A maquiadora e influenciadora digital Marilia Gabriela Furlan viveu momentos de desespero em Criciúma, no Sul de Santa Catarina, após o filho Caetano, de 2 meses, precisar ser internado em uma UTI pediátrica por apresentar quadro de bronquiolite.

Inicialmente, Marilia buscou no sábado (14) atendimento no HMISC (Hospital Materno-Infantil de Santa Catarina), mas diante da fila de espera resolveu levar o pequeno até um hospital particular da cidade, onde ele precisou ser internado imediatamente.
“Como não tinha leito no SUS, internamos na UTI aqui mesmo particular. Quando surgiu a possibilidade de um leito, preferimos não transferir para preservar o tratamento dele. Não seria interessante ele sair daqui. Nesse momento pouco importava valores, só a vida dele”, revela Marilia ao ND+.
Para custear três diárias de internação no hospital, ela precisou fazer um empréstimo e desembolsar R$ 22 mil. O total daria cerca de R$ 30 mil, mas a instituição aceitou o valor.
Abalada e revoltada com a situação, Marilia compartilhou em seu perfil o que estava vivendo junto com os seguidores e amigos. Logo, eles se mobilizaram no fim de semana e cobraram uma atitude do Estado, além disso, criaram uma vaquinha para custear o tratamento de Caetano.
Ainda no domingo (15), veio a boa notícia: a SES (Secretária de Estado Saúde) confirmou, por meio de nota, que iria arcar com os custos de internação do bebê até que seja realizada a transferência dele para o sistema público.
“Agora estou aguardando o Estado entrar em contato, não sei como isso funciona. Tem uma amiga me ajudando, porque estou sempre com o Caetano aqui na UTI e muito abalada emocionalmente, mas resolvendo tudo conforme possível”, diz Marilia.
A vaquinha feita pelos amigos da influenciadora, até esta segunda-feira (16), já havia arrecadado mais de R$ 40 mil. O valor, caso o Estado não arque com os custos, será destinado para o tratamento de Caetano e para outras mãe que estariam vivendo a mesma situação no Estado.
Neste momento, Caetano continua hospitalizado em Criciúma. “O quadro dele ainda é grave. Ele segue entubado com medicação para manter o coração e máquina para oxigênio, mas já está melhor”, comenta a mãe.
Marilia agora torce pela recuperação do filho. “Eu choro muito, me culpo, me questiono, mas enxugo as lágrimas para conversar no ouvidinho dele e dizer que vai ficar tudo bem, Deus está cuidando da gente por meio de tanto amor que estamos recebendo e de nos permitir ter o a uma equipe médica tão competente”, declara a maquiadora.
A luta por um leito para Joaquim
A mãe Cristina Gonçalves, de Turvo, no Sul do Estado, também viveu situação semelhante a de Marilia: a falta de um leito de UTI para o filho Joaquim, de três anos e cinco meses.

Segundo Cristina, ele sofre de paralisia cerebral e precisou ser levado na sexta-feira (13) até o Hospital São Sebastião na cidade, após apresentar problemas respiratórios.
“Conversei com a pediatra e ela me orientou a levá-lo para a emergência do hospital porque ele precisaria ser internado. Fomos e voltamos embora. Quando chegamos em casa, tivemos que acionar os bombeiros porque ele teve uma parada cardíaca”, lembra a mãe.
Desde o episódio, Joaquim precisou ficar internado na unidade hospitalar. “Foi aí que começou a nossa luta porque o hospital não tem estrutura para manter uma criança lá. É um hospital só de pronto-atendimento”, comenta Cristina.
Na manhã seguinte, o garoto teve uma nova parada cardíaca e precisou ser entubado na emergência do local. “Depois disso tentamos transferência para todo e qualquer tipo de hospital de Santa Catarina e nenhum disponibilizava de leito de UTI“, afirma.
A família de Joaquim, então, decidiu acionar uma advogada já conhecida para conseguir uma judicialização de leito. “Porque é um direito de todos terem vaga de leito e não estavam cumprindo com isso”, revela a mãe.
O pedido foi feito junto ao Ministério Público da comarca, contudo, o recurso acabou sendo negado. O apelo, então, foi parar no Ministério Público Federal que autorizou, por meio de liminar, a internação em, no máximo, um dia. Entretanto, os problemas continuaram.
Um hospital particular de Criciúma chegou a ofertar uma vaga de leito na UTI. “Ficamos eufóricos. O Joaquim começou a se estabilizar e nós começamos a arrumar o quadro dele para poder fazer uma possível transferência de helicóptero ou ambulância. Quando estava tudo pronto, o hospital retirou a oferta”, conta a mãe.
Mesmo como uma liminar em mãos, a família de Joaquim não conseguia um leito de UTI. O jeito foi mobilizar amigos e conhecidos para cobrar amparo do Estado. “A gente que é mãe quando mexem com o nosso filho, a gente faz o possível e o impossível”, declara Cristina.
Joaquim acabou sendo transferido às 22h deste domingo (15) para o hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, onde segue internado na UTI em estado grave.
Sul de SC sem leitos pediátricos
Segundo dados do boletim epidemiológico do coronavírus publicado nesse domingo (15), o Sul catarinense registra 100% de ocupação em leitos pediátricos e neonatal. Ao todo, são seis vagas no pediátrico e 18 no no neonatal.
Já Santa Catarina registra 97,2%, com 141 leitos pediátricos sendo utilizados. Há quatro disponíveis apenas na Região de Foz do Rio Itajai. Já a ocupação na UTI neonatal é menor:92,8%, com 40 leitos disponíveis no Estado.
SC diz que está buscando leitos pediátricos em outros Estados
Em nota, o governo de Santa Catarina informou que está empenhado em garantir o atendimento pleno aos pacientes pediátricos e acrescentou que diante do momento sazonal, com casos de doenças respiratórias, há grande demanda de leitos hospitalares infantis, causando uma sobrecarga no sistema de saúde.
Também esclareceu que está desde o início do ano, através da SES, se dedicando à ampliação dos leitos, não apenas os de UTIs, mas também os leitos clínicos de retaguarda.
Da mesma forma, disse que as equipes das unidades de saúde vem desenvolvendo fluxos de rotatividade dos pacientes, promovendo, sempre que possível, uma redução no tempo de permanência nas UTIs.
Além disso, informou que a SES, através CERIH (Central Estadual de Regulação de Internações Hospitalares), está realizando a busca por leitos nos sistemas privados, para contratação, assim como em Estados vizinhos, para caso necessário, seja feita a transferência dos pacientes.
A secretaria lembra que essas transferências devem respeitar os protocolos de gravidade, visando a segurança na movimentação do paciente.
Posicionamento do hospital
O Hospital Materno-Infantil de Santa Catarina também se posicionou e informou, por meio de nota, que não está medindo esforços para conseguir atender toda a demanda terapêutica da melhor e mais rápida forma possível como sempre foi feito.
Além disso, informou que atualmente há uma alta demanda e uma falta generalizada de leitos de UTI neonatal e pediátrica em todo o Estado, e que se trata de uma questão pontual do hospital ou do município de Criciúma.