
O verão é a estação favorita do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, febre amarela zika vírus e chikungunya. Com o aumento da temperatura e das chuvas, suas populações explodem. Mas a boa notícia é que a primavera ainda começou neste último sábado (23) e é possível evitar a proliferação de focos antes da chegada da estação mais quente do ano. O Instituto Oswaldo Cruz sugere uma estratégia simples, porém eficaz para combater o mosquito: manter ambientes internos e externos livres de água parada pelo menos uma vez por semana durante dez minutos, iniciativa adotada, reforçada e divulgada à população também pela Prefeitura de Florianópolis.
Parece pouco, não é? Mas essa atitude pode fazer uma grande diferença, explicam os profissionais de saúde. Do ovo à forma adulta, o ciclo de vida do Aedes aegypti varia de acordo com a temperatura, disponibilidade de alimentos e quantidade de larvas existentes no mesmo criadouro, uma vez que a competição de larvas por alimento (em um mesmo criadouro com pouca água) consiste em um obstáculo ao amadurecimento do inseto para a fase adulta. Em condições ambientais favoráveis, após a eclosão do ovo, o desenvolvimento do mosquito até a forma adulta pode levar um período de dez dias.

Por isso, se a troca da água acompanhada de lavagem do recipiente for realizada uma vez por semana, mesmo que esteja muito quente, o ciclo de vida do mosquito será interrompido. Uma dica das equipes da área é definir um dia na semana para realizar a troca de água e a lavagem dos reservatórios que não podem ser eliminados. Fixar este compromisso semanal com a saúde torna mais fácil e eficiente o combate à dengue.
Emanoella Miranda, gerente do Centro de Controle de Zoonoses de Florianópolis, ressalta que é fundamental para o sucesso das ações do município que cada cidadão tenha consciência e responsabilidade de verificar seu imóvel, nas áreas internas e externas, pelo menos uma vez por semana, com o objetivo de eliminar objetos/depósitos que contenham ou que possam acumular água, para impedir que a proliferação do mosquito aconteça.

“Orientamos telar ralos de banheiros, sacadas e ambientes que são pouco utilizados e acumulam água, além de manter piscinas e poços sempre limpos e tratados. Os demais objetos que acumulam água devem ser eliminados quando possível ou guardados em local coberto. Plantas que acumulam água também devem ser removidas ou substituídas por outras que não acumulam água”, esclarece Emanoella.
O mosquito doméstico vive dentro ou ao redor de domicílios ou de outros locais frequentados por pessoas, como estabelecimentos comerciais, escolas ou igrejas, por exemplo. Ele também vive dentro da casa das pessoas ou dos ambientes de trabalho. Os mosquitos adultos são encontrados com frequência em locais como nichos de estantes, atrás de cortinas e embaixo de mesas e cadeiras.
Além disso, tem hábitos preferencialmente diurnos e alimenta-se de sangue humano, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer. No entanto, é preciso tomar cuidado, pois é um mosquito oportunista e, se tiver chance, também picará durante o período noturno. “Como medida de proteção individual, orientamos o uso de repelentes”, afirma Emanoella.
A gerente do Centro de Controle de Zoonoses da Capital reforça ainda a importância de a população atender os agentes de saúde em casa, receber as orientações de controle e prevenção do Aedes aegypti e para que as equipes de saúde municipais possam fazer a inspeção nestes locais.
Os moradores que tiverem denúncias sobre locais com depósitos de água parada ou outras situações que favoreçam o aumento de focos na Capital podem procurar a Secretaria Municipal de Saúde pelo site vigilanciaflorianopolis.celk.com.br/denuncia ou número 48 3212-3902 (WhatsApp)
Principais criadouros
Os grandes reservatórios, como caixas d’água, galões e tonéis (muito utilizados para armazenagem de água para uso doméstico em locais dotados de infraestrutura urbana precária), são os criadouros onde o Aedes aegypti mais se reproduz, portanto, os mais perigosos, de acordo com o Instituto Oswaldo Cruz.
