobre uma possível campanha de vacinação em Santa Catarina.

Tríplice Viral pode ser uma esperança para diminuir número de internações pela Covid-19 – Foto: Tasso Marcelo/Estadão ConteúdoTríplice Viral pode ser uma esperança para diminuir número de internações pela Covid-19 – Foto: Tasso Marcelo/Estadão Conteúdo

Ainda não é hora de procurar a vacina em postos e clínicas 394d1l

“O que a gente não pode ter agora é uma corrida para a vacinação em postos de saúde e em clínicas por qualquer indivíduo achando que assim estaria protegido contra a pandemia da Covid-19, que não é o fato”, destacou o secretário de Saúde de Florianópolis, Carlos Alberto Justo da Silva, em entrevista concedida ao ND Notícias na noite desta quarta-feira (10).

Este alerta foi também dado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) e em nota emitida pela própria UFSC.

“Essa vacina é do PNI (Programa Nacional de Imunizações), ela está no calendário da vacinação da criança. Não é uma vacina para adultos, não tem essa indicação agora”.

“Talvez ela venha a ser para adultos, depois dos estudos, mas isso precisa de uma orientação técnica”, diz Aguinaldo Roberto Pinto, epidemiologista da UFSC.

O estudo ainda está em fase preliminar, e os resultados ainda são avaliados pelo Estado para iniciar uma campanha de vacinação ou não.

Vale ressaltar que não se trata de um método de prevenção ou tratamento precoce da doença. A Prefeitura de Florianópolis emitiu uma nota em que informa que está “aguardando a conclusão e a publicação oficial da pesquisa, de acordo com os métodos científicos padronizados”.

Por enquanto, a tríplice viral está disponível no calendário de vacinação e é distribuída no SUS (Sistema Único de Saúde) para o público-alvo, que são crianças. Ela é uma vacina fundamental para prevenir o sarampo, rubéola e caxumba.

A indicação é que todos tenham tomado duas doses até os 29 anos. Aqueles entre 30 e 59 anos, se não vacinados anteriormente, devem fazer uma dose.

Como existe imunização com uma vacina inespecífica? 2d1j3v

Um ponto que gera dúvidas é sobre como uma vacina que protege contra sarampo, caxumba e rubéola pode ter algum tipo de eficácia contra a Covid-19, mesmo não tendo os anticorpos necessários.

Como o estudo ainda não foi divulgado abertamente, não há uma certeza a respeito de como funciona esse mecanismo. O que o coordenador da pesquisa, Edison Natal Fedrizzi, já adiantou, é que a tríplice viral não diminui o número de casos de Covid-19.

“A vacina específica da Covid é que oferece os anticorpos necessários para combater a doença. O uso da tríplice viral seria emergencial e temporário”, ressalta Fedrizzi.

Para o epidemiologista da UFSC Aguinaldo Pinto, o funcionamento da tríplice viral contra a Covid-19 pode ter duas explicações.

“Uma delas é que essa vacina vai estimular mecanismos da resposta imune inata, principalmente uma molécula chamada de interferon. Quando uma pessoa tem uma infecção por qualquer tipo de vírus, geralmente as células produzem essa molécula que serve para combater a infecção viral”, explica Pinto.

Assim, o que se acredita é que, quando as pessoas são vacinadas por essa vacina, que tem três vírus atenuados nela, há uma infecção branda. Ou seja, quem for vacinado, produzirá a molécula de interferon, que protege contra outros vírus, como da gripe e Covid-19.

“Então, enquanto essa vacina está estimulando a resposta durante o corpo da pessoa, essa molécula protege contra qualquer vírus. A outra possibilidade é que anticorpos feitos contra esses vírus da vacina tríplice viral possam, de forma inespecífica, se ligar ao vírus da Covid-19”, detalha.

“Isso teoricamente também pode acontecer, embora não seja muito comum. Eu acredito que a primeira possibilidade [molécula de interferon] tenha mais chances de ser verdadeira”, complementa o epidemiologista.

