Seu Érico Galisa, de 105 anos, precisou, pela terceira vez, sair de casa por conta das fortes chuvas e alagamentos que atingiram Itajaí. Ele mora na Vila da Miséria, no bairro Murta e, por duas ocasiões ao longo dos últimos dias, ou por abrigos como o do Salão Paroquial da Igreja São Cristóvão, em Cordeiros, que foi montado pela prefeitura. Agora, está em um residencial geriátrico, no bairro São Judas, junto com a esposa, de 100 anos.

Por conta das fortes chuvas dos dias recentes e, principalmente, da última quinta-feira (12), cinco abrigos foram montados em Itajaí, com um total de 528 pessoas alojadas. Dois seguem ativos: no Clube Tiradentes, no Bairro São João, e no Colégio Salesiano, no centro da cidade. Os outros três, no Salão da Igreja São Cristóvão, da Igreja São Vicente de Paulo e também no salão da Igreja São João, estão lotados.
“Não tinha mais condições [de ficar onde eu estava]”, disse Érico Galisa, de 105 anos, à reportagem do Balanço Geral Itajaí. “Em primeiro lugar, era um buraquinho, um quartinho, e tinha muito rato, que chegava a fazer barulho. Agora, começa a enchente… e eu estava projetando para sair em janeiro, que ia embora para Agrolândia de volta. Desde lá de onde eu estava, no abrigo”, completou, falando sobre como as enchentes afetaram seus planos.
Um dos maiores abrigos montados na cidade fica no Salão Paroquial da Igreja São Cristóvão, no bairro Cordeiros. Na manha desta sexta-feira (13), atingiu a capacidade máxima, de cerca de 200 pessoas.

Abrigos salvam habitantes de ‘situação crítica’ de Itajaí z2t4c
“Eu vim ontem de manhã para cá”, conta Claudete Massanero, moradora do abrigo. “Eu moro ali no bairro Espinheiro, na comunidade Beija-Flor. A situação ali complicou muito. Minha casa é a última beirando a vala. Entrou água e a casa cedeu porque é de madeira. Eu tive que sair às pressas por causa da minha mãe e do meu marido”, complementando, relembrando o sufoco que ou com a chuva.
“Tá crítico, tá crítico mesmo. Está devastador. A água está me cobrindo verdadeiramente”, conta o morador do abrigo Fábio dos Santos Ferreira. “É apreensivo, e até fico nervoso, porque a qualquer momento a enxurrada pode levar minha família”.
Apesar de todo o sofrimento e mesmo fora de casa, seu Érico Galisa não perde a fé e segue sempre positivo: “Eu tenho muita fé em Deus. Assim como vai, Deus abre as portas e vem de novo. Basta ter fé e ter amor em Cristo Jesus”, disse o senhor de 105 anos, que, assim como muitos habitantes de Itajaí, ainda sente as inundações da última semana.