Se colocarmos na ponta do lápis gastos com água, luz telefone, jantares, copeira e jardinagem, entre outros custos de manutenção, a despesa da residência oficial do governo catarinense, a Casa d’Agronômica, já chega a R$497 mil só este ano. Com uma área de 50.000 metros quadrados, jardins impecavelmente cuidados e um sistema moderno de vigilância, o palácio já foi inaugurado em 1955, pelo ex-governador Irineu Bornhausen, com a finalidade de servir como residência oficial.
Levantamento do Notícias do Dia com base em dados públicos do Portal da Transparência do Estado verificou que entre 2011 e 2018, o palácio custou R$ 23,9 milhões aos públicos. No mesmo período, outros R$ 497 mil foram destinados para a residência oficial do vice-governador. Nestas contas não estão incluídos os salários dos servidores efetivos que trabalham nos dois locais. (Confira o detalhamento completo dos pagamentos que tiveram como destino serviços realizados na Casa d’Agronômica no fim da página)

Só em refeições e serviços de copa e garçons, em oito anos, foram pagos R$ 7,3 milhões. Outros R$ 5,3 milhões foram adiantados a três servidores da Casa Civil para despesas de manutenção da residência, mediante prestação de contas, e R$ 4,2 milhões custearam serviços de zeladoria e limpeza.
Boa parte dos serviços é prestada por empresas terceirizadas. O serviço de gerenciamento e jardinagem, por exemplo, custou R$ 836 mil, enquanto o sistema interno de vigilância demandou de outros R$ 747 mil. Ambos os serviços são realizados por terceirizadas.
A reportagem não teve o ao número de funcionários que trabalham na residência oficial do governador e do vice. Os servidores efetivos estão ligados à Casa Civil, sem que haja discriminação do local de trabalho no Portal da Transparência. No caso dos funcionários terceirizados, as notas de empenho disponíveis para consulta do público não discriminam o número de pessoas que realizam as atividades pagas pelos cofres públicos.
Segundo assessoria do governo, as informações sobre o número de servidores e parte dos gastos da residência são consideradas sigilosas por questão de segurança.
Governadores abrem mão de residências oficiais 2h613t
No próximo dia 1º de janeiro, quando for empossado como 43ª governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL) não só terá legitimidade e tinta na caneta para implantar as medidas que anunciou, mas também terá a sua disposição uma série de benefícios conferidos ao chefe do executivo, como a própria mudança de endereço para o palácio residencial. Procurado, Moisés não se manifestou sobre sua ida para a Casa d’Agronômica.
Pelo menos quatro governadores eleitos nestas eleições manifestaram que abrirão mão das residências oficiais: João Dória (PSDB-SP), Wilson Witzel (PSC-RJ), Romeu Zema (Novo) e Ibanes Rocha (MDB-DF).
Em São Paulo, o Palácio dos Bandeirantes será a sede de trabalho do governo, mas não servirá como residência oficial. No Rio, Witzel anunciou que permanecerá no bairro onde vive, na Zona Norte, mas não falou sobre o destino do Palácio Laranjeiras em seu governo.
Ibanes Rocha anunciou que vai reduzir a área da residência oficial de Águas Claras, no DF. Por outro lado, vai comprar de uma chácara com maior espaço. Romeu Zema é o único que pretende extinguir o uso de residência oficial do Palácio das Mangabeiras, onde pretende implantar um museu.
Palácio tem custo médio de R$ 2,9 milhões por ano 5a2h3i
Mesmo que a residência oficial do governo de Santa Catarina tivesse outro destino, o prédio continuaria a gerar custos fixos de manutenção e impostos. Um levantamento publicado em 2017, revelou, por exemplo, que a residência oficial de Águas Claras, do governo do Distrito Federal, custou em média R$ 411 mil mesmo não sendo ocupada.
Já na Casa d’Agronômica, que foi ocupada pela família de 19 governadores, incluindo Pinho Moreira (MDB), o custo médio anual é de R$ 2,9 milhões. Só com água, luz e telefone, são cerca de R$ 575 mil por ano.
Só para a manutenção preventiva e reparos no gerador de energia do palácio, o Estado gastou R$ 65 mil, outros R$ 185 mil foram usados para manutenção preventiva dos elevadores. Outro serviço pago que teve como alvo a Casa d’Agronômica, Casa Civil e Gabinete do Governador, foi a limpeza de linhas telefônicas e o “e rastreamento de transmissões de radiofrequência irregulares” custou R$ 365 mil.
Em 2015 o local recebeu uma reforma na cozinha, que custou R$ 132 mil entre projeto e compra de mobília. Nesses oito anos, o governo equipou o palácio com quatro novos micro-ondas, quatro refrigeradores, dois freezers, cinco TVs de Led, e diversos aparelhos de ar-condicionado. Só em utensílios domésticos e mobiliário foram R$ 100 mil.
Residência do vice segue sem uso 6z615j
Desde que assumiu o governo do Estado, em abril deste ano, Pinho Moreira (MDB) não ocupa mais a residência oficial do vice-governador, localizada no bairro Itaguaçu. Com uma área de 1.229,78 metros quadrados, as despesas na casa do vice-governador são bastante inferiores ao custo da Casa d’Agronômica.
Como os gastos com as moradias oficiais não têm fonte única, segundo o governo os gastos podem ser pagos tanto pela Casa Civil como gabinete do vice-governador, os dados disponíveis no Portal da Transparência podem apontar uma despesa menor do que realmente foi paga. No caso da residência do vice, as informações são irregulares e nem todos os gastos destinados à moradia são discriminados nos empenhos.
Com base nos dados do gabinete do vice-governador e das notas de empenho destinadas a residência oficial do vice, em oito anos o Estado destinou R$ 497 mil para cobrir os custos da residência. Desse valor, R$ 392 mil foram reados em forma de adiantamento para manutenção em nome de servidores. O único gasto com energia relacionado a residência do vice no Portal da Transparência é R$ 6 mil e o custo de água e esgoto não estão detalhados.
A Residência Oficial do Governador do Estado, denominada Casa d’Agronômica, é uma construção em estilo colonial misto, da década de 50. Possui um jardim que abriga espécies de figueira, pau-brasil, pinus, eucalipto e coqueiros, numa área de 50.000 metros revestida de gramado e cercada por muros de pedra bruta, fincado entre as avenidas Rui Barbosa e Beira-mar Norte.
A casa é um híbrido da arquitetura luso-brasileira, acrescido de características do estilo colonial espanhol. A construção teve início no ano de 1952 e terminou em 1954, sendo inaugurada no início de 1955 pelo Governador Irineu Bornhausen.
Desde então a Casa d’Agronômica é a Residência Oficial do Governador do Estado de Santa Catarina.
Já residiram as famílias dos seguintes governadores de Santa Catarina:
Irineu Bornhausen
Jorge Lacerda
Heriberto Hülse
Celso Ramos
Ivo Silveira
Colombo Machado Salles
Antônio Carlos Konder Reis
Jorge Konder Bornhausen
Henrique Córdova
Esperidião Amin Helou Filho
Pedro Ivo Campos
Casildo Maldaner
Vilson Kleinubing
Paulo Afonso Vieira
Esperidião Amin Helou Filho
Luiz Henrique da Silveira
Leonel Arcângelo Pavan
João Raimundo Colombo