O novo grito da empatia fashion é contra a realização da Copa América no Brasil. Ok. Os empáticos acham que não é seguro realizar competições futebolísticas? Os protocolos sanitários em vigor não são suficientes? Tudo bem. Então proponham a suspensão de todos os campeonatos. Não, eles não propõem.

O slogan escolhido é “Copa América não”. Eles chegam a projetar um aumento de casos de covid se o Brasil sediar essa competição. É mesmo?
Então respondam o seguinte: só na fase de grupos da Copa Libertadores o Brasil recebeu 21 times estrangeiros. Na Copa América receberá 9. Cada um desses 9 chegará e ficará controlado no mesmo lugar – diferentemente dos 21 da Libertadores, que vinham e voltavam conforme o andamento da tabela.
E aí, empáticos? Por que vocês não gritaram contra isso? A pergunta contém o benefício da confiança de que vocês estão preocupados com a saúde da população e não estão fazendo proselitismo idiota contra o fetiche preferido por dez entre dez heróis da resistência cenográfica – praguejar contra o Bolçççonaaaaro…
Queremos levar a sério a preocupação de vocês com os riscos sanitários e não podemos, portanto, sequer cogitar que vocês tenham apenas achado mais um jeitinho esperto de gritar genocida e fazer o teatrinho do salva-vidas que vai para muviquinha de hotel chique pegar sol numa boa (talvez achando que não será reconhecido sem máscara).
Então continuemos com as perguntas sinceras aos reis da empatia: por que vocês não se chocam também com o campeonato de ônibus lotados, vagões apinhados, pagode (ruim) de prefeito sem máscara, muvuca de comemoração eleitoral e aglomeração de mortadela?
Voltando ao futebol: o Flamengo foi crucificado quando propôs a volta segura dos campeonatos, em meados do ano ado. Depois, num e de mágica, a cruz sumiu. O Flamengo até foi o campeão brasileiro – e aí não teve patrulhamento fúnebre.
Empatia tem hora. Renan Calheiros, o novo herói da imprensa nacional, disse que a Copa América é o campeonato da morte. E os éticos, empáticos, solidários, humanos, lindos, delicados, civilizados e cultos já deixaram claro: quem não estiver com o Renan Calheiros entra na porrada.
É o grande astro da I e um aliado fiel de Lula – o bom ladrão – que por sua vez é ídolo de Tite, o técnico da seleção brasileira que fez uma pausa solene sobre a possibilidade de disputar a competição da morte, conforme sentenciado pelo Dr. Calheiros.Saudade de Lula não é empatia, é no máximo empatite. E o campeonato mais numeroso e nocivo de todos, atualmente, é o dos hipócritas.