O PL (Partido Liberal) negou nesta quarta-feira (23), durante coletiva de imprensa, incluir análises do primeiro turno na ação protocolada pelo partido no dia anterior e que questiona o funcionamento de mais de 250 mil urnas eletrônicas no Brasil.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, alega que adição incluiria muitas pessoas na ação, o que retardaria a tramitação. A exigência fora feita pelo ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes.

O partido elegeu a maior bancada de deputados durante o primeiro turno, no pleito que utilizou as urnas que a sigla coloca sob suspeição. Já o segundo turno resultou na derrota do candidato Jair Bolsonaro, que representava a sigla.
“Fizemos a opção de pedir no segundo turno porque entendemos que a transparência e a necessidade de ampla defesa tornaria impossível fazer com que todas as pessoas viessem ao auto e se manifestassem”, enfatizou Costa Neto. Para ele, caso sejam confirmados os indícios apontados, a investigação deve contemplar também o primeiro turno.
“Não estamos sugerindo anulação das eleições”, continuou. “O que não podemos ter é um fantasma. Realizamos um pedido de verificação”.
Ação protocolada 696u2m
O PL protocolou uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), baseado em uma auditoria contratada pelo partido. A análise aponta uma suposta irregularidade identificada em um dos arquivos gerados, chamado de “log de urna”, cuja função é associar os votos à urna onde foram registrados.
O arquivo gerado em urnas fabricadas antes de 2020 não permite associar os votos com as urnas onde foram registrados, segundo o engenheiro Carlos Rocha, que assinou o estudo. Isso seria um “indício de falha pois é difícil associar o registro de cada atividade ao equipamento”, pontuou nesta terça-feira. Ele ressaltou que a falha pode ter diferentes origens.
Nas urnas que apresentam falha no arquivo, Lula (PT) teria registrado 52% de votos, contra 47% de Bolsonaro (PL). Já nas urnas novas, foram 51% de Bolsonaro contra cerca de 48% de Lula.
Repórteres questionaram Costa Neto sobre aspectos técnicos do relatório, alegando que há outras formas de associar os votos às urnas. No entanto o presidente do partido se negou a responder as perguntas. Desta vez, o engenheiro Carlos Rocha não compareceu à coletiva.
O ministro Alexandre de Moraes respondeu à ação ainda na tarde desta terça-feira. Ele deu prazo de 24 horas para que o PL acrescentasse também o primeiro turno na petição na qual pede a anulação de votos das eleições. Isso porque as urnas utilizadas foram as mesmas.
Sucessivas tentativas para impugnar o pleito 28614a
A ação faz parte de uma sequência de movimentações do partido que lançou Jair Bolsonaro como candidato à Presidência da República neste ano. Em setembro, dias antes da votação, o PL lançou uma nota, que não estava assinada, questionando a integridade do sistema eleitoral.
O texto falava em um relatório de auditoria que apontava fragilidades de tecnologia da informação no Tribunal Superior Eleitoral para colocar em dúvida a segurança da votação.
“O quadro de atraso encontrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) referente à implantação de medidas de segurança da informação mínimas necessárias gera vulnerabilidades relevantes. Isto poderá resultar em invasão interna ou externa nos sistemas eleitorais, com grave impacto nos resultados das eleições de outubro”, afirmou o PL.
Na semana ada, um documento que circulou na imprensa apontava que o PL pediria a anulação dos votos apontando supostas falhas no log das urnas e no registro de número de patrimônio dos equipamentos.