Nesta segunda-feira (16), Israel recusou uma trégua para permitir a entrada de auxílio humanitário na Faixa de Gaza. O chefe regional da OMS (Organização Mundial da Saúde), Ahmed Al Mandhari, advertiu que “restam apenas 24 horas de água”. Se a ajuda humanitária não conseguir ingressar no enclave, os médicos poderão “preparar os certificados de óbito”, afirmou.

No décimo dia de conflito, sirenes de alerta soaram em Jerusalém e Tel Aviv devido aos disparos vindos de Gaza. Cerca de um milhão de palestinos estavam reunidos no sul do enclave, buscando refúgio dos ataques israelenses. Centenas de moradores de Gaza, muitos deles com aportes estrangeiros, aguardavam para entrar no Egito, acreditando que teriam prioridade.
Restam 24 horas de água 1h62
A agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) alertou ocorre uma “catástrofe humanitária sem precedentes”. Com poucos pertences, em motocicletas, carros, reboques ou em animais, os palestinos fogem para o sul há vários dias.
“Sem eletricidade, sem água, sem Internet, sinto que estou perdendo a minha humanidade”, desabafou Mona Abdel Hamid, de 55 anos, que seguia em direção à agem de Rafah, na fronteira com o Egito.
A agem fronteiriça de Rafah, entre o Egito e Gaza, recebe ajuda humanitária de vários países, mas os produtos ainda não chegaram ao território palestino. Rafah é o único ponto de agem entre Gaza e o mundo externo que não está sob controle de Israel, no entanto, permanece fechado e foi alvo de bombardeios por caças israelenses.
O Exército israelense indicou que se “absteria” de atacar os corredores de saída que conectam o norte ao sul do território. No entanto, tanto Israel quanto o Hamas negaram um cessar-fogo. “Não haverá trégua nem entrada de ajuda humanitária em Gaza”, declarou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Diante dos ataques aéreos e da pressão do Exército para evacuar o norte da Faixa de Gaza, mais de um milhão de pessoas saíram do pequeno território sitiado de 362 quilômetros quadrados, onde vivem amontoados 2,4 milhões de palestinos.

Escalada de violência 63e44
O Exército israelense confirmou estar se preparando para a “próxima etapa” da operação de represália contra o Hamas, classificado como grupo terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, e responsável pelo ataque mais mortal em território israelense desde a criação de Israel em 1948.
“Estamos no início de operações militares em larga escala na cidade de Gaza”, localizada no norte do território, declarou o porta-voz do Exército, Jonathan Conricus, nesta segunda-feira. “Os civis não estariam seguros se permanecessem aqui”, acrescentou.
Esta possível ofensiva preocupa a comunidade internacional. No Cairo, Blinken assegurou que os aliados árabes dos Estados Unidos não desejam a escalada do conflito.
O presidente americano Joe Biden advertiu que uma nova ocupação da Faixa de Gaza por Israel seria um “erro grave”. Israel ocupou Gaza da Guerra dos Seis Dias, em 1967, até 2005.
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahian, alertou, no entanto, que o tempo para “encontrar soluções políticas” e evitar a propagação do conflito está se esgotando.
A Liga Árabe demandou o fim das “operações militares” em Gaza e a criação de corredores humanitários. A Rússia reiterou nesta segunda-feira seu apelo por um cessar-fogo e negociações para encontrar uma “solução política”.
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