Pesquisas vêm mostrando que as pessoas têm feito menos sexo nos últimos anos, principalmente as mais jovens. É cada vez mais comum em meus atendimentos no consultório e no portal Sexo sem Dúvida, vê-las buscando terapia sexual e de casal antes mesmo do casamento.
Chamo de “pessoas mais jovens” as que têm entre 20 e 40 anos, conhecidas também como a geração Y ou Millenials (nascidos entre 1981 e 1996). De forma resumida é a geração da internet, a que presenciou a chegada da internet de perto, o início das redes sociais e, com isso, novos comportamentos foram surgindo.

É uma geração que busca equilíbrio entre vida pessoal e profissional e, com isso, mudanças no comportamento sexual ficam mais evidentes. A busca por terapia da sexualidade vem de questionamentos não apenas sobre o sexo em si ou a atividade sexual, mas também acerca de como funciona a sexualidade humana, uma vez que elas não tiveram amplo o à à educação sexual formal (nas escolas) e informal (família e amigos).
Podemos pensar também sobre autonomia. Como demoram mais a tirar carteira de motorista, muitos nem querem, e adiam a entrada no mercado de trabalho remunerado por razões diversas, com as vivências da sexualidade parece não ser diferente. Por onde anda a autonomia sexual?
Apesar de o tema ser amplo, complexo e diverso, te convido a reflexão pode girar em dois pontos: conexão e pornografia.
Afinal, por que casais fazem menos sexo? 1jlv
A conexão à internet e as redes sociais são pontos importantes, pois tem mudado o comportamento sexual. Os estudos demonstram que o tempo dedicado à internet e o excesso de trabalho estão entre os motivos pelos quais os jovens estão fazendo menos sexo. Isso sugere que é preciso desconectar para ser conectar!
Por exemplo, no meu lugar de escuta no atendimentos, percebo que a fronteira entre a vida privada e a pública vem se dissolvendo nas relações. As pessoas chegam em casa mas não estão presentes. O que quero dizer com isso, é que continuam trabalhando em seus smartphones, comprando on-line, conversando ou eado pelas redes sociais, fazendo qualquer outra coisa, menos conversando e interagindo com a parceria. É da interação, da intenção e da conexão que a vida sexual vai acontecer.
Sobre a pornografia, ela entrou de sola dentro das casas. Já estava presente antes desse novo tempo hiperconectado, mas hoje o formato é outro. Com o smartphone em mãos, o o à pornografia é imediato.
A pornografia não é a única vilã das relações e não tem apenas efeitos negativos. Menciono aqui o o fácil e o consumo constante como um dos efeitos negativos nas relações.
Ainda sobre a pornografia, o consumo excessivo pode aumentar os quadros de ansiedade e depressão, que são dificultadores de uma vida sexual saudável. Também pode evidenciar bloqueios com o corpo e a autoimagem, violências e performances sexuais inatingíveis.
Menos sexo ou sexo mais ‘seletivo’? 3y5u39
Outro ponto interessante de reflexão: as pessoas estão fazendo menos sexo ou não estão topando mais sexo sem qualidade? Quando pensamos no porquê casais tão jovens estão recorrendo mais à terapia sexual e fazendo menos sexo, podemos pensar que saber mais sobre sexo e sexualidade não expressou mais sexo real.
O individualismo característico desta geração pode interferir no estabelecimento das conexões reais e o o à educação sexual trouxe mais conhecimento e consciência sobre sexualidade, relacionamentos, o que é o sexo e suas interações. Mas deixo a pergunta: por onde andam os afetos tão necessário nas relações, inclusive sexuais?