Durante sua extensa carreira de mais de 30 anos como cardiologista, Fernando Bacal, que participou como médico da cirurgia do Faustão, fez aproximadamente mil transplantes de coração.
O apresentador recebeu alta neste domingo (10) após 15 dias de recuperação de uma cirurgia de transplante de coração e agradeceu Bacal pelo cuidado médico.

Além de cardiologista, Bacal desempenha um papel crucial como coordenador do programa de insuficiência cardíaca e transplantes no Hospital Israelita Albert Einstein e como diretor do núcleo de transplantes do Instituto do Coração.
Em sua rotina profissional, ele acompanha de perto a angustiante espera de seus pacientes por um novo coração, compartilhando suas emoções a cada doação que possibilita devolver esperança e qualidade de vida a alguns deles.
“Fausto Silva recebeu alta do Hospital Israelita Albert Einstein neste domingo, dia 10 de setembro de 2023. O paciente seguirá sob as orientações médicas e nutricionais necessárias para a reabilitação após o transplante cardíaco”, diz o boletim médico divulgado pelo hospital Paulista.
Após sua alta, a família de Faustão agradeceu o profissional que manda recado: “100% pelo SUS”.
A frase diz respeito à forma como os órgãos são doados no Brasil, totalmente regulamentados pelo Sistema Único de Saúde. De acordo com o Ministério da Saúde, a medida faz com que todos tenham o à doação, independente do seu poder aquisitivo.
Para a revista de medicina “time em saúde”, o médico disse que é preciso ter uma equipe multiprofissional para cuidar dos pacientes que precisam deste tipo de transplante.
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), 17,9 milhões de pessoas morreram de doenças cardiovasculares em 2019 – o que representa cerca de um terço de todas as mortes no mundo. Destas, 85% foram causadas por infartos ou derrames.
No Brasil, o relatório Estatística Cardiovascular, de 2021, destaca que 72% das mortes no país são devido a doenças crônicas não transmissíveis. Destas, 30% são doenças cardiovasculares.
“Na grande maioria dos pacientes, um time multiprofissional bem orientado resolve e muito os casos. Isso faz com que o sistema seja mais resolutivo e que o especialista atenda aos casos mais difíceis, já que é a especialidade dele”, argumenta o médico, que é também professor livre-docente de cardiologia pela USP e diretor do núcleo de transplantes do Incor (Instituto do Coração).
Doação de órgãos no Brasil
A doação de órgãos no Brasil segue um conjunto de diretrizes e regulamentações para garantir um processo seguro e ético, segundo o Ministério da Saúde. O sistema funciona da seguinte forma:
- Identificação do Potencial Doador: O processo geralmente começa quando um paciente é identificado como potencial doador de órgãos após diagnóstico de morte encefálica. A morte encefálica é uma condição irreversível em que o cérebro e o tronco cerebral não apresentam atividade. A identificação do potencial doador é feita por médicos e equipe médica especializada.
- Consentimento da Família: Após a identificação do potencial doador, a equipe médica entra em contato com a família para obter o consentimento para a doação. O consentimento da família é crucial e, em muitos casos, é necessário para que a doação ocorra.
- Avaliação e Compatibilidade: Uma vez obtido o consentimento, a equipe médica realiza uma avaliação detalhada dos órgãos do doador para determinar sua condição e compatibilidade com possíveis receptores. Os órgãos que podem ser doados incluem coração, pulmões, rins, fígado, pâncreas e intestinos.
- Registro no Sistema: Os dados do doador e dos órgãos disponíveis são registrados em um sistema nacional de transplantes, que ajuda a encontrar os receptores adequados com base na compatibilidade e urgência.
- Alocação de Órgãos: A alocação de órgãos é feita com base em critérios como a gravidade da condição do receptor, a compatibilidade do órgão e a distância entre o doador e o receptor. O objetivo é garantir que os órgãos sejam alocados de forma justa e eficiente.
- Transplante: Uma vez encontrados os receptores adequados, os órgãos são transplantados por equipes médicas especializadas em hospitais autorizados a realizar transplantes. O processo cirúrgico é realizado com o máximo de cuidado e precisão.
- Acompanhamento: Após o transplante, tanto os doadores quanto os receptores são acompanhados de perto para garantir que o procedimento seja bem-sucedido e que não haja complicações.
É importante ressaltar que o sistema de doação de órgãos é altamente regulamentado no Brasil e é baseado em princípios éticos e legais. O consentimento da família é considerado fundamental, e a privacidade e confidencialidade dos doadores e receptores são protegidas.
A conscientização sobre a importância da doação de órgãos é fundamental para aumentar o número de doações e salvar vidas. Muitas organizações e campanhas no Brasil promovem a doação de órgãos e oferecem informações sobre como se tornar um doador e como informar sua família sobre sua decisão de doar órgãos após a morte.