Urukã, de 64 anos, foi o primeiro indígena a morrer pela Covid-19 em Santa Catarina. Da etnia Kaingang, ele era morador de Entre Rios, no Oeste do Estado. Internado por 11 dias no Hospital São Paulo, em Xanxerê, Urukã morreu no fim da tarde de sexta-feira (5).

A suspeita da secretaria de Saúde de Entre Rios é que ele tenha contraído o vírus de um dos dois filhos, que trabalha em uma indústria da região.
Além de Urakã, outros 29 indígenas foram infectados pelo coronavírus na cidade de pouco mais de 3 mil habitantes (IBGE).
As etnias Kaingang e Guarani representam 40% da população de Entre Rios, que tem um total de 104 infectados e dois mortos pela Covid-19.
A primeira morte no município foi de Leonildo Geminiano dos Santos, de 54 anos. Ele era motorista da prefeitura e morreu em 28 de maio.
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O município foi primeiro do Estado a decretar situação de calamidade pública. Segundo a secretária de Saúde, Sonia da Rosa Lentz Belém, “a situação é bem grave”. A expectativa é que o prefeito Jurandi Dell’Osbel (PP) prorrogue as medidas de restrição na próxima segunda-feira (15). Assim, atividades não essenciais permaneceram fechadas.
Município aposta no isolamento 5v1k12
A secretária de saúde de Entre Rios afirmou que há um cuidado redobrado com a população indígena do município. Segundo ela, estão sendo feitas ações junto a órgãos específicos dessa população, para o acompanhamento dos doentes.
Sonia afirmou, ainda, que o isolamento da população tem sido usado como estratégia de combate e que foi pedido que indígenas moradores do município tenham férias durante o período de isolamento social.
103 indígenas foram infectados na região 491h5e
O polo regional da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) que atende Abelardo Luz, Entre Rios e Ipuaçu, compartilha a preocupação sobre o avanço da doença. Segundo dados do órgão, 103 indígenas estão infectados pela Covid-19 na região.
Ipuaçu é o município que mais preocupa, pois, segundo a Sesai, tem 73 indígenas infectados. Desses, duas mulheres estão internadas na UTI do Hospital São Paulo, em Xanxerê.
A assistente social da Sesai Idiane da Silva, que é indígena da etnia Kaingang, afirma que a preocupação é com as pessoas em situação de vulnerabilidade.
“Estamos nos esforçando para isolar casos suspeitos e tentando auxiliar a população mais vulnerável. A situação aqui é gravíssima”, comenta. Um ofício do polo regional foi encaminhado ao governo do Estado pedindo que o Colégio Aldeia Cacique Vanhkre, em Ipuaçu, seja usado para abrigar indígenas da região sem recursos financeiros.
No polo próximo, em Chapecó, estão sendo feitas triagens junto à população indígena para identificar casos assintomáticos. Quem teve contato com pessoas infectadas está sendo testado e encaminhado a hospitais, caso apresentem sintomas. A Sesai estima que a população indígena no município seja de 2 mil habitantes.