Conforme um estudo apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, superbactérias podem ser transmitidas de porcos para os seres humanos, o que acende um alerta para a resistência de medicamentos antimicrobianos que existem atualmente.

Os pesquisadores, que são da Universidade de Copenhague e do Statens Serum Institut, na Dinamarca, analisaram amostras da superbactéria Clostridioides difficile, que afeta o intestino humano, causando diarreias e até mesmo mortes, em 14 fazendas de porcos localizadas no país.
“C. difficile é a causa mais comum de colite associada a antibióticos e é tipicamente adquirida em hospital, mas casos adquiridos em comunidades estão aumentando. A diarreia induzida por C. difficile ocorre em até 8% dos pacientes hospitalizados”, descreve o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento.

Hoje em dia, apenas três medicamentos são capazes de eliminar tal bactéria do nosso organismo.
Os estudiosos descobriram que o compartilhamento de genes entre suínos e humanos possuem uma maior resistência aos antibióticos, o que indica que a transmissão dos animais para humanos é possível.
“Nossa descoberta de genes de resistência múltiplos e compartilhados indica que a C. difficile é um reservatório de genes de resistência antimicrobiana que podem ser trocados entre animais e humanos”, afirma o cientista e autor da pesquisa, Semeh Bejaoui.
“Essa descoberta alarmante sugere que a resistência aos antibióticos pode se espalhar mais amplamente do que se pensava anteriormente e confirma os elos na cadeia de resistência que leva de animais de fazenda a humanos”, ressalta.
A bactéria já era considerada como uma grande ameaça na resistência aos antibióticos, visto que em 2017, nos Estados Unidos, cerca de 224 mil pessoas foram infectadas por ela. Desse número, 12,8 mil morreram. Sua resistência aos antibióticos está diretamente associada ao uso excessivo na medicina e também na produção de proteína animal.
“Este estudo fornece mais evidências sobre a pressão evolutiva relacionada ao uso de antimicrobianos na pecuária, que seleciona patógenos humanos perigosamente resistentes. Isso destaca a importância de adotar uma abordagem mais abrangente para o manejo da infecção por C. difficile, a fim de considerar todas as possíveis vias de disseminação”, conclui o pesquisador.
*Com informações do portal R7