Isso não significa, no entanto, que a população possa descuidar da atenção a pequenos reservatórios, como vasos de plantas, calhas entupidas, garrafas, lixo a céu aberto, bandejas de ar-condicionado, poço de elevador, entre outros. O alerta dos governos federal e municipal é para que os cuidados com os reservatórios de maior porte sejam redobrados, pois é neles que o mosquito seguramente encontra melhores condições para se desenvolver de ovo a adulto.
É necessário ainda lavar as paredes do depósito de água nos pratinhos e nos vasos das plantas uma vez por semana para garantir a eliminação do vetor.
Ovos ficam grudados nas paredes dos recipientes
A fêmea do Aedes aegypti coloca seus ovos nas áreas úmidas da parede do depósito, junto à superfície. Eles ficam, por exemplo, grudados nas paredes dos vasos de plantas ou das caixas d’água, onde podem permanecer por até um ano. Por isso, é indispensável limpar as paredes dos recipientes onde os ovos possam estar grudados.
Uma fêmea pode dar origem a 1.500 mosquitos durante a sua vida. Os ovos são distribuídos por diversos criadouros – estratégia que garante a dispersão e preservação da espécie. Se a fêmea estiver infectada pelo vírus da dengue quando realizar a postura de ovos, há a possibilidade de as larvas filhas já nascerem com o vírus, no processo chamado de transmissão vertical. Na natureza, os ovos do A. aegypti podem sobreviver até 450 dias fora d’água.
Confira outras dicas para prevenir a proliferação do Aedes aegypti 34v3m
- Não deixe água parada, destruindo os locais onde o mosquito nasce e se desenvolve, evita sua procriação;
- Deixe sempre bem tampados e lave com bucha e sabão as paredes internas de caixas d’água, poços, cacimbas, tambores de água ou tonéis, cisternas, jarras e filtros;
- Não deixe acumular água em pratos de vasos de plantas e xaxins. Coloque areia fina até a borda do pratinho;
- Plantas que possam acumular água devem ser tratadas com água sanitária na proporção de uma colher de sopa para um litro de água, regando no mínimo, duas vezes por semana. Tire sempre a água acumulada nas folhas;
- Não junte vasilhas e utensílios que possam acumular água (tampinha de garrafa, casca de ovo, latinha, saquinho plástico de cigarro, embalagem plástica e de vidro, copo descartável etc.) e guarde garrafas vazias de cabeça para baixo;
- Entregue pneus velhos ao serviço de limpeza urbana, caso precise mantê-los, guarde em local coberto;
- Deixe a tampa do vaso sanitário sempre fechada. Em banheiros pouco usados, dê descarga pelo menos uma vez por semana;
- Retire sempre a água acumulada da bandeja externa da geladeira e lave com água e sabão;
- Sempre que for trocar o garrafão de água mineral, lave bem o e no qual a água fica acumulada;
- Mantenha sempre limpo: lagos, cascatas e espelhos d’água decorativos. Crie peixes nesses locais, eles se alimentam das larvas dos mosquitos;
- Lave e troque a água dos bebedouros de aves e animais no mínimo uma vez por semana;
- Limpe frequentemente as calhas e a laje das casas, coloque areia nos cacos de vidro no muro que possam acumular água;
- Mantenha a água da piscina sempre tratada com cloro e limpe-a uma vez por semana. Se não for usá-la, evite cobrir com lonas ou plásticos;
- Mantenha o quintal limpo, recolhendo o lixo e detritos em volta das casas, limpando os latões e mantendo as lixeiras tampadas. Não jogue lixo em terrenos baldios, construções e praças. Chame a limpeza urbana quando necessário, e;
- Permita sempre o o do agente de controle de zoonoses em sua residência ou estabelecimento comercial.