56 anos depois da morte de Higino João Pio, primeiro prefeito de Balneário Camboriú, assassinado na ditadura militar do Brasil. A certidão de óbito dele foi retificada de suicídio, para “causada pelo Estado brasileiro”. Ele foi preso em fevereiro de 1969 e morreu em 3 de março do mesmo ano, sob custódia do Estado.
A versão oficial da época alegou suicídio por enforcamento, mas perícias posteriores apontaram para homicídio por estrangulamento. As informações são da Comissão da Verdade. Ele morreu na Escola de Aprendizes Marinheiros, em Florianópolis.

Com data de 14 de março de 2025, a alteração na certidão de óbito foi feita por uma determinação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Conforme o órgão, o documento informa agora que a morte do prefeito ocorreu de forma violenta, causada pelo Estado, no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política, durante o regime ditatorial instaurado em 1964.
Prefeito de Balneário Camboriú assassinado na ditadura terá honras à memória 51464
A atual prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan (PSD), entrou em contato com os familiares de Higino para trazer os restos mortais do prefeito à cidade.
O município afirmou ainda que os familiares do ex-prefeito disseram que, na época, não tiveram escolha sobre o local, pois, foi uma determinação que Higino fosse enterrado no Cemitério Municipal da Fazenda, em Itajaí.

A ideia inicial é que os restos mortais de Higino Pio sejam transportados de Itajaí para Balneário Camboriú no dia 20 de julho, aniversário da cidade, juntamente com honras à memória do primeiro prefeito.
Suicídio foi forjado por agentes da Ditadura Militar 6b6k2y
Higino João Pio foi um dos dez políticos de Santa Catarina mortos ou desaparecidos durante a ditadura militar do Brasil (1964-1985). Nascido em Itapema, Pio foi o único morto em território catarinense.
Ainda de acordo com a Comissão da Verdade, a prisão aconteceu em uma quarta-feira de cinzas e foi realizada pela Polícia Federal. Juntamente com ele foram outros funcionários da prefeitura. Higino permaneceu incomunicável após ser levado à Escola de Aprendizes de Marinheiros. Os demais funcionários da prefeitura foram soltos depois do depoimento.

Conforme a Comissão da Verdade, a versão oficial apontava a causa da morte como asfixia por enforcamento, sem equimoses ou escoriações no corpo. A versão foi contestada por evidências de hematomas.
Ao portal ND Mais, Júlio César, filho de Higino, contou que, além de político, o pai trabalhou como empresário e hoteleiro. Ele e o restante da família, até hoje, não sabem o que aconteceu, e aguardam respostas.
“É difícil para a gente. Hoje vemos que as pessoas só falam bem dele. Ele ajudava os pobres, só pensava no bem das pessoas. Como prefeito, é responsável pelas principais avenidas, construiu mais de 200 casas e não cobrou às famílias, construiu muitas escolas”, disse Júlio. Ele enfatiza a inocência do pai e diz não saber quem fez a denúncia política.