A prática de atividades físicas tem diversos benefícios para a saúde da mulher, como a prevenção de doenças, redução de estresse e sintomas da ansiedade. Entretanto, os diferentes níveis de hormônios femininos produzidos ao longo do mês podem influenciar a performance durante as atividades.
Foi pensando nisso que o Personal Trainer de Alex Silva, de 45 anos, adaptou os seus treinos conforme o ciclo menstrual de suas alunas, com a intenção de melhorar a intensidade dos exercícios físicos de acordo com a variação hormonal ao longo do mês.

Gisele Mattos, de 42 anos, faz parte do grupo de alunas de Alex. Segundo ela, existe uma diferença com a prática de exercício físico considerando o ciclo hormonal feminino.
“Acho a metodologia do Alex muito inteligente. Ele individualiza o treino de cada aluna e, assim, consegue trazer benefícios não só para estética, mas para saúde também. Individualizando o treino ele consegue istrar melhor a questão hormonal de cada uma”.
Entre altos e baixos do ciclo menstrual
Segundo o personal, a ideia de pensar em treinos de academia com foco no ciclo menstrual surgiu em 2009, quando se mudou para Florianópolis e percebeu a necessidade entre as alunas. “As salas de ginásticas eram cheias de meninas, mas na musculação não tinha nenhuma mulher”, relembra.
O personal começou a estudar a relação entre exercícios físicos e saúde feminina e montou sua própria assessoria, existente há 14 anos.
“Venho tentando adaptar esse tipo de treinamento para as meninas de academia. Cada ciclo tem uma particularidade de hormônios. Não tem como você fazer uma mulher treinar forte numa fase de ciclo menstrual, em que os hormônios estão lá embaixo. A parte psicológica fica difícil e tem a questão da TPM também. Mas quando as taxas de hormônios estão em alta as meninas voam!”, conta.
Gisele completa que praticar exercício físico vai além da obtenção de massa muscular, uma vez que também auxilia no controle das cólicas menstruais.
“A liberação de endorfina na prática de atividade física diminui consideravelmente os sintomas de TPM e traz muito mais conforto para a mulher durante o ciclo menstrual”, revela.
Segundo a médica endocrinologista Camila Spivakoski, o ciclo menstrual é um processo complexo que a mulher em idade reprodutiva vivencia a cada mês.
“Nesse período acontecem variações hormonais conforme a fase que essa mulher se encontra, e que podem influenciar, sim, no rendimento da prática de atividade, com fases de maior e menor rendimento físico”, explica ela.
A endocrinologista explica que cada mulher é única e que as meninas não apresentam os mesmos sintomas ao longo do mês, mas os hormônios podem influenciar no rendimento durante as atividades físicas.
“Na fase inicial do ciclo, chamada folicular, há o aumento dos níveis de estrogênio e a mulher pode sentir uma melhora da força muscular, da disposição e da capacidade aeróbica. Na fase ovulatória, em que acontece o pico hormonal, algumas mulheres podem experimentar um aumento da motivação e da potência muscular. Já na fase lútea, onde acontece aumento dos níveis de progesterona, pode acontecer uma menor eficiência energética, com aumento da fadiga muscular e consequente redução do rendimento físico”, conta.
Controle de distúrbios hormonais
Jaqueline Barbosa, também médica endocrinologista, conta que a prática de exercício físico regular ajuda a controlar distúrbios hormonais, como, por exemplo, a SOP (síndrome do ovário policístico) por melhorar a resistência à insulina. Com isso é possível regularizar os ciclos menstruais nas mulheres que sofrem com a síndrome.
“Praticar atividade física também alivia sintomas de endometriose por reduzir a liberação de citocinas inflamatórias para o organismo e ameniza as cólicas e os sintomas de TPM por conta dos neurotransmissores relacionados ao prazer e alegria. Isso resulta na diminuição da sensibilidade à dor”, finaliza.