Os dados desta sexta-feira (12), que completam um ano de pandemia da Covid-19 em território catarinense, ainda demonstram uma situação crítica, com o recorde de casos e de mortes registradas em 2021 em SC.
Foram 6.653 pacientes que testaram positivo e 125 que morreram em decorrência do vírus, apenas nas últimas 24h. Atualmente, mais de 38,8 mil catarinenses seguem com o vírus ativo, maior montante registrado na pandemia.
Escalada de mortes deixou uma média de quatro óbitos de catarinenses por hora nos últimos dias – Foto: Arvito Concatto/NDTV/NDMesmo depois de dozes meses convivendo com restrições e picos de casos, a situação atual apresentou o panorama mais chocante da pandemia: a superlotação do sistema público de saúde.
São 398 catarinenses aguardando por atendimento em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), considerando a total lotação dos leitos em todas as 55 unidades do Estado.
Isso não havia ocorrido anteriormente, mesmo nos grandes picos registrados em meados de agosto ou novembro.
Há 30 dias atrás, Santa Catarina somava 608 mil casos da Covid-19, número que subiu para 724 mil, também levando consigo uma alta no número de mortes.
Vale ressaltar que o número mais preocupante, além da lotação dos hospitais, é o de casos ativos, pois o crescimento foi expressivo. Foram de 18 mil para 38 mil em um mês, uma alta de 106%, o que deixa o Estado na sua situação mais preocupante até então.
Em porcentagem, o pico de novembro, que era o mais crítico, foi semelhante, com alta de 101% na mesma lacuna de 30 dias. Contudo, o número absoluto mais crítico ainda era de menos de 30 mil, o que abria mais espaço para repostas do poder público.
“Sem medidas enérgicas não temos como ter nenhum retorno à normalidade, nem ao crescimento econômico. Os hospitais estão lotando, as pessoas estão morrendo na porta do hospitais, morrendo em casa. Pode ser que não tenhamos local para enterrar os corpos”, disse a doutora em Saúde Pública e Epidemiologia pela Fundação Oswaldo Cruz, Eleonora D’Orsi, em entrevista ao nd+.
A situação é tão crítica que diversos pacientes da região Oeste, que entrou em colapso primeiro do que as demais, estão sendo transferidos para o Espírito Santo, devido à indisponibilidade de vagas nos hospitais. Somente 16 leitos foram oferecidos no Estado. Ainda assim, mortes foram registradas, como a do catarinense Daniel Pegoraro, que morreu internado no Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, no município de Serra (ES).
Março registrou mais mortes do que os demais meses 5y6672
A média de mortes no mês de março é de cerca de quatro óbitos a cada hora, sendo que as atualizações epidemiológicas desta semana registraram mais de 100 óbitos por dia, número altíssimo e não visto antes no transcorrer da pandemia.
Os mais atingidos seguem sendo os mais velhos, sendo que a maioria dos que faleceram pela Covid-19 estão na faixa dos 70 anos.
As mortes mais recentes, segundo o Superintendente de Vigilância em Saúde de Santa Catarina, Eduardo Macário, seguem uma tendência em relação ao pico de casos, concentrando-se principalmente nas cidades que tiveram agravamento na situação nas últimas semanas: Chapecó, Florianópolis e ville.
“Esse dado reflete a situação grave em termos de casos das últimas quatro semanas. É um acumulado de casos envolvendo também os jovens e pessoas que foram infectadas nas últimas semanas. Temos percebido um histórico de casos ativos justamente de pessoas mais jovens que se expam ou tiveram contato com quem se expôs à aglomerações”, afirma.
Panorama de concentração ainda é semelhante h2v36
Apesar da mudança drástica no cenário, a distribuição de casos ainda é semelhante, com grande foco na capital e no Norte catarinense, além de Chapecó, no Oeste, que também soma uma grande quantia de confirmações.
Florianópolis e ville, porém, tem uma diferença de mais de 20 mil confirmações em relação as demais.
Os municípios com mais casos confirmados da Covid-19 em SC são: 4ud57
- ville: 69.161
- Florianópolis: 63.946
- Blumenau: 38.317
- Chapecó: 28.592
- São José: 28.168
- Criciúma: 24.704
- Palhoça:21.776
- Balneário Camboriú: 19.762
- Brusque: 18.899
- Itajaí: 18.500
Segundo o boletim do NECAT (Núcleo de Estudos de Economia Catarinense), o Oeste teve o maior crescimento de casos nos últimos dias.
“Em síntese, pode-se dizer que a dinâmica regional atual da Covid-19 em Santa Catarina revela diferentes cenários. Por um lado, nota-se a continuidade do expressivo crescimento do contágio na mesorregião Oeste, local com a maior taxa de crescimento do Estado, inclusive muito acima da média estadual (5,5%)”, diz a 43ª edição do documento, assinada pelo professor e doutor Lauro Mattei.
Atualmente, Santa Catarina ainda é, segundo os dados do Conass (Conselho Nacional de Secretarias de Saúde), o 5º Estado com maior número de confirmações de casos e o 12º em mortes pela Covid-19.
SC tem menos de 2% da população vacinada g402p
Os últimos dados, também desta sexta (12), indicam um total de 91,3 mil (10 mil a mais no que na quarta-feira) catarinenses que foram totalmente imunizados, considerando as aplicações das duas doses da vacina. São 280 mil que já tomaram a primeira dose.
Balanço preliminar de vacinação – Foto: DIVE/SC/NDOu seja, cerca de 1,1% dos catarinenses já foram totalmente imunizados, sendo que a campanha de vacinação segue abarcando somente os grupos prioritários.
Atualmente, 37% dos trabalhadores da saúde já foram totalmente imunizados, 94% dos idosos em instituições de longa permanência, e metade dos indígenas.
SC tem um dos menores índices de isolamento social 4f3c1r
Refletindo a quinta-feira (11), foram somente 29,6% dos catarinenses em casa, ante uma média nacional de 33,4%. No ranking das Unidades Federativas, Santa Catarina é o segundo Estado menos isolado.
Quem ocupa o posto de menor índice é o MS, com 29,5%, ao o que o Ceará lidera com 41%.
Há dias que Santa Catarina têm sofrido baixas no isolamento social, ainda que com maiores restrições. Na segunda (8), o Estado também era o segundo menos isolado de todo o país, e durante a quarta (10) foi o menos isolado.
Os dados são da plataforma In Loco, que mapeia 1,5 milhão de catarinenses via smartphone.
Atualmente, o Governo ensaia postergar as restrições aos fins de semana e aplicar uma lei seca para conter a população. Um novo decreto com as regras vigentes para os próximos dias foi publicado na quarta (10).
O governador Carlos Moisés (PSL) decretou medida que permite o funcionamento somente de serviços e atividades essenciais aos finais de semana, além de restrição do consumo de bebidas alcoólicas, a partir das 21h até o dia 19 de março.
Confira o mapa nacional:
