A Ilha de Santa Catarina é um dos destinos mais procurados do país. As placas de sinalização, ou o mapa aberto na tela do celular, indicam as rotas que levam aos principais pontos turísticos e às praias da cidade, onde moradores e turistas disputam espaço.

Seguindo “reto toda a vida” pela tradicional avenida das Rendeiras, na Lagoa da Conceição, chega-se à praia da Joaquina, famosa pelo surfe. A rodovia SC-401 leva à chamada praia da Daniela, alternativa no Norte da Ilha para quem busca outros ares, além da badalada Jurerê Internacional.
Para além do trajeto, o nd+ buscou descortinar a história por traz dos nomes da Lagoa da Conceição e das praias da Daniela e Joaquina. A lei municipal nº 5847 de 4 de junho de 2001 criou a denominação oficial das praias da Capital catarinense.
Lagoa Grande 6p6zh
“Tua lagoa formosa, ternura de rosa, poema ao luar. Cristal onde a lua vaidosa, sestrosa, dengosa, vem se espelhar”. As belezas da Lagoa da Conceição são contadas na última estrofe de Rancho do Amor à Ilha, poesia escrita por Cláudio Alvim Barbosa, o Zininho, que se tornou hino de Florianópolis.
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A região que fica na porção Leste da Ilha atrai desde os manezinhos “raiz”, aos turistas e recém-chegados.
Abrigo de residências, feiras de artesanato e comércios, a localidade ou a se chamar Lagoa da Conceição após a construção da Igreja Nossa Senhora da Conceição, em 1751. Antes, era conhecia como Lagoa Grande, em função do tamanho.
Segundo o historiador Nereu do Vale Pereira, autor do livro “Descortinando as 100 Belas Praias de Florianópolis”, a colonização da região iniciou em 1748, com a chegada de imigrantes vindos da Ilha de São Jorge, no arquipélago dos Açores, em Portugal. Grande parte desses imigrantes se estabeleceu em Santo Antônio de Lisboa e na chamada Lagoa Grande.
“Com a criação da paróquia, a sede do povoado ou a ser o entorno da igreja. Os açorianos aram, então, a associar a lagoa com a paróquia Nossa Senhora da Conceição, padroeira da freguesia”, explica o historiador.

De acordo com o historiador Rodrigo Rosa, o “Nossa Senhora” teria sido excluído do nome com o advento da República, quando nomes de cidades, lugares e ruas que rendiam homenagens a santos e à corte foram “apagados”.
Campeche, Mar Grosso e Dunas 4y4b4u
Conforme a lei municipal nº 5847, a denominação “praia da Joaquina” aparece nos mapas somente após 1975. Até então a grafia mais comum era praia do Campeche, que fazia referência à união da orla das praias do Campeche e Joaquina em uma só.
A lei municipal diz que a divisão no nome das praias apoiou-se em usos populares, uma vez que não há acidente geográfico que as separe.
Do ano de 1941 até 1952, aproximadamente, era chamada de praia do Mar Grosso e considerada a praia mais perigosa de Florianópolis por conta dos frequentes afogamentos.
Recebia também a denominação de praia das Dunas, pois para chegar até o local, o único caminho existente era atravessando as dunas, onde fica hoje a avenida das Rendeiras.
Lendas urbanas rondam a “Joaquina” 64k13
Diversas lendas urbanas surgiram para justificar a popularização do uso de “Joaquina” como nome da praia. Consta na lei municipal que a denominação tem relação com o nome de uma senhora que possuía uma propriedade próxima à Ponta do Retiro, também chamada de Ponta das Garças.
Nereu do Vale Pereira comenta que há uma lenda sobre uma moradora da praia, chamada Joaquina, que teria se apaixonado por um pescador da região. Em uma das saídas do homem para pescar, Joaquina teria sonhado que ele a esperava no fundo do mar. A mulher teria, então, entrado na água e morrido afogada.

Outra história diz que o nome veio de Joaquina da Silveira, tia do ex-governador do Estado Luiz Henrique da Silveira. Ela seria descendente de açorianos e teria morado na praia durante o século 19.
Por sua vez, o historiador defende que a tal Joaquina que deu nome à praia, era uma moça virgem de cerca de 20 anos que pertencia à alta sociedade da cidade. No início da década de 1970, uma importante figura política teria tido relações sexuais consensuais com a jovem em um rancho construído próximo às pedras da praia.
A praia seria então chamada de “Joaquina” por ser o local onde a moça teria perdido a virgindade.
Praia do Pontal de Jurerê 6a1x32
Nem todos sabem, mas a praia da Daniela não se chama praia da Daniela. O nome oficial descrito na lei municipal é praia do Pontal de Jurerê ou simplesmente praia do Pontal. O local recebeu esse nome pela configuração geográfica.
A praia inicia em um conjunto de pedras naturais no final da praia do Forte e termina junto ao mar, no Extremo-Oeste do pontal que se dirige à Ilha do Raton Grande.

O pontal cresce de 3 a 4 metros por ano devido aos depósitos de areia trazidos pelas correntes marinhas das praias de Canasvieiras e da Ponta das Canas. As areias são bloqueadas pelas águas do rio Ratones e depositadas no pontal.
Conforme a lei municipal, a grafia encontrada, em alguns mapas é de Ratones, que seria o plural de raton, expressão castelhana. No entanto, ao se referir a uma só ilha, a grafia correta seria no singular, portanto, raton.
O Pontal era uma região pouco procurada, tanto por nativos, quanto por veranistas, até a década de 1960. Existiam, contudo, ranchos de pescadores que saíam em busca de siri, camarão e berbigão. Por ser área de mangue, acreditava-se que a região não oferecia condições de habitação.
Balneário Daniela 4t4u3z
Em março de 1972, a prefeitura de Florianópolis autorizou a construção na praia do Pontal de Jurerê sob a forma de loteamento, erguido pelo empresário João Prudência de Amorim.
A maior parte dos terrenos do projeto era coberta por mangue e pertencia à União, enquanto a segunda parcela era composta por terras sem proprietários.

O empreendimento ou a se chamar Balneário Daniela em homenagem à neta do empresário, nascida na época da venda dos primeiros lotes. O nome, no entanto, se tornou popular somente em mapas turísticas, pois a legislação vigente não permitia nominar logradouros públicos com nomes de pessoas vivas.
O loteamento atraiu olhares e a construção da SC-401 facilitou o o ao Norte da Ilha, o que permitiu o desenvolvimento de outros balneários na região.