Quem seria vacinado em uma possível campanha? 4292s

O principal objetivo do uso da tríplice viral contra a Covid-19 é utilizá-la emergencialmente no público não-prioritário da imunização do coronavírus, que é o que mais circula e transmite a doença, e que ainda não tem previsão de receber doses da vacina específica.

De acordo com o coordenador da pesquisa, crianças e adolescentes não precisariam tomar a vacina novamente, pois já estão protegidos.

A campanha de vacinação com a tríplice viral poderia, então, ser realizada com toda a população entre 18 e 60 anos, sem comorbidades.

Por ser uma vacina com vírus vivo, ela não é indicada para indivíduos imunossuprimidos, ou seja, que têm o sistema imunológico com baixa atividade.

Gestantes também não devem receber a vacina tríplice viral.

Há doses e insumos suficientes? 174d30

Em entrevista concedido ao Grupo ND, o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, abordou o assunto da tríplice viral. Segundo ele, desde junho ado o Estado é fomentador dessa pesquisa e os resultados preliminares, em outubro, foram animadores.

Caso seja confirmada a eficácia, a Secretaria da Saúde pretende disponibilizar, inicialmente, 500 mil doses da vacina.

Motta destacou que devem ser observados alguns pontos para mobilização de aplicação dessa vacina, como insumos adequados, pessoas treinadas e ambientes diferentes da vacinação contra o coronavírus.

Em nota publicada pela SES nesta quarta-feira, o governo do Estado também citou a cautela neste momento.

“Esperamos os resultados concretos da pesquisa e estamos atentos a todas possibilidades reais que venham auxiliar no combate à pandemia”, disse o secretário.

A SES realizou um planejamento durante o ano de 2020 e já iniciou o processo de aquisição de insumos para serem utilizados nas diversas ações e campanhas de vacinação que ocorrerão em 2021, inclusive pensando na possibilidade de uma ação de vacinação utilizando a tríplice viral.

O Superintendente de Vigilância em Saúde, Eduardo Macário, reforça que está é dada toda a atenção ao estudo.

“A SES está tratando o assunto com a máxima seriedade. Estamos aguardando o compartilhamento dos relatório da pesquisa com a descrição da metodologia e dos resultados definitivos do estudo para discutirmos com os pesquisadores e especialistas visando sua possível implantação como estratégia complementar ao enfrentamento à Covid-19, definição de público alvo e demais estratégias. Também vamos debater com os secretários municipais a viabilidade dessa ação”, conclui.

O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, se mostrou animado depois da reunião realizada com os pesquisadores da UFSC na terça-feira (9). “Há uma possibilidade real”, disse o prefeito.

Uma dose da vacina seria eficaz por seis meses, ao o que uma dose dupla é válida por um ano, o que o mandatário considerou como um ganho de “tempo precioso”.

Segundo Gean, a ideia é utilizar o imunizante em maiores de 18 anos que demorariam mais para receber a dose da Covid-19, considerando a fila de prioridades que, atualmente, é encabeçada por idosos e trabalhadores da saúde.

A pesquisa 4wh35

O estudo faz parte de um edital de 2020 lançado pela Fapesc (Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina) que aprovou, ao todo, cinco pesquisas para reduzir o impacto da pandemia.

De acordo com a Fundação, dados preliminares apontaram a redução pela metade do risco de contrair Covid-19 sintomática, caso a vacina tríplice viral seja utilizada.

A necessidade de internação cairia 76%. Segundo os resultados preliminares apresentados pelos pesquisadores, “a vacina tríplice viral pode reduzir a gravidade da doença porque estimula o sistema imune. Para realizar a análise, 430 profissionais da saúde da Grande Florianópolis foram acompanhados”.

Metade deles recebeu a vacina e a outra metade placebo. O prazo final da pesquisa é junho deste ano, mas os pesquisadores esperam divulgar os dados finais já entre março e abril.

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