Quando escrevi que a tentativa de colocar o ex-presidente Lula em liberdade foi uma ação orquestrada, houve quem não gostasse. Dois dias depois, os próprios deputados do PT, autores da ação, revelaram a estratégia. Eles até previam uma derrota, mas armaram uma ação minuciosa para desgastar a Justiça e gerar um fato político. De quebra, ganharam argumentos contra o juiz Sergio Moro, que deixou as férias de lado em nome de uma ação intempestiva para manter o ilustre condenado atrás das grades.

Não só orquestrada, a ação para resgatar Lula foi premeditada. O jornal “Folha de S.Paulo” revelou que um amigo avisou ao deputado Paulo Pimenta (PT-RS) que o desembargador Rogério Favreto – filiado de 1991 a 2010 ao PT – estaria de plantão no fim de semana ado. Esse amigo monitorou a escala no site do TRF-4. Pimenta itiu que “alguém deu o toque” e ele mesmo checou no sistema. “É público”, arrematou.
Paulo Pimenta recorreu ao colega deputado Wadih Damous (PT-RJ), que já presidiu a OAB do Rio, e ambos, junto ao também deputado Paulo Teixeira (PT-SP), prepararam a manobra na quarta-feira, na sala da liderança do PT na Câmara dos Deputados. Eles previam que a decisão de Favreto seria cassada em poucas horas, mas já estaria criado um episódio para ilustrar a tese de que o Judiciário atua para prejudicar o ex-presidente.