Uma manifestação enviada nesta terça-feira (18) ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo advogado-geral da União Bruno Bianco aponta que cerca de 57 mil crianças receberam vacina errada contra Covid-19 no Brasil.

Segundo o documento, publicado pela Agência Brasil, essas crianças foram imunizadas com doses para adultos não autorizadas para aplicação em menores de 18 anos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os equívocos ocorreram em todas as unidades federativas.
Bianco explica que os números foram retirados da Rede Nacional de Dados da Saúde, na qual estados e municípios são obrigados a registrar informações inseridas em todos os cartões de vacinação.
O documento afirma que o Ministério da Saúde enviou dois ofícios aos estados e ao Distrito Federal, em setembro e em novembro de 2021, perguntando sobre a aplicação de vacinas não aprovadas pela Anvisa em menores de 18 anos e também se haveria erros no cadastro das informações que pudessem ser retificadas, sem respostas.
Pedido de liminar 4a5f28
Bianco pediu a Lewandowski para conceder uma liminar (decisão provisória) que obrigue estados e municípios a interromper qualquer campanha de vacinação de crianças e adolescentes que não esteja em acordo com as diretrizes da Anvisa e do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.
O advogado-geral diz que mesmo que as informações da Rede Nacional de Dados da Saúde necessitem de apuração junto com os estados e municípios, números justificam medida cautelar, que “podem vir a revelar, nas hipóteses mais extremas, casos de negligência gravíssima na aplicação de vacinas”.
Bianco pede ainda que Lewandowski determine aos estados e municípios a identificarem todas as crianças e adolescentes que receberam vacinas erradas, para que sejam acompanhadas em casos de reações adversas. O procedimento é recomendado pela Anvisa.
Faixas etárias 5j1i3w
De acordo com tabela extraída da Rede Nacional de Dados da Saúde e que consta na manifestação da AGU, 2,4 mil crianças de até 4 anos foram vacinadas contra a covid-19 – ainda que a imunização nessa faixa etária não tenha nenhum respaldo da Anvisa ou do próprio Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação.

Além disso, 4,4 mil crianças entre 5 e 11 anos teriam recebido vacinas de outros fabricantes que não a Pfizer/BioNtech, única aprovada pela Anvisa para aplicação nessa faixa etária.
A tabela também aponta a aplicação da vacina da Pfizer, mas em sua versão para adultos, em 18,8 mil crianças entre 5 a 11 anos no lugar de doses pediátricas aprovadas pela Anvisa para essa faixa etária e cujas primeiras remessas só chegaram ao Brasil este ano.
No caso de adolescentes entre 12 e 17 anos, 29,3 mil receberam doses de farmacêuticas – AstraZeneca, Sinovac ou Janssen – que ainda não receberam autorização da Anvisa para aplicação nessa faixa etária.
Vacina 2a3qj
A Anvisa aprovou em dezembro o uso da vacina produzida pelo consórcio Pfizer-BioNTech, a Comirnaty, contra a covid-19 em crianças com idade de 5 a 11 anos.
Pesquisas mostram que o imunizante, quando istrado em duas doses, pode ser eficaz na prevenção de doenças graves podem ser causadas pelo coronavírus.
O imunizante já está em uso em crianças de 5 a 11 anos em 30 países e cerca de 10 milhões de doses foram aplicadas somente nos Estados Unidos e no Canadá.