Geisy Magalhães, educadora física de 30 anos, estava radiante com a gravidez planejada de sua primeira filha, Liv. No entanto, sua felicidade deu lugar ao medo quando um ultrassom realizado na 16ª semana de gestação revelou uma malformação no feto – um acúmulo de líquido nas costas de Liv, indicativo de mielomeningocele, um defeito congênito na coluna vertebral, também conhecido como espinha bífida.

O diagnóstico foi confirmado em um segundo exame realizado em Salvador, distante 250 quilômetros de Valente, na Bahia, onde Geisy mora.
Segundo entrevista para o portal Maire Claire, o impacto da notícia foi avassalador para ela, especialmente ao considerar que uma das consequências da condição era a possível perda da movimentação dos membros inferiores da bebê.
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Seguindo a recomendação médica, Geisy marcou uma consulta com um cirurgião fetal em São Paulo. A orientação foi para que Liv fosse submetida a uma cirurgia ainda dentro do útero.
Hospedando-se na casa de um parente na capital paulista, Geisy ou pelo procedimento em 20 de fevereiro, quando estava no sexto mês de gestação.
A cirurgia envolveu uma incisão maior do que a de uma cesariana, tanto na barriga quanto no útero, para corrigir a coluna da bebê. Quatro dias após a operação, Geisy recebeu alta hospitalar.
Um ponto relevante é que Geisy não precisou arcar com as despesas médicas, pois foi incluída em uma parceria estabelecida entre a Fundação Banco do Brasil e o Hcor, visando realizar cirurgias intrauterinas em mulheres cujos bebês são diagnosticados com mielomeningocele.
O que é mielomeningocele? 46m1x
Segundo o Ministério da Saúde, a mielomeningocele é uma condição congênita na qual a medula espinhal e as meninges (as membranas que envolvem a medula espinhal) não se desenvolvem adequadamente durante a gestação.
Isso resulta em uma abertura na coluna vertebral do feto, geralmente nas regiões lombares ou lombossacrais, o que leva ao protrusão da medula espinhal e das meninges para fora do corpo, formando uma bolsa ou cisto na região das costas do bebê.

Essa malformação pode causar danos irreversíveis à medula espinhal e aos nervos que a rodeiam, resultando em problemas de movimento, sensibilidade e controle da bexiga e do intestino.
Além disso, os bebês com mielomeningocele podem ter complicações adicionais, como hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro), problemas ortopédicos e de desenvolvimento neurológico.
O tratamento da mielomeningocele geralmente envolve cirurgia para fechar a abertura na coluna vertebral e proteger a medula espinhal. O prognóstico e o impacto da condição variam de acordo com a extensão da malformação e o nível de comprometimento neurológico do bebê.
Como é feita a cirurgia intrauterina? 6e3j13
A cirurgia intrauterina de mielomeningocele é um procedimento delicado realizado enquanto o feto ainda está dentro do útero da mãe.
Geralmente, é indicada entre as semanas 19 e 26 de gestação, quando o feto está suficientemente desenvolvido para tolerar o procedimento, mas ainda não sofreu danos neurológicos significativos devido à exposição prolongada à amniótico.
O procedimento é realizado sob anestesia geral, tanto para a mãe quanto para o feto, e envolve as seguintes etapas:
- 1. Abertura do útero: O cirurgião faz uma incisão na barriga da mãe para expor o útero.
- 2. Exposição do feto: Uma segunda incisão é feita no útero para expor o feto.
- 3. Correção da mielomeningocele: O cirurgião trabalha para reparar a abertura na coluna vertebral do feto e cobrir a medula espinhal exposta com tecido normal da pele, membranas ou enxertos biológicos.
- 4. Fechamento do útero: Após a correção da mielomeningocele, o útero é fechado em camadas, e a cirurgia na mãe é concluída.
- 5. Recuperação: Após a cirurgia, a mãe é monitorada para garantir que não haja complicações. Ela pode precisar permanecer no hospital por alguns dias para observação.
A cirurgia intrauterina de mielomeningocele visa reduzir os danos neurológicos ao feto e melhorar o prognóstico geral da criança. Embora o procedimento possa oferecer benefícios significativos, também apresenta riscos, como parto prematuro e complicações maternas.
Portanto, é importante que a mãe e sua equipe médica discutam detalhadamente os prós e contras antes de decidir realizar a cirurgia.