Diante do resultado das pesquisas de boca de urna neste domingo (23), o chanceler alemão, Olaf Scholz, do SPD (Partido Social-Democrata), parabenizou o adversário Friederich Merz, da CDU (União Democrata Cristã), pela vitória nas eleições.

A projeção é de que a legenda de Merz ganhe em torno de 29% dos votos, derrotando o partido de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha), representado por Alice Weidel, que teria obtido 19,5%.
O CDU, no entanto, não conseguiu maioria absoluta no Bundestag, como é chamado o parlamento alemão, e terá que formar uma coalizão de governo com outras legendas.
O resultado vem após a queda na popularidade do governo de Olaf Scholz, que ficou em terceiro com 16% dos votos. A economia da Alemanha, maior da Europa, retraiu por dois anos consecutivos, com redução de 0,2% no PIB (Produto Interno Bruto) em 2024 e 0,3% em 2023.
Anti-imigração e rival de Angela Merkel: conheça Friederich Merz, novo chanceler alemão 4t1i3h

Friederich Merz, de 69 anos, nasceu em uma família católica conservadora no estado da Renânia do Norte-Vestfália em 1955. Ele é um veterano na política, tendo ingressado na ala jovem do CDU aos 17 anos.
Formado em direito, trabalhou como juiz e advogado antes de ser eleito para o Parlamento Europeu em 1989, aos 33 anos. Em seguida, se tornou deputado no Bundestag com foco na política financeira.
A rivalidade com Angela Merkel, chanceler da Alemanha de 2005 a 2021 pelo CDU, fez Friederich Merz se afastar da política. Em 2000, ele perdeu disputa pela liderança do partido para Merkel e foi substituído por ela como líder da oposição no parlamento.

O advogado corporativo se voltou ao setor privado em 2009 e se tornou multimilionário. Ele é casado com a juíza Charlotte Merz, com quem tem três filhos. Nas horas vagas, é piloto licenciado e possui dois aviões.
Friederich Merz só retornou à política após nove anos, quando Angela Merkel renunciou ao cargo de chanceler. Ele foi eleito líder do CDU em 2022, com a promessa de tornar o partido mais conservador, e desde então tem sido o rosto da oposição ao governo do social-democrata Olaf Scholz.

O deputado sempre foi a favor da energia nuclear. No parlamento, pressionou por uma política econômica liberal e por menos burocracia. Ele também se opõe à política de migração há mais de 20 anos.
“Gente que, na verdade, não tem nada a ver com a Alemanha, que há muito tempo nós toleramos, que não repatriamos, não deportamos, e depois nos espantamos que tenha tais excessos aqui”, disse em uma entrevista à TV ZDF em 2023.
Ele foi criticado em janeiro ao tentar endurecer as regras de imigração com o apoio da extrema direita, representada pelo AfD. A atitude chegou a ser condenada pela rival Angela Merkel.

Em 1997, votou contra um projeto de lei acerca de criminalização do estupro conjugal. Ele explicou, mais tarde, que era a favor da criminalização, mas não concordava com outras questões no projeto. O deputado ainda se opôs à liberalização da lei do aborto e à reprodução assistida.
Friederich Merz não poupa críticas aos benefícios de assistência social e prometeu baixar os impostos. Ele teve que se desculpar em 2022 por acusar os refugiados ucranianos de “turismo social”.
Assim como seu partido, ele apoia que a Alemanha continue enviando ajuda militar a Israel e defende uma solução de dois estados para o conflito em Gaza.