Conheça a história e a magia do remo na capital de Santa Catarina 3m5f2l

Uma ilha cercada de águas por todos os lados não deixaria de ter o remo como o seu esporte nobre, saudável e tradicional. Em Florianópolis, o encanto e rivalidade têm mais de 100 anos 3l6w2p

Aqui, na ladeira do Hospital de Caridade ocorreu a primeira regata em 1861. – Foto: Acervo Casa da Memória FlorianópolisAqui, na ladeira do Hospital de Caridade ocorreu a primeira regata em 1861. – Foto: Acervo Casa da Memória Florianópolis

Muito antes de a bola rolar em Florianópolis e região num esporte totalmente desconhecido chamado de “foot-ball”, era o remo que dava as cartas e encantava os moradores de uma então pacata capital de Santa Catarina.

Pudera, uma ilha cercada por águas por todos os lados, não fugir do seu destino. Primeiro, por necessidade. Ainda sem as pontes que atualmente ligam a região Continental, eram os pequenos barcos que faziam transporte de carga e pessoas do cais da Praça XV até o bairro do Estreito.

E as atividades desportivas dos alunos da Escola de Aprendizes de Marinheiros na Enseada do Menino Deus (região hoje aterrada no Centro da Capital na subida do Hospital de Caridade), foi o início da possibilidade de ter o mar e os barcos como um esporte.

Segundo o historiador Maury Dal Grande Borges, no livro “Remando nas Águas na História”, a primeira competição de remo ocorreu no dia 17 de novembro de 1891, com “a programação de cinco páreos de escaleres e um de baleeiras, envolvendo amadores, menores, aprendizes de marinheiros e profissionais”.

O sucesso e entusiasmo foi tão grande que no ano seguinte a regata se repetiu, o que sinalizou um caminho aberto para a implantação do remo como atividade esportiva.

O surgimento das grandes equipes 2qo17

Da esquerda para a direita, uma das primeiras formações do Clube Náutico Riachuelo: Eduardo Müller, Max Müller, Alberto Moritz, Orlando Cunha e Décio Couto. – Foto: Remando nas Águas da História/Maury Dal Grande BorgesDa esquerda para a direita, uma das primeiras formações do Clube Náutico Riachuelo: Eduardo Müller, Max Müller, Alberto Moritz, Orlando Cunha e Décio Couto. – Foto: Remando nas Águas da História/Maury Dal Grande Borges

Num espaço de apenas quatro anos, nos anos da década de 1910, surgiram os três grandes clubes de Florianópolis. Obviamente que impulsionados pelo desejo de uma melhor organização das atividades nas baías da capital e a clara rivalidade já na época.

No dia 11 de junho de 1915, surge o Clube Náutico Riachuelo (azul e branco). No mês seguinte, em 31 de julho, nascia o Clube Náutico Martinelli (vermelho e preto). Finalmente, em 5 de dezembro de 1918 era fundado o C.R. Florianópolis, que logo ou a ser denominado Clube de Regatas Aldo Luz.

Com 3 clubes em atividades, surgiu a criação de uma Federação para organizar, premiar e comandar o esporte. Isso ocorreu, segundo o registro de uma edição do Jornal O Estado, na data de 10 de janeiro de 1919.

Festa dos heróis invade a cidade 4u4y6j

Carreata na Rua Felipe Schimidt, centro da capital. A festa dos campeões invadia a cidade. – Foto: Acervo Clube Náutico RiachueloCarreata na Rua Felipe Schimidt, centro da capital. A festa dos campeões invadia a cidade. – Foto: Acervo Clube Náutico Riachuelo

Dia de regata era dia de festa e de expectativas na cidade. Os remadores eram considerados heróis. Nas rádios da cidade, os hinos dos clubes eram tocados em alto e bom som.

Os torcedores dos clubes de remo trocavam farpas nos dias que antecediam as provas. Nas baías, navios e barcos maiores ficavam estrategicamente posicionados com torcedores uniformizados para a acompanhar.

Aos derrotados, cabia o lamento, a cabeça baixa e recolher os barcos para as suas sedes. Ao time vencedor, uma carreata pelas principais ruas da cidade, com direitos a foguetórios, bandeiras, êxtase total e com os atletas, ou melhor, os heróis, com o peito estufado com o nobre sentimento do orgulho e do dever cumprido.

Um drama surreal na história do remo na Capital 3k6f2i

Matéria do Jornal O Estado anunciava o fim do remo na capital. – Foto: Jornal O Estado/Biblioteca Pública de SCMatéria do Jornal O Estado anunciava o fim do remo na capital. – Foto: Jornal O Estado/Biblioteca Pública de SC

A construção do aterro da Baía Sul no início dos anos da década de 1970, obra que acompanhava o crescimento de Florianópolis e a necessidade de crias alças viárias para conectar a uma nova ligação com o continente, a Ponte Colombo Machado Salles, foi sem dúvida, o maior golpe para todos os clubes de remo da cidade.

O para-atleta André Dutra, ex-presidente  e atual diretor de marketing da FERESC (Federação Catarinense de Remo) registrou no livro “Clube de Regatas Aldo Luz 100 anos – Memórias do Remo de Florianópolis” que “os anos 1970, talvez tenham sido até hoje os mais duros da história de todos os clubes da capital. ” A situação relembrada pelo remador e dirigente do remo foi, digamos, surreal.

Como as garagens náuticas aram a ficar longe do mar, cenas de remadores carregando os seus barcos nas mãos por quase 800 metros para praticar o esporte (e depois, cansados, devolvê-lo às garagens), virou capa do extinto Jornal O Estado. Em sua manchete, declarou: “O REMO MORREU”.

Bom, felizmente o remo não morreu. Mas saiu do centro histórico de Florianópolis, onde dos próprios comércios da região era possível acompanhar os treinamentos dos atletas.

Para compensar o sofrimento dos clubes do remo pela implantação do aterro, no dia 12 de julho de 1977 foi assinado um convênio entre o Governo do Estado, junto à Federação e os clubes de remo para a criação de uma área para esta atividade. O Parque Náutico Walter Lang, próximo a rodoviária da capital, abriga as sedes dos clubes Riachuelo, Martinelli e Aldo Luz.

Olhando para o futuro, há um projeto para a revitalização deste espaço. A expectativa é grande para o esporte reviva seus tempos áureos.

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