O estresse é uma das principais causas do adoecimento na sociedade contemporânea. Para alertar a população sobre os seus riscos, foi instituído o dia 27 de setembro como o Dia Internacional de Combate ao Estresse. De acordo com o psicólogo do IDOMED, Felipe Barata Amaral, a data é uma oportunidade de fazer conhecer suas manifestações e formas de tratamento.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 28% da população mundial apresenta sintomas de estresse crônico. A doença é mais comum entre os mais jovens: manifesta-se em 35,1% das pessoas de 18 a 24 anos, em 26,6% das pessoas entre 25 e 34 anos e em 22,9% entre o grupo de 35 a 44 anos. Estes número podem estar subestimados, uma vez que muitos casos não são diagnosticados.
“As situações que geram angústia a ponto de causar sofrimento (e ser diagnosticada como estresse) normalmente envolvem uma sobrecarga de esforço psíquico, como, por exemplo, a preocupação diante da defesa de um trabalho de conclusão de curso ou a privação de sono devido à insônia de um filho”, explica o especialista.
Ele acrescenta que as principais causas desse adoecimento costumam ser o aumento da carga de trabalho, as incertezas em relação ao futuro, as comparações com outras pessoas, a dupla (ou tripla) jornada de trabalho, os problemas de deslocamento nas grandes cidades e o excesso de estímulos visuais e sonoros.
Fatores geradores de estresse 384p1q
Dados da OMS apontam que o Brasil tem a população mais ansiosa do mundo. De acordo com o professor do IDOMED, dois fatores são essenciais para entender esse cenário: a precarização da situação econômica das famílias, e o entendimento de que o outro é um concorrente.
O especialista explica que os indivíduos muitas vezes são obrigados a vender sua força de trabalho em situações, por vezes, degradantes e desumanas, e isto é um grande fator de estresse.
Amaral também conta que o entendimento de que o outro é um intruso, um concorrente e um possível usurpador das possibilidades, não havendo um processo recíproco de ajuda e acolhimento nas relações, apenas uma constante ameaça, também é um gerador de estresse crônico.

Principais sintomas do estresse crônico 2j1633
Entre os sintomas físicos mais comuns da doença estão: dores de cabeça, dores musculares, dificuldade de concentração, hiperatividade, impulsividade, reações emocionais mais explosivas, sintomas gastrointestinais, enxaquecas, cegueiras temporárias, perda ou excesso de apetite, etc.
No âmbito mental, os sintomas mais comuns são: desmotivação, sintomas mistos de depressão e ansiedade, baixa autoestima, perturbações relativas à autoimagem, episódios de pânico, descontentamento com a vida, entre outros.
“É normal desenvolvermos alguns desses sintomas ao longo do cotidiano, mas quando eles começam a se tornar intensos e cada vez mais constantes, é o momento em que devemos nos preocupar, procurar ajuda e, acima de tudo, reavaliar nossas escolhas de vida”, alerta o psicólogo.
Como tratar o estresse 1f3k4v
Para lidar com esses fatores, Felipe orienta as pessoas a se questionarem sobre suas potencialidades e, principalmente, sobre seus limites. Organizar as demandas a serem realizadas durante o dia, de modo a destinar tempo para atividades de lazer e o descanso, pode ajudar a reduzir o estresse.
O psicólogo também orienta a equilibrar períodos de interação com períodos de solidão para recuperar as energias. Também é importante priorizar boa alimentação e exercícios físicos, além de tomar cuidado tanto com o nível de cobrança externa quanto interna.
Coletivamente, algumas ações podem ser adotadas, como evitar demandas e mensagens fora do horário de trabalho, adotar uma comunicação não agressiva e desenvolver um ambiente de trabalho saudável entre os colaboradores, combatendo práticas preconceituosas, como o racismo e a misoginia.
“A mensagem que deixo é bem simples: nenhuma exigência compensa ar por cima de si. Diferentemente de um resfriado ou pequenos arranhões na pele, que se vão depois da remissão dos sintomas, uma doença mental deixa marcas tão profundas a ponto de mudar o indivíduo”, conclui o especialista.