O IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina) irá paralisar as atividades, caso se concretize o bloqueio nos rees anunciado pelo MEC (Ministério da Educação) às instituições de ensino federais. Serão R$ 23,5 milhões represados em Brasília, o que representa 37% do orçamento para o próprio custeio, informou a unidade de ensino nesta quinta-feira (2).

A reitora do instituto, doutora Maria Clara Kaschny Schneider, classificou de “nefasto” o impacto da medida nas atividades acadêmicas. A acadêmica afirmou que o IFSC já estava trabalhando com um contingenciamento de gastos de 10%, e que o bloqueio atual pegou todos de surpresa.
A medida irá afetar, não só as atividades acadêmicas, mas pode por em risco até o pagamento de água e luz.
Na terça-feira (30), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que universidades que promovam “balbúrdia” e “evento ridículo” teriam verbas cortadas.
Primeiro foram 30% do ree à UnB, UFF e a UFBA. Depois foi anunciado que a medida valeria para todos institutos federais.
Na UFSC, o corte foi de R$ 46 milhões. Após a repercussão da medida, o ministro disse nas redes sociais que “ouvir reitor é o mesmo que pedir sugestão de doces a diabético”.

A reitora informou que tentará reverter o corte em Brasília em reunião no MEC na próxima semana.
“Essa medida vai paralisar a instituição. Nós temos 50 mil alunos no estado de Santa Catarina em 22 campi. E é esse recurso que faz o IFSC funcionar. Se isso se mantiver, nós não chegaremos ao final do ano com nossas atividades acadêmicas e de pesquisa”, alertou a doutora Maria Clara.
“Esse impacto é no IFSC, mas é também na sociedade, porque eu estou deixando de formar pessoas para atuarem no desenvolvimento econômico e social dela. Nosso segundo semestre será drástico. Na semana que vem vamos a Brasília. Estamos articulando reuniões com o MEC para mostrar que o impacto é nefasto para as instituições”.
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Reitora fala em “patrulhamento”
Maria Clara está no seu oitavo ano de mandato frente à reitoria do IFSC, mas desde 2006 ocupou cargos de direção no instituto. Ela afirma que nunca sofreu um patrulhamento “descabido” como esse. Para a reitora, trata-se de punição com base numa “visão muito pequena” sobre a educação.
“Está se usando a ideologia como se fosse um problema da educação. As universidades têm na sua constituição o respeito às diferenças, ao debate, à controvérsia, e quando se pune as universidades por conta de manifestações, que são legítimas para todas as correntes políticas ideológicas, se quer fazer justamente o contrário: levar à universidade apenas uma linha ideológica”.
Contraponto
O Ministério da Educação informou à reportagem que o critério utilizado para o bloqueio orçamentário foi “operacional, técnico e isonômico para todas as universidades e institutos, devido à restrição orçamentária imposta a toda istração Pública Federal por meio do Decreto 9.741, de 28 de março de 2019”
Ainda segundo o MEC, o bloqueio é preventivo e incide sobre “recursos do segundo semestre para que nenhuma obra ou ação seja conduzida sem que haja previsão real de disponibilidade financeira para que sejam concluídas.”