Um acidente doméstico com uma chaleira de água quente levou a pequena Larissa Leão Epifânio, de nove meses, a ser internada no hospital infantil Joana de Gusmão. Com queimaduras de terceiro grau na cabeça, tronco e braços, ela precisou de duas cirurgias e dois meses de internação para reconstruir a pele. Com o objetivo de melhorar o tratamento de pacientes como Larissa, que sofrem lesões em decorrência de grandes queimaduras ou ferimentos graves, um grupo de estudiosos do Lacert (Laboratório de Células Tronco e Regeneração Tecidual), do Centro de Ciências Biológicas da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), desenvolve uma pesquisa com células-tronco.
Segundo a bióloga Andréa Gonçalves Trentin, mestre e doutora em ciências na área de bioquímica e uma das coordenadoras do Lacert, o objetivo do estudo é baratear os custos dos materiais usados para fazer o enxerto de pele, que hoje são importados, além de criar células de regeneração mais rápidas, acelerando a cura de pacientes e, consequentemente, diminuindo o tempo de permanência e o custo de sua estadia nos hospitais.
O projeto é dividido em três focos. O primeiro é voltado para a pesquisa básica, com o uso de novas metodologias para o cultivo de células-tronco humanas. O segundo é baseado na associação de células-tronco para a aceleração do processo de regeneração da epiderme, a parte mais superficial da pele. A terceira linha busca desenvolver biomateriais mais baratos para substituir os que são usados atualmente nos enxertos de pele em casos de queimaduras graves e que são importados do Japão e dos Estados Unidos. Cada 10cm³ deste material pode custar até R$ 20 mil.
“Estamos testando a efetividade desse material para ver se ele é realmente mais rápido de regenerar, o quanto ele é mais rápido, se é realmente um tratamento efetivo de ser feito e se deixará menos cicatrizes”, explica Andréa Trentin.
Outra forma de regeneração da derme começará a ser testada em humanos nos próximos meses com a utilização de plasma rico em plaquetas. O processo, que já é feito para regenerar ossos e dentes, será testado também para a regeneração da pele humana.
Prevenção nas escolas
Além de professores, cerca de 20 alunos de pós-doutorado, doutorado e mestrado dos cursos de biologia, medicina, fisioterapia, farmácia, veterinária e psicologia da UFSC trabalham no desenvolvimento do estudo, que começou em 2003 e não tem data para encerrar.
Esse grupo também é responsável pelo ensino científico reado a alunos de escolas públicas da rede de ensino de Santa Catarina. Por meio de maquetes e cartilhas que explicam informações básicas de células tronco e do processo de queimadura na pele, eles auxiliam na informação de prevenção de queimaduras.
As aulas são feitas diretamente nas escolas, nos estandes da Sepex (Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão) da UFSC anualmente e também em parcerias com escolas municipais e estaduais pela Sociedade Brasileira de Queimaduras.
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Em 2012, segundo o Ministério da Saúde, 1.013 pessoas morreram no Brasil por exposição a fumaça, ao fogo e às chamas.
O que são queimaduras?
Lesões nos tecidos provocadas por fontes de calor, físicas ou químicas. Sua gravidade está relacionado à profundidade e extensão da superfície corporal queimada.
Queimaduras de 1º graus– camada mais externa da pele. Ocasiona vermelhidão e ardência
Queimaduras de 2º grau – camada mais externa e parte da camada média da pele. Ocasiona bolhas e desprendimento de camadas da pele
Queimaduras de 3º grau – destruição de todas as camadas da pele. Pode ser muito grave e até fatal
Primeiros socorros a queimados
– Lave a área com água fria e limpa. Não use gelo
– Cubra a queimadura com uma faixa esterilizada ou pano limpo
– Remova anéis, cintos, sapatos e roupas antes de o corpo ficar inchado
– Caso a roupa grude na pele, não remova
– Monitore os sinais vitais
– Procure um médico assim que possível
FONTE: Lacert