Estamos no Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. A iniciativa busca combater o número de casos e desmistificar temas que envolvem transtornos mentais. Segundo o Anuário de Segurança Pública, o Brasil registrou 14.353 ocorrências em 2021.
Para além das campanhas realizadas apenas nesta época, a Rede Asta promove uma ação contínua para mudar essa realidade por meio do artesanato. A organização oferece cursos e formações para artesãs, assim como uma rede de apoio para mulheres em situação de vulnerabilidade.

Práticas esportivas, atividades de lazer e atividades como o artesanato são aliados para evitar situações graves e ajudar a contornar doenças mentais como a depressão, uma vez que oferecem bem-estar. Outro fator primordial, segundo a psicóloga Claudia Maria Petri, é o relacionamento em grupos.
“Quando estamos com outras pessoas, amos a ser reconhecidos, a ter uma função social, ganhamos o fator proteção. Há um grande risco quando a pessoa está em isolamento e não se vê útil para nada”, explica.
Uma pesquisa da universidade norte-americana de Drexel, na Filadélfia, ainda revelou que o artesanato diminui a tensão e o estresse. Outros estudos também apontam que a prática fortalece as habilidades cognitivas, principalmente durante o envelhecimento.
“Quem trabalha com artesanato tende a melhorar a coordenação motora, a memória e diminuir os níveis de ansiedade. A prática ainda incentiva a criatividade”, explica a cofundadora da Rede Asta, Alice Freitas.
“Todos os seres humanos precisam se sentir vivos, criativos. E qualquer tipo de atividade que seja sentida como agradável e que estimule a criatividade vai fazer com o que a pessoa se sinta melhor. As práticas manuais devem ser de acordo com a capacidade de cada um, com o distúrbio que cada um pode ter e não devem evidentemente se tornar algo que sobrecarregue”, completa o psicanalista Roosevelt Cassorla, membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
A Rede Asta oferece cursos de formação a costureiras e artesãs em todo o país, inclusive em Santa Catarina. Aqui no Estado, 178 mulheres participam ativamente de projetos da organização.
Artesanato: um aliado no combate à depressão 4r2d2w
Em rodas de conversas durante a pandemia, as instrutoras notaram que algumas mulheres apresentavam sinais de depressão, mas o artesanato as amparou.
“Uma das questões que as deixavam descrentes era justamente a falta de perspectiva profissional, já que várias delas perderam seus empregos e ganhos e eram as principais responsáveis pelo sustento de suas famílias”, lembra Alice.
Os relatos das costureiras vão de encontro ao cenário brasileiro: segundo uma pesquisa da Universidade de Pelotas, os casos de depressão cresceram 41% no Brasil durante a pandemia.
Uma das mulheres auxiliadas pela rede em SC é a artesã Cibele Ramos. Ela participou do Projeto Máscara + Renda e depois fez a Escola de Negócios das Artesãs.

“Eu me descobri artesã após uma depressão e o artesanato foi minha mola para sair do fundo do poço. Na Rede Asta fui abraçada, acolhida, encorajada e consegui ar por isso de cabeça erguida, com um apoio incrível”, relata Cibele.
Além de apresentar uma alternativa de renda às mulheres, a Rede Asta promove iniciativas que incentivam a formação de redes de apoio junto a outras nanoempreendedoras brasileiras.
“As costureiras estão se sentindo valorizadas. Muitas, antes depressivas, têm conseguido sair desse estado. Além de obterem ganhos para seu sustento, elas são preparadas para se tornarem donas de seus negócios“, complementa Alice.
O assunto, no entanto, deve sempre ser abordado com responsabilidade, de acordo com Elaine Cristina Coelho, professora do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera. Para ela, é necessário que amigos e familiares aprendam a identificar casos alarmantes em seus círculos sociais.
“Muitas pessoas ainda escondem que estão enfrentando depressão por receio de serem julgadas ou estigmatizadas. É importante que haja diálogo na sociedade e quem está em depressão encontre apoio e seja encorajado a realizar tratamento”, afirma.
Sobre a Rede Asta: 1d6923

A Rede Asta foi criada em 2005 para reduzir desigualdades sociais e ajudar empreendedoras brasileiras, conectando as mulheres à redes de apoio, oferecendo cursos de formação contínua e fornecendo o ao mercado consumidor.
Até o momento, a organização já gerou R$ 20 milhões em renda, impactou cinco mil mulheres diretamente e beneficiou 1,2 mil nanoempreendedoras.
Mulheres são mais afetadas pela depressão 6m6p5z
Dados divulgados pela OMS mostram que 18,6 milhões de brasileiros, ou seja, 9,3% da população, convivem com sintomas de ansiedade. Infelizmente, as mulheres também estão mais propensas a desenvolver o transtorno. Vários fatores podem justificar a maior incidência de diagnósticos de depressão em pacientes do sexo feminino.
“Um dos mais evidentes é que as mulheres buscam mais ajuda. Homens deprimidos não buscam ajuda por fatores sociais. As mulheres se expõem mais, enquanto homens ficam envergonhados de serem considerados fracos. As mulheres têm demandas diferentes dos homens, que manifestam a depressão mais pelas descargas, pela agressividade, o que não chama tanto a atenção. O fator hormonal também é um fator, uma vez que as oscilações dos hormônios também influenciam”, complementa Cassorla.
Onde procurar ajuda?
O Centro de Valorização da Vida (CVV) atende, de maneira voluntária e gratuita, todas as pessoas que querem conversar, sob total sigilo, pelo telefone 188, e-mail e chat 24h. Saiba mais informações no site do CVV.