A família de Faustão criou um perfil no Instagram chamado de “@faustaodomeucoracao” que tem trazido à luz da internet para discussões sobre o transplante de órgãos. Após a alta do apresentador neste domingo (10), a família fez homenagens à transplantados nesta segunda-feira (11).

O perfil, já conta com 167 mil seguidores no Instagram e 173 publicações sobre a vida e recuperação do apresentador. No entanto, apesar do tema central, a conta também pede doações para pessoas que aguardam por um transplante e homenageiam quem já ou pela cirurgia.
Uma publicação feita na manhã desta segunda-feira conta a história de Nathalia Silva. Seu pai, Paulo, que em um acidente perdeu a esposa e a filha, decidiu pela doação de órgãos.
“Eu sou doador e autorizo a doação de órgãos da minha menina após o acidente. Fico muito feliz pelo transplante do Faustão. Vamos doar, vamos salvar vidas. Através de um ente querido podemos ainda fazer ele viver em outros irmãos que estão à espera de um órgão”, declara.
Ainda no perfil, a família pede por doações para pessoas que aguardam na fila por órgãos no país. Com frases como “merecem muito”, “doe órgãos”, “doe chances”, circundam as publicações.
Atualmente, cerca de 68,2 mil pessoas aguardam por um órgão na lista de espera do SNT (Sistema Nacional de Transplantes).
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), 17,9 milhões de pessoas morreram de doenças cardiovasculares em 2019 – o que representa cerca de um terço de todas as mortes no mundo. Destas, 85% foram causadas por infartos ou derrames.
A alta de Faustão
O apresentador recebeu alta neste domingo (10) após 15 dias de recuperação de uma cirurgia de transplante de coração. O próprio Faustão publicou um vídeo dizendo que já está em casa, agradecendo o carinho recebido.
“Fausto Silva recebeu alta do Hospital Israelita Albert Einstein neste domingo, dia 10 de setembro de 2023. O paciente seguirá sob as orientações médicas e nutricionais necessárias para a reabilitação após o transplante cardíaco”, diz o boletim médico divulgado pelo hospital Paulista.
Santa Catarina lidera doações
A SES/SC (Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina), por meio da SC Transplantes, registrou um recorde de 728 notificações de potenciais doadores em 2022. O estado segue sendo líder na doação de transplantes do país, segundo os dados da SNT.
Das doações, 329 foram doadores efetivos, 35 a mais do que em 2021. O estado também teve o melhor desempenho da história nos transplantes em 2022, com 1.521 procedimentos, superando a melhor marca até então de 1.507 em 2019.
A atuação das equipes profissionais pelo estado foram fundamentais para os ótimos resultados alcançados até hoje.
“A detecção de potenciais doadores, com morte encefálica, foi de 99,2 pmp, demonstrando um desempenho excepcional dos coordenadores de transplante. A não autorização das famílias chegou a 27,4%, o que é surpreendente para o período pós pandemia. É preciso lembrar que em 2007 havia 70% de não autorização familiar e, após intensos processos de treinamento, estes números reduziram consideravelmente. Ainda que sejam resultados excelentes, segue o desafio de aprimorar a educação e a habilidade dos coordenadores hospitalares de transplantes para melhorar ainda mais estes resultados”, reforça Joel de Andrade, coordenador estadual da SC Transplantes.
Nas duas décadas de atuação da SC Transplantes, foram realizados mais de 20,6 mil transplantes de órgãos e tecidos. Os órgãos mais transplantados em todos esses anos foram córnea (9.341), rim de doador falecido (4.026), esclera (1.883) e fígado (1.867).
Doação de órgãos no Brasil
A doação de órgãos no Brasil segue um conjunto de diretrizes e regulamentações para garantir um processo seguro e ético, segundo o Ministério da Saúde. O sistema funciona da seguinte forma:
- Identificação do Potencial Doador: O processo geralmente começa quando um paciente é identificado como potencial doador de órgãos após diagnóstico de morte encefálica. A morte encefálica é uma condição irreversível em que o cérebro e o tronco cerebral não apresentam atividade. A identificação do potencial doador é feita por médicos e equipe médica especializada.
- Consentimento da Família: Após a identificação do potencial doador, a equipe médica entra em contato com a família para obter o consentimento para a doação. O consentimento da família é crucial e, em muitos casos, é necessário para que a doação ocorra.
- Avaliação e Compatibilidade: Uma vez obtido o consentimento, a equipe médica realiza uma avaliação detalhada dos órgãos do doador para determinar sua condição e compatibilidade com possíveis receptores. Os órgãos que podem ser doados incluem coração, pulmões, rins, fígado, pâncreas e intestinos.
- Registro no Sistema: Os dados do doador e dos órgãos disponíveis são registrados em um sistema nacional de transplantes, que ajuda a encontrar os receptores adequados com base na compatibilidade e urgência.
- Alocação de Órgãos: A alocação de órgãos é feita com base em critérios como a gravidade da condição do receptor, a compatibilidade do órgão e a distância entre o doador e o receptor. O objetivo é garantir que os órgãos sejam alocados de forma justa e eficiente.
- Transplante: Uma vez encontrados os receptores adequados, os órgãos são transplantados por equipes médicas especializadas em hospitais autorizados a realizar transplantes. O processo cirúrgico é realizado com o máximo de cuidado e precisão.
- Acompanhamento: Após o transplante, tanto os doadores quanto os receptores são acompanhados de perto para garantir que o procedimento seja bem-sucedido e que não haja complicações.
É importante ressaltar que o sistema de doação de órgãos é altamente regulamentado no Brasil e é baseado em princípios éticos e legais. O consentimento da família é considerado fundamental, e a privacidade e confidencialidade dos doadores e receptores são protegidas.
A conscientização sobre a importância da doação de órgãos é fundamental para aumentar o número de doações e salvar vidas. Muitas organizações e campanhas no Brasil promovem a doação de órgãos e oferecem informações sobre como se tornar um doador e como informar sua família sobre sua decisão de doar órgãos após a morte.