Quem não gosta de guloseimas? O crescimento recente de vídeos ensinando receitas caseiras de balas, chocolates e sorvete, vem preocupando os pais e nutricionistas com relação aos riscos à saúde das crianças que consomem esse tipo de conteúdo na internet.
Especialistas se preocupam com conteúdos na internet que incentivam o excesso de açúcar – Foto: Pexels/Reprodução/ND
O ND+ conversou com a nutricionista Daiana Araújo, da Unimed Grande Florianópolis que explicou os riscos da “dieta” perigosa que está sendo incentivada nas redes sociais.
Conteúdos na internet podem prejudicar a alimentação diária das crianças 4a3f71
De acordo com a médica, este tipo de conteúdo “aumenta o interesse por alimentos ultraprocessados, como guloseimas no geral, e diminui o interesse pela comida de verdade, como frutas, verduras e carboidratos” explica.
“Prejudicando a qualidade da alimentação com a redução do consumo de nutrientes importantes para o desenvolvimento adequado desta fase”.
Como os pais podem controlar a quantidade de açúcar na alimentação das crianças? 3c6n1d
Para a nutricionista, se esse hábito já está instalado no dia a dia da criança é importante que os pais e responsáveis se atentem a redução da oferta de guloseimas.
“Principalmente como recompensa, premiação, e sim, incluam e ofertem formas mais saudáveis na rotina” afirma.
“A alimentação da família deve ser o exemplo para essa criança, quanto maior a presença e oferta de frutas, verduras, carboidratos de melhor qualidade, maior será o interesse dela pelo consumo”.
Além disso, a médica ressalta que é de extrema importância fazer com que a criança faça parte da rotina alimentar da família.
Ela explica que incluir a criança nas compras dos alimentos, assim como na preparação, desperta a curiosidade e interesse de experimentar e consumir.
“Inclua frutas nas refeições da criança no café da manhã, como sobremesa, no lanche da tarde, lanche escolar, prepare bolos e biscoitos caseiros com bons ingredientes”.
Os riscos que uma criança pode correr ao ingerir alta quantidade de açúcar 5y665q
De acordo com a especialista, ao consumir uma alta quantidade de açúcar, e com frequência, os riscos são relacionados ao sobrepeso ou até mesmo à obesidade.
“Além de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, cáries, podendo até afetar a qualidade do sono, saúde intestinal e redução da imunidade” afirma a especialista.
“E essas complicações podem se estender para a adolescência e a vida adulta”.
Quando criança, qual a quantidade aceitável do consumo de guloseimas? 4jz4t
A médica afirma que para crianças até 2 anos de idade, a orientação, segundo o Ministério da Saúde e a Sociedade de Pediatria, é que a alimentação seja isenta de açúcares, doces e guloseimas.
“E a partir dos 2 anos de idade, dosar o o e limitar o consumo de doce a ocasiões esporádicas, a quantidade aceitável é a menor possível” explica.
“É importante preservar o paladar da criança, que ela reconheça os sabores dos alimentos naturais. Quando o consumo de açúcar é precoce, pode prejudicar a variedade e qualidade da alimentação”.
O papel dos pais na alimentação e a preocupação com as redes sociais 456t3t
Viviana Ramos tem 34 anos, é jornalista e mãe do pequeno José, de 2 anos. Como mãe, ela comenta um pouquinho sobre os hábitos alimentares que procura seguir para garantir o bem estar do filho.
“Sempre me preocupei com a alimentação dele, na verdade, a minha preocupação começou ainda na gestação”. A jornalista relembra que chegou a consultar uma nutricionista.
“Já pensando na saúde dele, na saúde da gestação. E aí, assim que ele nasceu, eu já avisei todos os parentes, que eu não deixaria ele comer besteiras”.
O pequeno José foi acompanhado por uma pediatra desde que nasceu e começou a fazer a transição alimentar aos 6 meses de idade.
“Nessa idade, eu fiz questão de apresentar todas as verduras, as frutas da época enfim, e ele é uma criança que come de verdade, come super bem” conta Viviana.
“José ficou até um ano sem comer sal, nada, nada, nada, como pede, né? Como a pediatra recomendou, então até um ano ele não comeu nada com sal, eu temperava as comidas com alho, cebola, temperinho verde.
A mãe também conta que: “assim foram as sopinhas de arroz, feijão, as verduras, até um ano foi assim. E até os dois anos, ele não consumiu nada com açúcar”.
“Nada, absolutamente nada. Nem em casa e também na escolinha” ressalta.
Porém, a jornalista também explica que não impede totalmente que José coma algumas guloseimas, apenas está esperando adequadamente o período certo para introduzir esses alimentos no dia a dia da criança.
“Hoje ele já come alguma coisa, mas é algo bem raro. E o mais legal é que ele não gosta de muita coisa, porque ele não conheceu” explica.
“Então ele comeu chocolate pela primeira vez nesta última páscoa. Foi a primeira vez que a gente deu pra ele, foi apenas para fazer aquele momento ali de presentear”.
Conteúdo na internet e televisão 2w4l5n
Viviana Ramos de 34 anos, jornalista e mãe, ressalta a influência significativa que diversos tipos de conteúdo, incluindo propagandas, exercem sobre as crianças, especialmente na era digital, quando o o é precoce.
Na casa da Viviana a abordagem é diferente. A mãe limita o conteúdo que o filho consome, permitindo que ele assista apenas a desenhos animados e não tenha o ao celular.
Ela menciona que ocasionalmente os avós podem ceder um pouco em relação a isso, mas reconhece o papel deles em mimar os netos.
“Os avós também introduziram os primeiros ‘Danoninhos’ e sucos de caixinha para o José”, algo que ela como mãe nunca adquiriu.
Essa introdução de alimentos mais indulgentes ocorre de forma esporádica, geralmente aos fins de semana.
José demonstra preferência por sucos naturais, especialmente suco de laranja.
A jornalista salienta que supervisionam cuidadosamente o conteúdo que José consome na televisão, sempre garantindo que seja apropriado.
Embora a restrição seja imposta, ela reconhece que a curiosidade natural de toda criança pode gerar interesse em conteúdos não permitidos.
A jornalista expressa a importância de filtrar esses conteúdos para que sejam mais adequados à idade e ao desenvolvimento do filho.
Ramos acredita que os pais são moldados pelo que vivem e que isso influencia diretamente seus filhos. Ela destaca que José segue certos padrões alimentares estabelecidos por eles.
“Um exemplo é que ele não conhecia o refrigerante até recentemente, quando começou a se deparar com pessoas próximas consumindo”.
No entanto, a mãe faz questão de não permitir que José experimente refrigerantes, acreditando que “quanto mais tarde ele for exposto, menor será a probabilidade de desenvolver preferência por eles” afirma.
