Cerca de 50% das pacientes provenientes dos consultórios de infertilidade têm como causa a endometriose, de acordo com dados da Associação Brasileira de Endometriose (SBE). Além disso, informações do Ministério da Saúde apontam que uma em cada 10 mulheres no Brasil sofre da doença, que é mais frequente entre os 25 e os 35 anos de idade.
Esses dados apontam para uma forte relação entre infertilidade e endometriose.

Para o ginecologista do Hospital Baía Sul, em Florianópolis, Esdras Camargo, além da endometriose, há outros fatores que levam à infertilidade feminina, como doença tubária, miomas e pólipos, disfunção ovulatória, distúrbios hormonais, entre outros.
O ginecologista destaca também que nem todas as mulheres diagnosticadas com endometriose são inférteis ou terão dificuldade para engravidar.
Carolina Vieira Zumblick foi diagnosticada com endometriose em 2018. Além do histórico familiar – sua mãe também tem a doença, Carolina afirma que sentia dores e sangramento quando foi realizar acompanhamento com a ginecologista e mastologista Rebeca Heinzen. A médica solicitou exames de imagem, identificando o problema.
“A partir disso identificamos a endometriose, considerando também o contexto de dores e sangramento que eu tinha, e começamos a acompanhar o meu caso. O diagnóstico justificou todas as dores que eu sentia desde sempre, e conseguimos ligar os pontos com o exame de imagem”, afirma Carolina.
Casos são estudados de forma individualizada 2p3c44
O ginecologista Esdras Camargo afirma que é muito importante abordar o assunto, porém com algumas ressalvas. Segundo ele, há uma crença popular de que mulheres com endometriose seriam automaticamente inférteis.
“Essa é uma pergunta importante, porque na verdade estudamos o caso de forma individualizada para afastar outras possíveis causas de infertilidade, e, ainda assim, não há como prever se a paciente com endometriose terá infertilidade ou não. Há uma crença de que pacientes que têm endometriose profunda avançada já seriam inférteis, havendo a indicação de cirurgias desnecessárias, quando a fertilidade natural sequer foi testada. Por isso, costumo dizer que para saber se há infertilidade é preciso tentar primeiro”, afirma.
Tratamentos podem amenizar sintomas e trazer qualidade de vida 1kp36
Para o tratamento da doença, é possível utilizar medicamentos ou cirurgias, que podem trazer qualidade de vida e aumentar as chances de ter um filho.
O ginecologista explica que a cirurgia deve ser indicada apenas quando há dor ou em casos de infertilidade.
“Se amos um tratamento com medicamentos e a paciente continua com dor, indicamos a cirurgia para que ela tenha mais qualidade de vida. Também recomendamos a cirurgia quando a doença atinge órgãos que possam levar ao risco de vida ou em casos de infertilidade que não possam ser tratados por técnicas de medicina reprodutiva, como os procedimentos de fertilização, por exemplo”, detalha.
A idade pode ser um fator determinante? 5b554a
O especialista explica ainda que a idade mais avançada pode ser um complicador para quem deseja engravidar. Segundo o médico, a partir dos 35 anos a fertilidade da mulher começa a diminuir em uma velocidade mais acentuada. Ele explica ainda que a orientação médica e informação podem ajudar.
“Se há o desejo de ser mãe, é importante que ela seja orientada pelo seu médico a gestar em uma idade fértil, porque caso a paciente apresente dificuldade para engravidar por conta da doença, será possível a tentativa de outros meios para que ela se torne mãe, evitando que o fator idade venha a ser mais um complicador”, conclui o médico.