Após receber permissão da Justiça Federal, a UFSC começou o cultivo de maconha (cannabis). Foram plantadas 120 sementes de mesma genética certificada de uma variedade rica em Canabidiol (CBD), substância já amplamente empregada na produção de medicamentos.
A expectativa é que em cinco ou seis meses pesquisadores do Campus de Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), liderados pelo professor Eik Amazonas, comecem a produzir os extratos de Cannabis.

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é a primeira instituição de ensino superior do Brasil a obter medida judicial que lhe permite produzir todos os insumos para a pesquisa da aplicação da Cannabis na área da medicina veterinária.
A 1ª Vara da Justiça Federal, em Florianópolis, concedeu um salvo-conduto que autoriza o pesquisador e professor Erik Amazonas, do Centro de Ciências Rurais (Campus de Curitibanos), a realizar o cultivo, preparo, produção, fabricação, depósito, porte e prescrição da Cannabis sativa.
As mudas serão cultivadas em estufa própria para cultivo e pesquisas agronômicas do Campus de Curitibanos – espera-se uma taxa de germinação entre 90% e 95%. Enquanto as plantas crescem, o professor pretende importar insumos de parceiros para já obter extratos para pesquisas.
Erik Amazonas, reconhecido pesquisador, está autorizado para o cultivo, preparo, produção, fabricação, depósito, porte e prescrição de derivados da Cannabis sativa.
A extração dos óleos será feita na própria Universidade. “Temos o Laboratório Multiusuário de Análise Instrumental (Lamai) no Campus de Curitibanos, coordenado pelo professor Cristian Soldi, que tem condições de realizar extrações alcoólica, hidroalcoólica, por ultrassom, dentre outras. Um dos desdobramentos de pesquisa que iremos abordar é o desenvolvimento de diferentes métodos de extração e de formulações para uso veterinário”, explica Amazonas.
De acordo com o professor, o Centro de Ciências Rurais (CCR) tem condições de analisar, avaliar e garantir a qualidade dos óleos, contudo os pesquisadores também pretendem fazer parcerias com outras instituições para ampliar o rol de compostos avaliados entre os diferentes laboratórios, de modo a analisar qualitativamente os extratos de forma mais completa.
O professor Erik Amazonas coordena a linha de pesquisa “Endocanabinologia e Cannabis Medicinal”, do Grupo de Estudos em Produção Animal e Saúde, que reúne outros seis professores, um servidor técnico-istrativo, alunos de graduação e pós-graduação do Campus de Curitibanos, vários colaboradores externos e um consultor externo. A pesquisa com a Cannabis tem em seu escopo avaliar o uso de medicação à base de terpenofenóis em animais não humanos. Formulações de uso tópico contendo Cannabis serão analisadas quanto ao seu potencial cicatrizante e anti-inflamatório, efeito inseticida, repelente, mosquicida e anti-helmíntico e efeito desinfetante. E até mesmo o uso alimentar em animais.
“Através da ciência e conhecimento pretendemos ser catalisadores de um ecossistema favorável para a implantação de um novo setor econômico industrial no Brasil: a indústria canábica. Assim estamos trabalhando para criar o Centro de Desenvolvimento e Inovação Canábica (Cedican) no Campus de Curitibanos para adaptar o cânhamo e a indústria catarinense entre si”, esclarece o professor.