A Câmara Municipal de Florianópolis tem um espaço dedicado às 13 mulheres que ocuparam o cargo de vereadora ao longo dos anos: a Galeria Lilás.
Sessenta anos após a primeira mulher ocupar a vaga no Legislativo municipal, a cidade que em toda sua história elegeu sete mulheres para a Câmara, terá de uma só vez, cinco parlamentares.

Manu Vieira (Novo) foi a mais votada, com 3.522 votos. No quadro geral, ela foi a quarta com mais votos no município. Orgulhosa da conquista, Manu defende uma candidatura livre de privilégios e que tenha como foco a fiscalização das contas públicas.
Um dia após a eleição, trabalhando para botar em pé suas propostas de campanha, ela diz que atuará junto à bancada feminina sempre que as pautas forem convergentes. “Eu quero defender a cidade”, diz.
As demais vereadoras eleitas foram Carla Ayres (PT); Maryanne Mattos (PL); Priscila Fernandes (Podemos) e Cíntia Mendonça (PSOL), sendo que esta última foi eleita para um mandato coletivo, que será partilhado com outras quatro co-vereadoras.
Representatividade 611e6g
É de Carla Ayres (PT) o projeto que criou um espaço para homenagear as vereadoras que aram pela Câmara Municipal de Florianópolis. A Galeria Lilás reúne desde as fotos da primeira suplente Olga Brasil (1924-2007) até a de Carla, que foi suplente pela primeira vez em 2018.
“Foi um projeto não só para homenagear essas 13 mulheres, mas para denunciar esse número. Quando a gente consegue visualizar, ele se torna ainda mais chocante. Tanto é que todas, ou a maioria, das candidaturas que concorreram este ano bateram muito nesta tecla”.
Carla Ayres herdou a cadeira do PT que antes era de Lino Peres, candidato a vice na chapa de Elson Pereira (PSOL). Ela é feminista, lésbica e defensora da pauta LGBT.
Nesta legislatura, Carla vai tentar regulamentar o Dossiê da Mulher Florianopolitana. O projeto busca a divulgação de dados sobre a violência contra a mulher na Capital.

Maryanne Mattos (PL) busca, a partir do mandato, inspirar novas gerações. “É uma honra, porque eu sei que a representatividade é muito importante, principalmente nos espaços de liderança, de poder, de decisão”.
Por meio de palestras, cursos e mentorias, ela pretende aproximar mulheres, crianças e adolescentes do dia a dia da Câmara. O objetivo é que o grupo tenha uma formação política prática, para que a juventude entenda a importância de fazer política. Maryanne foi secretária de Segurança de Florianópolis e comandante da Guarda Municipal.
“As pessoas têm a necessidade de ter gente que olhe para gente”, diz Priscila Fernandes (Podemos). Defensora da causa animal há 15 anos, ela conta que ficou imensamente feliz ao saber que, além dela, outras mulheres foram eleitas.
Ela promete buscar o diálogo com as demais para a promoção de leis e ações que inibam a violência contra a mulher. Priscila, que é psicóloga, fala da importância do acolhimento a vítimas de violência e acredita que, com o numeroso efetivo feminino na Câmara, essas pautas serão cada vez mais discutidas.
No seu primeiro ano, além de se juntar à bancada feminina, vai buscar resolver a questão do tratamento da leishmaniose nos animais do município e trazer de volta o projeto Cão Terapia.
Política participativa 3u583i
O nome da urna já deixava claro que o mandato do Coletiva Bem Viver não era só da mestre em istração pública Cíntia Mendonça. Na hora do voto, a nomenclatura do grupo figurou amarrada ao nome da a.
Isso porque somam-se à Cíntia a antropóloga Joziléia Daniza Kaingang, a economista Lívia Guilardi, a professora Marina Caixeta e a estudante Mayne Goes. Todas co-vereadoras.
É Coletiva, com “a” no lugar do “o”. A brincadeira com a palavra tem fundo sério e defende um ponto de vista.
“Nós, mulheres feministas, queremos propor uma vida com direitos para todas as mulheres. Com lugar de todas as mulheres garantido. Quando a gente optou por ser coletiva foi justamente por isso. Para que a gente possa reforçar essa identidade de nós mulheres”, afirma Joziléia Daniza Kaingang.

O grupo quer buscar espaço na Câmara para que todas possam falar em plenário, assim como em suas discussões. O mandato é coletivo porque não vai personificar uma delas, será construído a partir de todas.
A Coletiva também pretende dividir o salário e manter sempre o diálogo interno e, em conjunto com a base que as elegeu, dentro e fora do seu partido, o PSOL.
Elas também fazem questão de lembrar que são mães, estudantes, brancas, negras e indígenas. Outro feito histórico do grupo, pois a Câmara nunca teve uma vereadora negra, nem indígena, ao menos não até o início da próxima legislatura em 2021.