GUSTAVO URIBE, DANIEL CARVALHO, RANIER BRAGON, DÉBORA ÁLVARES E LAÍS ALEGRETTI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira (25) ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que enviará ao Congresso a reforma previdenciária logo após a votação em primeiro turno da proposta do teto de gastos públicos no Senado. O primeiro turno está marcado para a próxima terça-feira (29) e a expectativa do governo federal é conseguir um placar favorável de 65 votos em relação a um total de 81. Para aprovar a proposta, o mínimo necessário é de 49 votos.

Em almoço com a cúpula nacional do PSDB, no Palácio da Alvorada, o peemedebista pediu o apoio do partido à aprovação da proposta e defendeu que ela é essencial para o equilíbrio das contas públicas. Na saída do encontro, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, também defendeu que o governo federal envie a iniciativa após a votação do primeiro turno. “Não há necessidade de esperar essa votação [o segundo turno]. Essa é a ideia dele e nós estimulamos que seja enviado após o primeiro turno”, disse. No início desta semana, o presidente havia se comprometido a enviar a proposta em dezembro. O segundo turno da proposta do teto de gastos públicos está marcado para 13 de dezembro.
Para FHC, governo de Temer “é o que tem” 191h5g
Nesta sexta-feira, FHC disse que o governo Michel Temer é frágil, mas ponderou que “é o que tem”. “Diante da circunstância brasileira, depois do impeachment, o que temos que fazer é atravessar o rio. Isso é uma ponte. Pode ser uma ponte frágil, uma pinguela? Tudo bem. Mas é o que tem. Se você não tiver uma ponte, você cai no rio. Não adianta fazer muita especulação”, afirmou FHC ao chegar em um seminário do partido na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Fernando Henrique disse que, diante da crise econômica que o Brasil enfrenta, não é possível se restringir a “pequenas coisas”. “Não temos tempo a perder. Temos que ter rumo e pensar muito mais no país do que nas pequenas coisas”, afirmou. Questionado especificamente sobre o pedido de demissão do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, ele falou da dificuldade de dispensar um amigo. “Não há nada pior para um presidente do que ter que dispensar um amigo. Mas, às vezes, não tem jeito. Não é uma questão nem pessoal. É política. A pessoa não tem alternativa e, no caso, ele se antecipou. Fez bem, eu acho”, afirmou.
Para FHC, a decisão que Michel Temer teve que tomar de trocar mais um ministro era inevitável. “Se cria um clima que não tem jeito. Tem que criar jeito”, afirmou. O ex-presidente da Republica disse ainda que o PSDB tem assumido seu papel de aliado do governo “responsavelmente”. “Como ele (o PSDB) votou pelo impeachment, tem que ter também uma consciência, como tem tido, de que temos que apoiar algumas medidas que, muitas vezes, parecem impopulares. Mas, impopular mesmo, é ter levado o Brasil ao caos e quem levou o Brasil ao caos foi o PT”, afirmou Fernando Henrique. “A população está decepcionada há muito tempo e cabe aos líderes políticos dar sinais de esperança”, completou.