O Dia Mundial de Combate à Aids é celebrado nesta sexta-feira (1º) e, novamente, traz à tona o debate sobre como a doença está sendo combatida no Brasil e no mundo.
Nesse sentido, o ND+ preparou uma matéria abordando como Itajaí, no Litoral Norte de Santa Catarina, cidade que já foi considerada uma das “capitais da Aids”, enfrenta a situação em 2023.

O título foi dado à cidade já que Itajaí figurou, por alguns anos, no topo do ranking de municípios com maior índice de pessoas vivendo com Aids. As informações são do Ministério da Saúde e da prefeitura local.
Atualmente, em 2023, Itajaí não é mais considerada uma “capital” da doença, pelo contrário: adotou estratégias para o combate ao HIV, vírus causador da Aids, e está descendo no ranking. Mas, antes de entendermos a atual situação da cidade em relação à doença, é importante esclarecer o que é a Aids e como ela afeta o ser humano.
O que é a AIDS? 48y3t
De acordo com o Ministério da Saúde, a Aids é uma doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana, o HIV. O vírus ataca diretamente o sistema imunológico da pessoa, responsável por defender o organismo de doenças.
Dessa forma, o HIV altera o DNA de diversas células, fazendo cópias de si mesmo e se multiplicando dentro do organismo. Com o tempo, o sistema imunológico fica intensamente prejudicado, de modo que até uma gripe “comum” pode debilitar gravemente a pessoa. Então, nessa fase, a doença atinge o estágio mais avançado, a Aids.

O HIV é considerado uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível) e pode ser transmitido por meio do sexo vaginal, oral e anal sem camisinha. Além disso, o vírus pode ser transmitido também pelo uso de seringas por mais de uma pessoa, de mãe para filho durante a gravidez, parto ou amamentação e por instrumentos que furam ou cortam não esterilizados.
Itajaí e o HIV 682e1d
De acordo com a enfermeira Jamille Cardoso, que atua no setor epidemiológico da cidade, “existe um ranking nacional dos municípios com mais de 100 mil habitantes, onde já estivemos na 2º, 4°, 5°, 6° colocação em questão de pessoas vivendo com a Aids”.
Analisando dados disponibilizados pela prefeitura até 2009, o município ocupou o 2º lugar do ranking duas vezes:
- 2022 – 38ª
- 2021 – 23ª
- 2020 – 45ª
- 2019 – 57ª
- 2018 – 6ª
- 2017 – 5ª
- 2016 – 4ª
- 2015 – 2ª
- 2014 – 19ª
- 2013 – 3ª da região Sul do Brasil
- 2012 – 3ª da região Sul do Brasil
- 2011 – 14ª
- 2010 – 7ª
- 2009 – 2ª

A cidade apresentou uma ligeira melhora nos índices entre 2021 e 2022, partindo da 23ª para 38ª posição. Conforme Jamille, em 2023 os números devem melhorar também, com a cidade caindo para a 77ª posição. O boletim epidemiológico deve ser divulgado ao longo desta sexta-feira (1ª), confirmando a colocação.
Atualmente, o município possui 3,3 mil prontuários ativos, ou seja, pessoas que vivem com a AIDS e realizam o acompanhamento no Ceredi (Centro de Referência em Doenças Infecciosas). A enfermeira detalhou que o atendimento a esse público iniciou ainda nos anos 80, quando o HIV chegou à Itajaí.
Ela ressaltou também que muitos pacientes realizam acompanhamento na rede privada e apenas retiram os medicamentos na UDM (Unidade Dispensadora de Medicamentos), dentro do Ceredi.
“Esse serviço organizado virou referência na região o que fez com que sempre fosse solicitada uma grande quantidade de testes no município. Os profissionais de saúde que atuam em Itajaí estão sempre sensíveis a esta temática”, comentou Jamille Cardoso.

Já os testes rápidos, que identificam a infecção pelo HIV, sífilis e hepatites virais, são realizados nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de Itajaí e no CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento), em anexo ao Ceredi. Com esse sistema, em 2022 foram diagnosticados 159 casos novos de HIV em moradores do município.
Outra forma de combate à Aids adotada por Itajaí é o fornecimento da PrEP (Profilaxia Pré-Exposição). Esse tratamento consiste em tomar comprimidos antes da relação sexual, permitindo que o organismo esteja preparado para um possível contato com o HIV.
De acordo com o Ministério da Saúde, a pessoa em PrEP realiza acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras ISTs. Jamille informou que, atualmente, 506 pacientes fazem uso da PrEP em Itajaí.

“Além disso, também temos a PeP (Profilaxia Pós-Exposição), ofertada para pessoas que se expam ao risco de contrair HIV, por meio do sexo, acidente com material perfurante ou cortante, violência sexual, entre outros”, acrescenta a enfermeira.
Nesse caso, a pessoa toma o medicamento por 28 dias, sempre iniciando o tratamento em até 72 horas após a exposição. O serviço de PrEP é oferecido no Ceredi, enquanto o serviço de PeP está disponível no Ceredi e nos prontos atendimentos da cidade, onde é possível receber a dose inicial em caso de horário comercial, finais de semana ou feriados.
A enfermeira do setor epidemiológico de Itajaí, Jamille Cardoso, lembrou ainda que em 2022 o município recebeu a Certificação Nacional pela Eliminação da Transmissão Vertical do HIV. A transmissão vertical do vírus é aquela que ocorre entre mãe e filho, na gravidez, gestação ou amamentação.
De acordo com a profissional, apenas 42 municípios no Brasil possuem o certificado. O título é válido por três anos.

Itajaí realiza seminário sobre Aids na próxima segunda-feira (4) 1f5r2u
A Secretaria de Saúde de Itajaí, através da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, vai realizar na próxima segunda-feira (4) um seminário sobre a Aids. O evento será entre 13h e 17h30 no auditório da Superintendência do Porto de Itajaí, com entrada grátis.
Para participar, basta se inscrever no formulário online, clicando aqui. Ao todo serão apresentadas cinco palestras com psicólogos, médicos e enfermeiros da rede municipal. Além disso, o evento terá o relato de usuários que vivem com HIV, dados epidemiológicos sobre o vírus e formas de tratamento.
O tema principal do evento é “O Combate à Aids: um trabalho em rede”. Além disso, a ação é destinada aos profissionais de saúde e alusiva à campanha Dezembro Vermelho, considerado o mês nacional da luta contra a AIDS.
Dessa forma, o objetivo do evento é conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico e as maneiras de tratamento e prevenção da doença. O seminário também busca desconstruir os estigmas sobre a AIDS e esclarecer como é feito o tratamento.
Confira as palestras do seminário: 6a2b2k
- O papel da APS no cuidado das pessoas vivendo com HIV/Aids. Palestrante: Médica infectologista e gerente médica GSK/ViiV, Eduarda Jardim;
- o ao SUS: Relatos de usuárias HIV+. Palestrantes: Psicóloga Suziane Pereira e convidadas Michele Almeida e Ana Paula Barreto;
- Dados Epidemiológicos sobre HIV/Aids em Itajaí. Palestrante: Enfermeira Jamille Cardoso;
- PREP: De alternativa à aliada na prevenção. Palestrante: Médico Paulo Roberto Rodrigues;
- HIV/Aids: Desconstruindo estigmas. Palestrante: Psicóloga Maylise Brunetto.