Seja em situações graves ou aborrecimentos do dia a dia, o estresse está presente na vida de todos os seres humanos.
Ele é uma reação biológica ao que entendemos como perigo e, desde a pré-história, ajudou a humanidade a conquistar presas, fugir de predadores e sobreviver.

Hoje em dia, picos de estresse nos dão mais energia para enfrentar os perigos modernos, como entregar um trabalho num prazo apertado ou falar em público.
Mas o exagero no estresse ao longo da vida pode resultar em consequências severas na saúde e na mente.
Essa reação em cadeia é iniciada no cérebro quando se identifica uma situação incerta ou intimidadora.
Junto às glândulas suprarrenais, as regiões do cérebro responsáveis pelos hormônios produzem a adrenalina, a noradrenalina e o cortisol.
As duas primeiras aumentam os batimentos cardíacos, a pressão sanguínea e a atividade muscular, enquanto o cortisol transforma a gordura em energia para o corpo, estimula o metabolismo e tem efeito anti-inflamatório, preparando o corpo para reagir rapidamente ao perigo.
Nessa fase de alerta, diversos sintomas podem se manifestar: mãos e pés frios, boca seca, dor no estômago, suor, tensão muscular e respiração ofegante, além de taquicardia e pressão alta.
Normalmente, o corpo volta ao normal após o momento estressor sem grandes sequelas além de tensão muscular e cansaço leve.
Porém, quando essas situações são frequentes demais, o organismo tende a ficar num estado permanente de inquietação, o que pode resultar em mal-estar generalizado, problemas de memória e doenças cardíacas e no trato digestivo.
No Brasil, cerca de 60% da população afirma ter altos níveis de estresse, segundo pesquisa do IPCS (Instituto de Psicologia e Controle do Stress), além de altos índices de ansiedade (57,5%), depressão (26%) e pânico (14%), que podem intensificar as situações de tensão.
Os tipos de estresse perigosos são o agudo, que acontece num momento traumático, e o crônico, uma forma mais suave presente a todo momento por longos períodos, que traz maiores prejuízos à saúde a longo prazo.
PERIGOS DO ESTRESSE CRÔNICO NA SAÚDE 6p6z6q
ATROFIA DO CÉREBRO
Prejudica a amígdala, parte do cérebro que regula o medo e as emoções, e o hipocampo, estrutura responsável pela memória, aprendizado e controle do estresse, o que deixa cada vez mais difícil resistir aos seus efeitos.
O cortisol também pode fazer o cérebro diminuir, fazendo com que muitas conexões entre neurônios sejam perdidas e afetando o córtex pré-frontal, responsável pela concentração, tomada de decisões e interações sociais.
A degradação do sistema nervoso pode levar a doenças cognitivas e neurodegenerativas
PROBLEMAS CARDÍACOS
Resulta em hipertensão e níveis elevados de colesterol, aumentando a chance de ataque cardíaco, derrame ou outras doenças cardiovasculares.
IMUNIDADE BAIXA
Além de afetar o apetite e o sono, importantes para a imunidade, o estresse também suprime o funcionamento do sistema imunológico e a produção de anticorpos, deixando o organismo muito mais vulnerável a doenças
OSSOS E DENTES FRACOS
Degrada o cálcio nos ossos e dentes e aumenta as chances de fraturas, cáries e osteoporose.
PROBLEMAS DIGESTIVOS
Causa mal-estar e má-digestão e pode levar a gastrite e úlceras.
PERDA DA VISÃO E DA AUDIÇÃO
Por desregular a pressão nos vasos sanguíneos, o estresse pode afetar os olhos e causar complicações como o glaucoma.
Também diminui o fluxo sanguíneo na região dos ouvidos, danificando a audição.
TUMORES
Os hormônios do estresse podem acelerar o crescimento de tumores ou despertar células cancerígenas dormentes no organismo.
As principais fontes de estresse variam conforme a idade. O Instituto Americano de Estresse pontua que 83% dos adolescentes estão estressados com os estudos e 65%, com a estabilidade financeira da família.
Em jovens adultos, as piores pressões são relacionadas ao emprego, habitação e autoestima.
Esse padrão se mantém até por volta dos 60 anos, quando as maiores fontes de estresse am a ser a preocupação com o bem-estar da família, a saúde e a solidão.
Ainda assim, um estudo psiquiátrico de 2016 apontou que idosos, mesmo os com declínio cognitivo, têm taxas menores de estresse que as gerações mais novas.
Burnout: a nova face do estresse
A síndrome de burnout foi reconhecida pela OMS, em 2019, como um fenômeno ocupacional que afeta a saúde.
Também chamada de síndrome do esgotamento, é um distúrbio que se manifesta quando altos níveis de estresse, ansiedade e depressão em relação ao trabalho desgastam seriamente a saúde mental do indivíduo.
Em geral, o burnout acontece em profissionais excessivamente dedicados ou com carga horária abusiva.
O trabalho vai distanciando os indivíduos das interações sociais, da alimentação balanceada e das horas de descanso, até que a saúde do corpo se deteriore.
Quando os sintomas de cansaço e frustração se acumulam em graus extremos, acontece um colapso físico e mental.
A fadiga e o estresse deixam a pessoa apática, desmotivada e exausta, muitas vezes em níveis que impossibilitam a volta ao trabalho.
Segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho, 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com o burnout.
Algumas das ocupações mais propensas à condição são profissionais da saúde, bombeiros, professores e trabalhadores da indústria de alimentação e hospedagem.
Além disso, de acordo com o levantamento do Future Forum, mulheres têm 32% mais chance de desenvolver burnout que homens.
PRINCIPAIS CAUSAS DO BURNOUT
1- Tratamento injusto ou discriminatório no trabalho
2- Quantidade de trabalho excessiva
3- Má comunicação e falta de e dos gerentes
4- Prazos curtos demais
5- Falta de flexibilidade de horários
Fonte: Gallup, 2020
Respirando fundo: como prevenir e controlar o estresse crônico
A forma mais eficaz de prevenir o estresse crônico é não se deixar afetar pelas irritações cotidianas, como o trânsito, o trabalho ou as interações interpessoais.
Como isso não é tarefa fácil, estratégias como exercícios de respiração e meditação podem ajudar a manter a cabeça no lugar.
Para quem convive com ansiedade e estresse excessivos, é recomendado buscar auxílio psicológico.
A atividade física controla o estresse de várias formas: além de ajudar na saúde, no sono e no relaxamento, liberando substâncias como a endorfina, também gasta a adrenalina e o cortisol acumulados no organismo.
Momentos de lazer, como viajar, ar tempo ao ar livre, se dedicar a hobbies e ar tempo com família e amigos também são muito importantes para manter a saúde mental em dia.
Além disso, estudos comprovam que a companhia de animais de estimação pode reduzir os níveis de estresse.
O Ministério da Saúde também recomenda uma dieta que reponha os nutrientes consumidos pelo estresse, com frutas e verduras, que são fontes de vitaminas do complexo B, vitamina C, magnésio e manganês; e leite e seus derivados, ricos em cálcio.
Chás com propriedades calmantes, como camomila, maracujá e melissa, têm eficácia comprovada no combate à ansiedade.