O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que sancionar, ou não, até esta sexta-feira (4) um projeto, já aprovado no Congresso, para o uso de ozônio no tratamento contra o câncer e outras doenças que os profissionais de saúde julgarem necessárias. Segundo o projeto, a ideia seria aplicar uma mistura de gás oxigênio e ozônio no corpo humano.

O projeto foi aprovado com pouca resistência no Congresso, mas nos bastidores, entidades científicas pressionam Lula para vetar medida.
Na internet, anúncios milagrosos dizem que a ozonioterapia serviria para tratar câncer. Neles, a afirmação é de que o composto seja introduzido por via retal e na vagina, por exemplo.
A Academia Nacional de Medicina divulgou no mês ado uma carta aberta ao presidente pedindo que não permita que o projeto entre em vigor.
“A prática é nociva e traz risco à saúde”, diz a Academia.
O que diz um médico sobre o tratamento k6p4o
Para entender melhor o projeto e se ele é ou não comprovado o portal ND+ conversou com o oncologista Rodrigo Rovere, que afirmou que não há comprovação alguma no tratamento.
“Esse é o tipo de prática que não tem respaldo em literatura científica, não há nenhum estudo para usar ozônio em nenhum tipo de tumor”, afirma o médico.
Segundo o profissional, é preciso cautela para acreditar em “tratamentos milagrosos”.
“Como tudo na vida desconfie de qualquer coisa que parece milagrosa. Tudo aquilo para o qual a gente não tem respaldo científico é aquilo que a gente não deve usar, ao menos por enquanto”, diz.
A aprovação do tratamento no Congresso 6s5qz
O PL 1.438/2022, sobre a ozonioterpia, é um texto alternativo da Câmara dos Deputados ao PLS 227/2017, do ex-senador Valdir Raupp (RO), aprovado anteriormente no Senado.
Segundo a Agência Senado, a ozonioterapia é a técnica que emprega ozônio como agente terapêutico. Conforme o texto aprovado, a ozonioterapia só poderá ser aplicada por meio de equipamento de produção de ozônio medicinal devidamente regularizado.
O profissional responsável pela aplicação deverá informar ao paciente que o procedimento possui caráter complementar. Os deputados alteraram o projeto inicial para prever que não apenas médicos, mas profissionais da saúde de nível superior inscritos nos conselhos de fiscalização profissional, incluindo farmacêuticos, possam atuar na especialidade.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) só aprovou o uso de equipamentos de ozonioterapia para alguns tratamentos odontológicos e estéticos. Atualmente, os profissionais não podem aplicar o composto químico para outras finalidades, caso o façam, é considerado uma infração sanitária que pode causar até o fechamento do estabelecimento.